O impacto da guerra na saúde mental dos (antigos) combatentes está amplamente descrito na literatura. Os estudos demonstram que estes possuem um risco significativamente mais elevado para o desenvolvimento de problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e perturbação de stresse pós-traumático (PSPT). Igualmente, no contexto português, os dados evidenciam que os veteranos da guerra colonial e os militares participantes em missões de paz internacional tendem a apresentar problemas psicológicos como transtorno de stress pós-traumático, depressão e ansiedade.
Os efeitos prejudiciais da guerra repercutem-se também em termos do funcionamento interpessoal destes combatentes, sobretudo ao nível familiar, estando reportadas implicações relativas à intimidade e comunicação, satisfação e estabilidade matrimonial, competências parentais, entre outras. Alguns estudos desenvolvidos junto das famílias destes militares apontam para a existência de traumatização secundária, i.e., a presença de sintomatologia e problemas de saúde mental nas mulheres e filhos, resultantes da interação continuada com os militares. Contudo, a literatura destaca a necessidade de realizar novas investigações sobre os mecanismos subjacentes a esta transmissão do trauma, com particular preponderância para a transmissão da traumatização para os filhos através da mãe. Este projeto – de metodologia mista – tem como objetivos examinar a associação entre a presença de PTSD nos combatentes de guerra/militares e a saúde mental das suas companheiras e dos seus descendentes (sintomatologia e existência de trauma secundário); avaliar os mecanismos subjacentes à transmissão do trauma, nomeadamente o papel da regulação emocional e das memórias relacionadas com as práticas parentais na infância; compreender, aprofundadamente, o impacto da PSPT na dinâmica familiar
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