Issue 1 | 1st January – 30th June 2020
Fascículo 1 | 1 de janeiro – 30 de junho 2020
XVI
VOLUME
UNIVERSIDADE AUTÓNOMA DE LISBOA
e-ISSN 2183-4806
FREE | GRATUITO
Issue 1 | 1st January – 30th June 2020
Fascículo 1 | 1 de janeiro – 30 de junho 2020
XVI
VOLUME
UNIVERSIDADE AUTÓNOMA DE LISBOA
e-ISSN 2183-4806
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PSIQUE | Volume XVI | Issue 1 | 1st January – 30th June 2020
Semiannual Publication. Scientic Journal of the Centre for Research in Psychology – CIP – from the Universidade
Autónoma de Lisboa – Luís de Camões.
PSIQUE is a scientic journal in Psychology published by the Centre for Psychology of the Universidade
Autónoma de Lisboa.
Since 2005, PSIQUE has been publishing original papers in the scientic eld of Psychology, in its
several elds of specialization, in open access and free of charge.
From 2018, it is a semi-annual journal publication from 1st January to 30th June and from 1st July to
31st December.
Aims and Scope
It is particularly aimed at psychology researchers, lecturers and students but also at general readers
who are interested in this eld of science.
Psique publishes advances in basic or applied psychological research of relevance for understanding
and improving the human condition in the world. Contributions from all elds of psychology addressing
new developments with innovative approaches are encouraged. Articles that (a) integrate perspectives
from dierent areas within psychology; (b) study the roles of physical, social and cultural domains in
human psychological processes; or (c) include psychological perspectives from dierent regions in the
world are particularly welcomed.
The journal publishes papers in Portuguese, Spanish, French and English.
Directory: Repositório Cientíco de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP).
Databases: Repositório Institucional da Universidade Autónoma de Lisboa (Camões).
Indexed by: Academic Search (EBSCO Publishers)
Fuente Academic (EBSCO Publishers).
PSIQUE | Volume XVI | Fascículo 1 | 1 de janeiro – 30 de junho 2020
Publicação semestral. Revista Cientíca do Centro de Investigação em Psicologia – CIP – da Universidade Autónoma
de Lisboa – Luís de Camões.
A Psique é uma revista cientíca em Psicologia, editada pelo Centro de Investigação em Psicologia da
Universidade Autónoma de Lisboa.
Desde 2005 publica artigos originais e comunicações na área cientíca da Psicologia, nos seus vários
domínios de especialização, de acesso livre e gratuito.
É um periódico semestral, a partir de 2018, com data de publicação de 1 de janeiro a 30 de junho e de
1 de julho a 31 de dezembro.
Âmbito e Objetivos
Dirige-se particularmente a investigadores, docentes e estudantes em Psicologia, mas também aos lei-
tores em geral que se interessem pelo conhecimento desta ciência.
A Psique publica avanços na investigação cientíca básica ou aplicada, em Psicologia, com relevância
para compreender e melhorar a condição humana no mundo. A Psique encoraja a submissão de con-
tribuições de todos os campos da Psicologia, produzindo novos desenvolvimentos cientícos, através
de abordagens inovadoras. Particularmente bem-vindos são os artigos que: (a) integram perspetivas de
diferentes áreas da Psicologia; (b) estudam o papel dos domínios físico, social e cultural nos processos
psicológicos humanos; ou (c) integram perspetivas psicológicas de diferentes regiões do mundo.
A revista aceita artigos em Português, Espanhol, Francês e Inglês.
Diretórios: Repositório Cientíco de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP).
Base de Dados: Repositório Institucional da Universidade Autónoma de Lisboa (Camões).
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DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XIV.1
e-ISSN: 2183-4806
Title tulo: Psique
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Este trabalho é nanciado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia – no âmbito do
projeto do CIP com a referência UIDB/04345/2020.
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TABLE OF CONTENTS ÍNDICE
Editorial
José Magalhães 7
Caracterização do Burnout em Prossionais deSaúdeemPortugal: Um Artigo de Revisão
Burnout characterization in health professionals in Portugal: a review article
Nuno Álvaro Caneca Murcho, José Eusébio Palma Pacheco 8
Versão portuguesa da Impact of Event Scale – Revised (IES-R)
Portuguese version of the Impact of Event Scale – Revised (IES-R)
Cristina Perestrelo Vieira, Rui Paixão, José Tomás da Silva, Henrique Testa Vicente 24
Expressões de Microagressões Dirigidas a Mulheres no Contexto do Sistema de Saúde:
UmaAbordagemBaseada em Incidentes Críticos
Expressions of Microaggressions Against Women in the Healthcare Context:
A Critical Incident Approach
Elena Piccinelli, Sara Martinho, Christin-Melanie Vauclair 44
Relação entre Iniciativa de Crescimento Pessoal e Sintomatologia Depressiva: Um estudo exploratório
Relationship between personal growth initiative and depressive symptomatology: an exploratory study
Aline Barros Brutti, Manuel Joaquim Loureiro, Henrique Pereira, Samuel Monteiro,
Rosa Marina Afonso, GraçaEsgalhado 65
Author Instructions
Instruções aos Autores 80
Reviewers instructions
Instruções aos Revisores 85
7
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVI • Issue Fascículo 1 • 1st january janeiro-30th june junho 2020
NOTA EDITORIAL
A presente edição da revista PSIQUE procurou manter e consolidar o rigor dos artigos publicados através
de uma sinergia sistemática entre editores e autores no sentido de corresponder por um lado, às expec-
tativas e necessidades dos leitores e, por outro, ao reforço da imagem e notoriedade da publicação. Esta
sinergia encontra-se traduzida nos temas ora publicados que abrangem áreas da Psicologia, pertinentes
e atuais, na Clínica, Saúde, Organizacional e Social. Assim, os artigos insertos, que integram algumas
destas áreas correspondem em termos de investigação ao estado global da Psicologia nas preocupações
da época atual.
De realçar que os artigos publicados foram avaliados, submetidos para revisão, analisados e ratificados
com base em critérios científicos tendo em linha de conta a multiplicidade dos temas, a sua interdiscipli-
naridade e o interesse psicológico transversal. Violência sobre mulheres em minorias sociais, a problema
do burnout nos profissionais da saúde, a adaptação para a população portuguesa de um instrumento para
avaliar os efeitos subjetivos do stresse e a relação entre o crescimento pessoal e a sintomatologia depres-
siva, são os enfoques dos artigos validados para esta edição.
A evidente imporncia dos temas e dos estudos empíricos dos artigos vão ao encontro dos principais
objetivos de uma publicação que pretende ser contributiva para os leitores interessados na abordagem
das ciências sociais sejam professores, investigadores ou alunos e procurando, igualmente, estimular a
investigação e a submissão de trabalhos.
Toda a equipa da PSIQUE, coordenação editorial, revisores e apoio, procura em cada edição através do
cumprimento dos prazos dos conteúdos e da aplicação escrupulosa dos critérios de validação justificar
os pressupostos do percurso para a indexação em que a revista se encontra.
Neste ano, particularmente severo e limitativo devido à pandemia da COVID-19, não é demais voltar a
sublinhar o empenho de toda a equipa com particular enfoque na coordenação e nos revisores que, com
elevada exigência e rigor, permitiram cumprir os prazos possíveis para dar realidade a mais um volume.
Foi necessário adaptar e ajustar procedimentos, na sua maioria em gestão remota, que se tornaram
exequíveis devido ao crer e querer dos envolvidos no papel crucial da revista no contexto académico
e no seu contributo para a Psicologia, enquanto ciência cada vez mais incontornável para o equilíbrio
individual, organizacional e social.
A toda a equipa da PSIQUE fica o elevado reconhecimento pelo cumprimento de mais esta edição.
Jo Magalhães
(Co-editor)
8
CARACTERIZAÇÃO DO BURNOUT EM PROFISSIONAIS
DESAÚDEEMPORTUGAL: UM ARTIGO DE REVISÃO
BURNOUT CHARACTERIZATION IN HEALTH PROFESSIONALS
IN PORTUGAL: A REVIEW ARTICLE
Nuno Álvaro Caneca Murcho1, José Eusébio Palma Pacheco2
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XVI • ISSUE FASCÍCULO 1
1ST JANUARY JANEIRO  30TH JUNE JUNHO 2020 PP. 823
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XVI.1.4
Submited on May, 2019
Submetido em maio, 2019
Resumo
O objetivo desta pesquisa é contribuir para um melhor conhecimento da síndrome de bur-
nout nos profissionais de saúde em Portugal. É um estudo de revisão sistemática, sem metanálise,
da literatura publicada entre 2015 a 2019 sobre a problemática do burnout nestes profissionais,
a partir da consulta dos estudos publicados neste âmbito, disponíveis nas bases de dados DOAJ,
SciELO e RCAAP, baseado nos princípios da metodologia PRISMA, utilizando os descritores
Burnout” e “Burnout Syndrome. Os critérios de inclusão foram: serem estudos primários de tipo
descritivo e quantitativo relativos a esta síndrome, medida através do Maslach Burnout Inventory
(MBI); realizados com profissionais de saúde em Portugal entre 2015 a 2019; e apresentarem as
prevalências para esta síndrome. Concluímos que, apesar de a maioria de estes profissionais não
apresentarem burnout, uma prevalência de 30% desta síndrome nos mesmos, que é preocu-
pante, sendo maior para a exaustão emocional e para a eficácia profissional reduzida, embora
estes resultados não possam ser generalizados porque as amostras foram de conveniência, o que
é uma limitação encontrada. Sugere-se assim, a realização de estudos alargados, com utilização
de amostragens probabilísticas, visando também outros aspetos relacionados com a saúde men-
tal ocupacional nestes profissionais, designadamente a ansiedade e a depressão.
Palavras-Chave: Burnout, Profissionais de Saúde, Revisão Sistemática Sem Metanálise, Portugal.
Abstract
The objective of this research is to contribute for a better knowledge of the burnout syn-
drome in health professionals in Portugal. It is a systematic review without meta-analysis, of
1 Núcleo de Formação Profissional, Administração Regional de Saúde do Algarve, IP, Faro, Portugal. E-mail: nunalvaro@net-
cabo.pt
2 Escola Superior de Saúde, Universidade do Algarve, Faro, Portugal. E-mail: jpacheco@ualg.pt
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Nuno Álvaro Caneca Murcho, José Eusébio Palma Pacheco
the literature published between 2015 and 2019, about the problematic of burnout in these pro-
fessionals, from the consultation of published studies in this area, available in the databases
DOAJ, SciELO e RCAAP, based on the principles of the PRISMA methodology, using the descrip-
tors “Burnout” e “Burnout Syndrome. The inclusion criteria were: to be primary studies of a
descriptive and quantitative type related to this syndrome, measured through the Maslach Burn-
out Inventory (MBI); conducted with health professionals in Portugal between 2015 to 2019; and
which present the prevalences for burnout. We conclude that, although most of these profession-
als do not present burnout, there is a prevalence of 30% of this syndrome in the same profession-
als, which is worrying, being higher to the emotional exhaustion and to the reduced personal
efficacy, however these results cannot be generalized because convenience samples were used,
which is a limitation found. We propose the realization of extended studies, using probabilistic
sampling, also aiming other aspects related to occupational mental health of these professionals,
namely anxiety and depression.
Keywords: Burnout, Health Professionals, Systematic Review Without Meta-Analysis, Portugal.
A incidência da ndrome de burnout e o seu reconhecimento têm vindo a aumentar subs-
tancialmente nos últimos anos, como uma das consequências mais significativas do stresse labo-
ral, de acordo com os resultados de diversos estudos realizados em muitos países (International
Labour Organization [ILO], 2016).
Na verdade, esta síndrome tornou-se epidémica e transversal no mundo laboral, entre outras
razões pela perda do valor intrínseco do trabalho, a globalização da economia, a tecnologia, a
redistribuição do poder e da diminuição da responsabilidade social, e ao nível dos trabalhadores,
pelos sentimentos de sobrecarga, perda de controlo, de recompensa desadequada pelo trabalho
feito, de colapso da comunidade, de tratamento injusto e da existência de valores conflituantes
(ILO, 2016; Maslach, & Leiter, 1997).
O que levou a que, se inicialmente a maioria estudos incidiam em trabalhadores de servi-
ços humanos, nomeadamente nas profises assistenciais, como os profissionais de saúde, ou
professores, mais tarde vieram a abranger outro tipo de profissionais, como biblioterios, polí-
cias, militares, administradores, estudantes, informáticos, religiosos, entre outros (Maslach et al.,
2001; Treviño-Reyes et al., 2019). Deste modo, podemos dizer que desde que surgiu até aos nossos
dias, este conceito foi evoluindo, quer no que concerne às populações estudadas, como aos pró-
prios modelos explicativos deste construto (Treviño-Reyes et al., 2019).
Assim, e embora seja usual a literatura mencionar que foi Freudenberg em 1974, quem primeiro
descreveu esta síndrome, como sendo um estado de fadiga ou frustração surgido pela devoção a
uma causa, por uma forma de vida ou por uma relação que fracassou no que respeita à recompensa
esperada (Marôco et al., 2016; Maslach et al., 2001; Silva & Neto, 2018; Silva et al., 2016), contudo, há
referências de que já antes, em 1969, Bradley se tenha referido ao burnout, ao descrever as alterações
de atitudes e comportamentos de fadiga e desmotivação em polícias (Treviño-Reyes et al., 2019).
Fazendo uma breve resenha dos modelos explicativos deste constructo, podemos dizer que
genericamente, estes se podem classificar em modelos compreensivos, que englobam os mode-
los elaborados a partir da teorias sociocognitivas do Eu, de intercâmbio social e organizacional,
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Caracterização do Burnout em Profissionais deSaúdeemPortugal: Um Artigo de Revisão
e em modelos de processo, que englobam o modelo tridimensional do Inventário de Burnout de
Maslach (Maslach Burnout Inventory [MBI]), o modelo de Edelwich e Brodsky, o modelo de Price e
Murphy e o modelo de Gil Monte (Treviño-Reyes et al. 2019).
De qualquer forma, considerando que o modelo explicativo mais utilizado é o de Maslach e
Jackson (Maco et al., 2016), nomeadamente para explicar esta síndrome nos serviços humanos,
como é o caso dos serviços de saúde (Treviño-Reyes et al. 2019), e uma vez que a população alvo
deste estudo é constituída por profissionais de saúde, então será este o modelo que utilizaremos.
Este conceito foi aprofundado e desenvolvido por Maslach e colaboradores em 1984, definin-
do-o como umandrome multifatorial que surge nos trabalhadores, resultante do stresse ocupa-
cional crónico e prolongado, afetando principalmente aqueles profissionais que entram nas suas
carreiras com índices elevados de motivação, de envolvimento pessoal e de ideais, e que poste-
riormente se sentem frustrados por não conseguirem alcançar os objetivos que se haviam (ideal-
mente) traçado, sendo que é mais caraterística em indivíduos com profises onde existe intera-
ção/ajuda com ou tras pessoas (Maslach et al., 1996; Maslash & Leiter, 1997; Maslach et al., 2001).
Para estes autores, o burnout é constituído por três dimensões que são a exaustão emocional
(EE), que é dimensão central do burnout, refletindo a sua componente de stresse, a despersona-
lização ou cinismo (Cn), que se manifesta pelo distanciamento emocional para com os outros, o
qual surge como uma reação imediata à EE, e a reduzida realização pessoal ou eficácia profissio-
nal reduzida (EPR), (Maslach et al., 1996; Maslash & Leiter, 1997; Maslach et al., 2001).
A partir deste modelo, desenvolveram um instrumento de avaliação do burnout, anterior-
mente mencionado, que é o MBI, o qual foi originariamente desenhado para medir esta síndrome
nos profissionais de serviços humanos, passando mais tarde este instrumento a ser designado
como MBI – HSS (Human Services Survey, ou Avaliação de Serviços Humanos), e que rapidamente
se popularizou internacionalmente, sendo ainda hoje o instrumento de eleição utilizado no
diagnóstico deste problema nos profissionais destes servos, embora posteriormente Maslach
e colaboradores tenham desenvolvido outras duas versões, uma destinada a avaliar o burnout
em profissões de ensino e outra destinada a avaliar o burnout noutras profissões que não as que
trabalham em serviços humanos ou de ensino, que se designam respetivamente como MBI ES
(Educators Survey, ou Avaliação de Educadores) e MBI GS (General Survey, ou Avaliação Geral)
(Marôco et al., 2016, Maslach et al., 1996).
Na leitura dos resultados do MBI – HSS, considera-se que existe burnout quando os scores são
elevados para a EE e para o Cn e baixos para a EPR (Maslach et al., 1996).
A síndrome de burnout pode ocorrer quando uma desconexão entre a organização e o
indivíduo relacionada com algumas áreas principais da vida laboral, como os valores, justiça,
comunidade, recompensa, controlo e carga de trabalho, sendo frequentemente o resultado de
alguns fatores psicossociais como uma carga de trabalho elevada ou descontrolada (exigências
quantitativas e emocionais), ambiguidade de papéis, alterações organizacionais, baixa satisfa-
ção laboral e de realização pessoal, desequilíbrio entre a vida pessoal e profissional, relações
pessoais pobres, baixo suporte no trabalho e violência no local de trabalho, incluindo o assédio
(Faria et al., 2019; ILO, 2016; Marôco et al., 2016).
Estandrome pode levar, se não for devidamente intervencionada, ao surgimento de alguns
sintomas como cefaleias, insónia, desordens do sono e do apetite, cansaço e irritabilidade, insta-
bilidade emocional e rigidez nas relações sociais, e em alguns casos, também está associada com
o consumo de substâncias psicotrópicas e alcoolismo, bem como à hipertensão arterial e enfarte
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Nuno Álvaro Caneca Murcho, José Eusébio Palma Pacheco
do miordio, e em casos mais graves ao suicídio, para além de se traduzir em termos organiza-
cionais, em baixa produtividade, absentismo e presenteísmo, erros e conflitos no trabalho (Faria
et al., 2019; ILO, 2016; Marôco et al., 2016).
Alguma da literatura consultada, menciona a associação de fatores sociodemográficos com
o burnout designadamente, o estado civil, as habilitões literárias a idade e o sexo, sendo men-
cionado que os indivíduos solteiros, com um maior grau de habilitações literárias e académicas,
mais jovens ou de sexo feminino, apresentam níveis mais elevados de burnout, e que os indi-
víduos de sexo feminino manifestam uma maior vulnerabilidade à EE e os indivíduos de sexo
masculino ao Cn (ILO, 2016; Marôco et al., 2016; Martins, 2017; Silva et al., 2015).
De referirmos ainda a este respeito, que a maior vulnerabilidade no sexo feminino à EE e no
sexo masculino ao Cn, pode estar relacionada com o facto de as mulheres responderem de forma
mais emotiva a situações de stresse laboral (Martins, 2017), e também de serem mais afetadas
pelos fatores psicossociais relacionados com o trabalho, como o duplo papel que desempenham
em casa e no trabalho ou os papéis de género e as influências das expetativas sociais (ILO, 2016),
em associação com fatores culturais, como a socialização e os estereótipos de papel de género,
levando a que os homens tenham uma maior tendência a reprimir os conflitos internos e a mani-
festação de sentimentos e emoções, e a apresentar estragias de gestão de coping mais focadas
no problema e na evitação, bem como na relação entre género e ocupação (e.g., profissões mas-
culinas e profissões femininas) (Houkes et al., 2011; Maslach et al., 2001).
Por outro lado, a maior vulnerabilidade dos indivíduos com maior grau de habilitações e mais
jovens, pode estar relacionada com os níveis e capacidade para gerir expetativas profissionais, as
quais são mais elevadas nos indivíduos com maior habilitação, os quais também eventualmente
poderão ter mais responsabilidades e níveis de stresse mais elevados, e mais jovens (ILO, 2016;
Martins, 2017; Maslach et al., 2001).
Considerado como um problema epidémico, esta síndrome apresenta uma maior prevalência
em alguns grupos profissionais, como os profissionais de saúde, e tem sido apontado como uma
das situações de doença profissional da área da saúde mental mais relevante nestes profissionais,
entre outros aspetos, devido ao contacto quotidiano com pessoas debilitadas/doentes, terem que
lidar com relações interpessoais tensas e hierárquicas nas instituões de saúde, e pela estrutura
do horário de trabalho (turnos com trabalho noturno) que podem contribuir para a sua sobre-
carga física, cognitiva e emocional, destacando-se a particular vulnera bilidade de enfermeiros e
médicos ao desenvolvimento de burnout (Marôco et al., 2016).
A este respeito ainda, de mencionarmos que a literatura tem apresentado prevalências para
o burnout global muito variadas, que no caso dos profissionais de saúde, nos estudos de base
amostral alargada mais recentes, se situa em valores que variam entre 4.1% a 47.8%, em Portugal
(Marôco et al., 2016; Reis, 2019) e 12% a 70% na Europa ((Reis, 2019; Sousa-Ferreira et al., 2017),
oque dificulta a comparação das diferentes prevalências, podendo ter relação com as diferenças
nos tamanhos nas amostras bem como das metodologia adotadas (Houkes et al., 2011).
O crescente interesse da comunidade científica sobre o burnout, tem levado à discussão
sobre a sua inclusão como doença nos sistemas de classificação nosológica internacionais como
a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) da
Organização Mundial de Saúde (OMS) ou o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações
Mentais (DSM) da Associação Americana de Psiquiatria (APA), embora a este respeito não tenha
havido ainda consenso, uma vez que para alguns autores esta síndrome é entendida como um
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Caracterização do Burnout em Profissionais deSaúdeemPortugal: Um Artigo de Revisão
fenómeno contínuo, que resulta de uma forma de angústia crónica que es relacionada com um
ambiente de trabalho altamente stressante, enquanto que para outros, é entendida de uma forma
dicomica, traduzindo-se numa condição médica (Martins, 2017).
De qualquer forma, a CID, na sua 11.ª versão, contempla esta síndrome, referindo que a
mesma é um fenómeno espefico exclusivamente do contexto ocupacional e não de outras áreas
da vida (OMS, 2019).
Deste modo, quisemos então saber qual a dimensão da problemática do burnout nos estudos
disponíveis realizados com esta população, entre outros, pelos seguintes motivos: pelo impacto
mediático, e mesmo político e social, que nos parece que a problemática do burnout tem, seja a
nível internacional como nacional, designadamente no que respeita aos seus efeitos e consequên-
cias para profissionais e organizações de saúde; pelo facto de constatarmos que existem inúmeros
estudos realizados sobre esta ndrome nestes profissionais, com amostras distintas, e mesmo dife-
rentes métodos e indicadores, não permitindo uma fácil caraterização global da prevalência deste
fenómeno nos profissionais de saúde a exercerem no sistema de saúde português; e por termos a
perceção, que poderão haver outros fatores que possam interferir nestes efeitos e consequências.
Nesse sentido, elaboramos esta revisão sistemática sem metanálise, a partir da revisão da
literatura publicada nos últimos cinco anos (entre 2015 e a 2019), disponível em bases de dados
de acesso livre, com o objetivo de procurar contribuir para um melhor conhecimento sobre o
burnout nos profissionais de saúde em Portugal.
Método
Para este estudo atendemos genericamente aos princípios da metodologia PRISMA (Prefer-
red Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses ou Principais Itens a Relatar para
Revisões Sistemáticas e Metanálises), os quais estabelecem que o processo de revisão deve ser
documentado de forma transparente em todas as partes, reproduzível e relatado claramente na
publicação final, assentando num conjuntonimo de itens baseados em evidências para relatar
em revisões sistemáticas e metanálises (Donato & Donato, 2019).
Para a pesquisa das referências bibliogficas a serem incluídas neste estudo, foram consulta-
das as seguintes bases de dados de acesso livre: Directory of Open Access Journals (DOAJ, https://
doaj.org/), Scientific Electronic Library Online (SciELO, https://scielo.org/) e Repositório Científico
de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP, http://projeto.rcaap.pt/).
A pesquisa foi feita a partir dos descritores “Burnout” e “Burnout Syndrome, o primeiro dos
quais, tem o mesmo significado em língua portuguesa e inglesa, tendo-se também utilizado como
restritor para o período de realização destes estudos, os últimos cinco anos, que corresponde ao
período compreendido entre 2015 e 2019.
Os critérios de inclusão e de exclusão que definimos foram os seguintes:
Critérios de inclusão estudos efetuados com profissionais de saúde em Portugal relativos
à síndrome de burnout, que tenham sido realizados no período compreendido entre 2015
e 2019 (cinco anos), que sejam estudos primários de tipo descritivo e quantitativo, que uti-
lizem como instrumento de medida o MBI e que apresentem a prevalência para esta sín-
drome nas amostras estudadas;
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Critérios de exclusão o serem revisões de literatura ou estudos qualitativos, estudos
que não apresentem o indicador considerado, terem sido realizados fora deste período de
tempo, não serem realizados com profissionais de saúde em Portugal, serem realizados
com os mesmos grupos profissionais nos mesmos locais e nos mesmo períodos ou também
abrangerem os mesmos grupos profissionais e mesmo locais e períodos (para evitar repeti-
ção ou sobreposição das amostras), e que não sejam somente resumos (abstracts).
A partir dos critérios estabelecidos para a revisão bibliográfica, foram identificadas 767 refe-
rências (ou estudos), de acordo com os descritores definidos, das quais, se selecionaram 50 refe-
ncias para análise, que cumpriam os critérios de inclusão.
A partir das 50 referências selecionadas para alise, foram removidas 36, consideradas não
elegíveis, pela aplicão dos critérios de exclusão, nomeadamente os seguintes: serem estudos
qualitativos, terem sido realizados pelos mesmos autores com amostras dos mesmos locais nas
mesmas datas e não apresentarem as prevalências.
Assim foram apuradas para inclusão neste estudo 14 refencias (oito artigos, quatro dis-
sertações de mestrado, um projeto final de licenciatura e um poster em encontro científico), que
representam 1.83% do total das referências pesquisadas.
Todas estas referências são estudos primários, com um desenho metodológico de tipo quan-
titativo, transversal, descritivo e o procedimento de colheita de dados adotado foi pela aplicação
de um questionário autoadministrado em que uma das escalas aplicadas foi o MBI. Destas refe-
ncias, quatro são em inglês e as restantes em português.
De referir ainda, que nas fases de identificação e seleção, a pesquisa e seleção inicial das
referências a incluir neste estudo, foi feita pelos seus autores, e que as fases de elegibilidade e
inclusão das referências a serem analisadas, foram efetuadas por um painel independente de
dois jurados.
Para uma melhor compreensão desta metodologia, apresentamos seguidamente o fluxo-
grama da seleção das referências a estudar (vd. Figura 1).
Resultados
Conforme podemos observar na Tabela 1, a maioria dos estudos foi realizada com profissio-
nais dos Cuidados Primários de Saúde (CSP) ou incluíram profissionais desta área (n = 8 estudos),
e os grupos socioprofissionais estudados foram dicos, enfermeiros, fisioterapeutas, cnicos
de radiologia, assistentes técnicos (AT) e assistentes operacionais (AO), incidindo a maioria dos
estudos em médicos e enfermeiros (n = 8, para ambos, num total de 12 estudos em que estes estes
profissionais foram estudados). Os restantes grupos registam um estudo para cada, num total de
quatro estudos onde estes profissionais são participantes.
Em relação à dimensão das amostras, a média (M) é de 229.21 profissionais de saúde, com
um desvio-padrão (DP) de 151.76 profissionais, variando entre 23 (Silva, 2019) e 585 profissionais
(Pereira, Teixeira, Carvalho, & Herndez-Marrero, 2016), sendo de referir que todos os métodos
de amostragem destes estudos foram não probabilisticos por conveniência.
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Caracterização do Burnout em Profissionais deSaúdeemPortugal: Um Artigo de Revisão
FIGURA1
Fluxograma de seleção das referências a estudar
Nota. As bases de dados utilizadas foram a DOAJ (Directory of Open Access Journals: https://doaj.org/), a Scielo (Scientific Electronic Library Online:
https://scielo.org/ ) e a RCAAP (Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal: http://projeto.rcaap.pt/).
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No que respeita à idade média dos participantes, para os estudos que apresentam esta var-
vel (n = 12 estudos), a média é de M = 35.49 anos (DP = 5.31 anos), variando entre 28.4 anos (Joa-
quim et al., 2018) e 49 anos (Mata et al., 2016).
No que concerne ao sexo, a maioria dos participantes são de sexo feminino, em todos os estu-
dos (n = 14), sendo a média das percentagens de M = 74.23% (DP = 5.64%), variando entre 64.1%
(Reis, 2019) e 82.3% (Esteves, 2016).
De mencionarmos, relativamente aos grupos profissionais estudados, que estes resultados
estão de acordo com o perfil socioprofissional dos profissionais de saúde que trabalham no Ser-
viço Nacional de Saúde (SNS) português, uma vez que, de acordo com os dados oficiais, os grupos
profissionais de maior dimensão são os enfermeiros (33%) e os médicos (22%), representando 55%
do total dos profissionais do SNS, 65% dos trabalhadores apresentam idade inferior a 50 anos,
com uma média global das idades dos trabalhadores de 44 anos, variando as idades médias entre
os 30 e os 50 anos, dos quais quase 77% são do sexo feminino, sendo a taxa de feminização nos
grupos de maior dimensão, de 61% para médicos e de 84% para enfermeiros (Autoridade Central
do Sistema de Saúde, IP [ACSS], 2018).
TABELA1
Distribuição dos Estudos pelo Grupo Profissional Estudado, Dimensão da Amostra (n) e Sexo (%)
Estudos Grupo Prossional Estudado
(Área de Cuidados)
nMédia da
Idade
(em anos)
Sexo (%)
Masc. Fem.
Esteves (2016) Enfermeiros e médicos (CSP) 96 45.48
(DP = 9.45)
17.7 82.3
Mata et al. (2016) AT, enfermeiros e médicos (CSP) 261 49
(DP = 19)
18.4 81.6
Nogueira (2016) Enfermeiros (CH) 37 39 27 73
Pereira et al. (2016) Enfermeiros e médicos (CH) 585 31 69
Queirós et al. (2016) Enfermeiros (CSP e CH) 347 34.49
(DP = 8.42)
28 72
Silva et al. (2016) Enfermeiros (CH) 200 33.8
(DP = 7.6)
30 70
Guerra (2017) Técnicos radiologistas (CSP e CH) 103 30.2
(DP = 5.9)
14.7 85.3
Mendes et al. (2017) Médicos de MGF (CSP) 227 29.04
(DP = 4.9)
28.1 71.9
Pereira (2017) AO, enfermeiros e médicos (CH) 225 31.97 19.6 80.4
Quintas et al. (2017) Enfermeiros (CH) 301 37.06
(DP = 6.98)
19 81
Santos et al. (2017) Médicos internos de MGF (CSP) 327 28.7 19.3 80.7
Joaquim et al. (2018) Médicos internos (hematologia,
oncologia e radioterapia) (CH)
118 28.4
(DP = 2.2)
26.3 73.7
Reis (2019) Médicos de MGF (CSP) 359 35.9 64.1
Silva (2019) Fisioterapeutas (CSP e CH) 23 33.4
(DP = 8)
30.43 69.57
M229.2 35.5 25.8 74.2
DP 151.8 5.3 5.6 5.6
Nota. AT – Assistentes Técnicos; AO – Assistentes Operacionais; CH – Cuidados Hospitalares; CSP – Cuidados Primários de Saúde; MGF – Medicina
Geral e Familiar.
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Caracterização do Burnout em Profissionais deSaúdeemPortugal: Um Artigo de Revisão
No que respeita aos níveis de burnout, os estudos que mencionam a existência ou não de bur-
nout nos participantes, definem os seus valores da seguinte forma: sem burnout ou com burnout
reduzido, para scores médios inferiores a dois; com burnout para scores médios superiores a dois
(Joaquim et al., 2018; Mata et al., 2016; Mendes et al., 2017; Pereira et al.,2016; Quintas et al., 2017;
Reis, 2019; Santos et al., 2017; Silva et al., 2016; Silva; 2019).
Para as dimensões desta síndrome, os estudos que mencionam os níveis baixo, médio e ele-
vado para as diferentes dimensões do burnout, definem os seus valores da seguinte forma: EE
nível elevado, quando os valores são superiores a 27 pontos, nível médio, quando os valores
se situam entre 19 a 26 pontos, e nível baixo, quando o valor é inferior a 19 pontos; Cn nível
elevado, quando os valores são iguais ou superiores a 10 pontos, nível médio quando os valores
se situam entre 6 a 9 pontos, e nível baixo, quando os valores são inferiores a 6 pontos; eficácia
profissional (EP) nível elevado, quando os valores são iguais ou menores a 33 pontos, nível
médio quando os valores se situam entre 34 a 39 pontos, e nível baixo (ou EPR), quando os valores
o iguais ou superiores a 40 (Guerra, 2017; Mata et al., 2016; Mendes et al., 2017; Nogueira, 2016;
Pereira, 2017; Queirós et al., 2016; Reis, 2019; Santos et al., 2017; Silva, 2019).
Relativamente à prevalência de burnout, para os estudos que apresentam esta variável (nove
estudos), conforme podemos verificar na Tabela 2, a média das prevalências mais elevada é
para os profissionais que não apresentam burnout (M = 69.9%, DP = 12.3%), variando entre 53.1%
TABELA2
Distribuição dos Estudos pela Prevalência do Burnout nos Participantes (%), relativamente à sua Existência
(Com e Sem Burnout) e aos níveis (Elevado, Médio e Baixo) nas suas Dimensões (EE, Cn e EP)
Estudos Burnout (%)
CB SB EE Cn EP
Bxa. Mda. Elv. Bxa. Mda. Elv. Bxa. Mda. Elv.
Esteves (2016) 41.7 29.2 29.2 80.2 12.5 7.3 14.6 39.6 45.8
Mata et al. (2016) 5.7 94.3 41 28.4 22.6
Nogueira (2016) 10.8 35.1 54.1 35.1 37.8 35.1 13.5 27.0 54.1
Pereira et al. (2016) 27 73
Queirós et al. (2016) 33 26 41 81 12 7 1 5 94
Silva et al. (2016) 30 70
Guerra (2017) 38.7 32.3 29 48.9 36.2 14.9 29.3 38 32.6
Mendes et al. (2017) 29.8 70.2 20.2 50 29.8 56.6 25.8 17.7 43.3 30.3 26.3
Pereira (2017) 37.8 17.3 44.9 52.9 17.8 29.3 33.3 31.1 35.6
Quintas et al. (2017) 38.5 61.5
Santos et al. (2017) 46.9 53.1 38.1 45.2 26.5
Joaquim et al. (2018) 45.2 54.8
Reis (2019) 17 83 11.4 22.6 66 35.9 18.4 45.7 48.2 23.4 28.4
Silva (2019) 30.4 69.6 4.3 13 82.6 4.3 60.9 34.8 100
M30.1 69.9 24.7 28.2 43.1 49.4 26.5 24.8 37.3 31.4 34.4
DP 12.3 12.3 14.8 11.5 17.9 25.2 17.6 14.2 28 5.7 10.4
Nota. CB – Com Burnout; SB – Sem Burnout; EE – Exaustão Emocional; Cn –Cinismo; EP – Eficácia Profissional; Bxa. – Baixa; Mda. – Média; Elv. – Elevada.
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(Santos et al., 2017) e 94.3% (Mata et al., 2016), enquanto que para os participantes que apresentam
burnout, a média das prevalências é de M = 30.1% (DP = 12.3%), variando entre 5.7% de partici-
pantes com burnout (Mata et al., 2016) e 46.9% de participantes (Santos et al., 2017).
No que respeita aos níveis de burnout, para a prevalência de Exaustão Emocional (EE), nos
estudos que analisam esta variável (n = 10 estudos), a média mais elevada é para os participantes
que apresentam um elevado nível de EE (M = 43.1% de participantes, DP = 17.9%), variando entre
29% de participantes com elevado nível de EE (Guerra, 2017) e 82.6% (Silva, 2019).
Para a prevalência de Cn, nos estudos que analisam esta variável (n = 11 estudos), a média
mais elevada é para os participantes que apresentam um baixo nível de Cn (M = 49.4% de parti-
cipantes, DP = 25.2%), variando entre 4.3% de participantes com baixo nível de Cn (Silva, 2019) e
81% (Queirós et al., 2016).
Para a prevalência da EP, nos estudos que analisam esta variável (10 estudos), a média mais
elevada é para os participantes que apresentam EPR (M = 37.3% de participantes, DP = 28%),
variando entre 1% de participantes com EPR (Queirós et al., 2016) e 100% (Silva, 2019).
No que concerne à distribuição da prevalência do burnout total (participantes que apresen-
tam burnout) relativamente à idade, de acordo com a Tabela 3, somente um estudo apresenta este
resultado (Reis, 2019), que é maior no grupo etário dos participantes com idade igual ou inferior
a 45 anos (22,5%).
Para a distribuição das prevalências das dimensões do burnout (EE, Cn e EPR) relativamente
à idade, nos dois estudos que apresentam este resultado (Mata et al., 2016 e Reis, 2019), também
podemos observar que as maiores prevalências se situam neste grupo etário para a elevada EE
(variando entre 42.6% no estudo de Mata et al., 2016, e 68.1%, no estudo de Reis, 2019), e para a
EPR (variando entre 27.8% no estudo de Mata et al., 2016, e 32.6%, no estudo de Reis, 2019) nestes
dois estudos, enquanto que para o elevado Cn, é maior somente num dos estudos considerados
(52.9% no estudo de Reis, 2019).
TABELA3
Distribuição dos Estudos pelas Prevalências (%) do Burnout Total e das Dimensões do Burnout (EE, Cn e EPR)
relativamente à Idade dos Participantes
Estudos Idade Burnout (%)
Total Elv. EE Elv. Cn EPR
Mata et al. (2016) ≤ 45 anos 42.6 20.9 27.8
> 45 anos 39.7 34.2 18.5
Reis (2019) ≤ 45 anos 22.5 68.1 52.9 32.6
> 45 anos 13.4 64.1 39.7 25.6
Nota. EE – Exaustão Emocional; Cn – Cinismo; EPR – Eficácia Profissional Reduzida; Elv. – Elevada; ≤ – igual ou inferior; > – superior.
Em relação à distribuição da prevalência do burnout total relativamente ao sexo, conforme
verificamos na Tabela 4, somente um estudo apresenta este resultado (Reis, 2019), que é mais ele-
vado nos participantes de sexo feminino (17.6%).
Para a distribuição das prevalências das dimensões do burnout (EE, Cn e EPR) relativamente
ao sexo, nos três estudos que apresentam este resultado (Mata et al., 2016; Mendes et al., 2017;
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Reis, 2019), observamos que a prevalência da elevada EE é maior para o sexo feminino em dois
dos estudos (variando entre 30.8% no estudo de Mendes et al., 2017, e 67.8%, no estudo de Reis,
2019), o elevado Cn é maior no sexo masculino no três estudos (variando entre 33.3% no estudo
de Mendes et al., 2017, e 53.5%, no estudo de Reis, 2019) e a EPR é maior para o sexo feminino em
dois dos estudos (variando entre 30% no estudo de Reis, 2019, e 45.5%, no estudo de Mendes et
al., 2017).
TABELA4
Distribuição dos Estudos pelas Prevalências (%) do Burnout Total e das Dimensões do Burnout (EE, DP e EPR)
relativamente ao Sexo dos Participantes
Estudos Sexo Burnout (%)
Total Elv. EE Elv. Cn EPR
Mata et al. (2016) Masculino 46.8 34 26.8
Femenino 39.4 27.2 23
Mendes et al. (2017) Masculino 27.3 33.3 40
Feminino 30.8 12.7 45.5
Reis (2019) Masculino 16.5 62.2 53.5 21.3
Feminino 17.6 67.8 41.9 30
Nota. EE – Exaustão Emocional; Cn – Cinismo; RP – Realizão Profissional; Bxa. – Baixa; Mda. – Média; Elv. – Elevada.
Discussão
Relativamente ao total de referências pesquisadas para esta revisão (n = 767) foi possível
incluir na mesma 1.83% destes estudos, tendo em conta os critérios de inclusão e exclusão defi-
nidos, nomeadamente serem realizados com os mesmos grupos profissionais nos mesmos locais
e nos mesmo períodos ou também abrangerem os mesmos grupos profissionais e mesmo locais
e períodos, o que pode denotar que nos últimos cinco anos (entre 2015 e 2019), que foi o período
considerado, pode ter havido alguma repetição dos mesmos participantes nos estudos relativos
ao burnout efetuados com profissionais de saúde
Por outro lado, todos os estudos incluídos nesta pesquisa (n = 14) utilizam o método de amos-
tragem por conveniência (aliás, a maioria das referências consultadas utilizam esta metodologia),
o que até é compreensível, atendendo à dificuldade técnica e os custos associados na utilização
de métodos de amostragem probabilísticos, para além da reduzida dimensão destas amostras,
com uma dimensão média de 229.21 participantes (DP = 151.76), variando entre 23 (Silva, 2019) e
585 profissionais (Pereira et al., 2016).
Contudo, esta situação também tem algumas limitações, designadamente o facto de não se
dever generalizar os resultados dos resultados dos mesmos para as populações estudadas, que
neste caso são os profissionais de saúde.
Por outro lado, a possibilidade de haver repetição de participantes em diferentes estudos
sobre o burnout, conforme anteriormente mencionado, poderá ser suscetível de introduzir um
fator de distorção na real perceção da dimensão desta problemática nestes profissionais, pelo
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que, estes resultados deverão ser analisados cautelosamente, uma vez que podem induzir a vie-
ses interpretativos, pelos motivos expostos.
O facto de a maioria dos estudos incidir em médicos e enfermeiros (n = 8, para ambos, num
total de 12 estudos em que estes dois grupos foram estudados), está de acordo não com a
dimensão destes mesmos grupos profissionais no seio das profissões da saúde no SNS, na qual
representam 55% do total dos profissionais (ACSS, 2018), embora outros fatores como a sua repre-
sentatividade social e influência sociopolítica dos seus organismos de regulação profissional e de
representação dos trabalhadores, eventualmente possa levar a que haja uma maior preocupação
na realização de estudos sobre estes grupos.
De referir ainda que a maioria dos estudos foi realizada com profissionais dos CSP ou incluí-
ram profissionais desta área (n = 8 estudos).
Relativamente à caracterizão sociodemográfica dos participantes dos estudos incluídos
nesta pesquisa, para as variáveis consideradas, que são a idade e o sexo, verificamos que a média
de idades é de 35.49 anos (DP = 5.31 anos), variando entre 28.4 anos (Joaquim et al., 2018) e 49
anos (Mata et al., 2016) e que em todos os estudos (n = 14) a maioria dos participantes são de sexo
feminino, sendo a média das percentagens de M = 74.23% (DP = 5.64%), variando entre 64.1%
(Reis, 2019) e 82.3% (Esteves, 2016), o que está de acordo com o perfil sociodemográfico dos pro-
fissionais de saúde que trabalham no SNS português (ACSS, 2018).
Relativamente à caraterização das prevalências do burnout, em relação à sua exisncia e às
suas dimensões, verificamos que a média das prevalências dos participantes com burnout é de M
= 30.1% (DP = 12.3%) variando entre 5.7% de participantes com burnout (Mata et al., 2016) e 46.9%
de participantes (Santos et al., 2017), e embora esta média seja muito maior para os participantes
que não apresentam burnout (M = 69.9%, DP = 12.3%), ou seja, a grande maioria dos participantes
dos estudos que consideram esta variável (nove em 14 estudos) não apresenta burnout, contudo
o valor da média das prevalências dos participantes que apresentam burnout, não deixa de ser
preocupante, o que de qualquer forma está de acordo com os resultados apresentados em estudos
de base amostral mais alargada mais recentes que estudaram esta síndrome nestes profissionais
(Marôco et al., 2016; Reis, 2019; Sousa-Ferreira et al., 2017).
Contudo, e tal como constatamos na literatura, também aqui há uma grande variação entre
os valores das prevalências apresentadas, que poderá estar relacionada com os tamanhos das
amostras, que são reduzidas, e com a sua grande varião, como mencionamos anteriormente,
bem como com as metodologias adotadas, o que dificulta por um lado a comparação entre as
diferentes prevalências, bem como a generalização dos seus resultados (Houkes et al., 2011).
No que concerne às médias das prevalências das dimensões do burnout, estas são maiores
para a EE elevada (M = 43.1%, DP = 17.9%), para o Cn baixo (M = 49.4%, DP = 25.2%) e para a EPR (M
= 37.3%, DP = 28%), o que, no caso da EE e do Cn, pode estar relacionado com o facto da maioria
dos participantes ser de sexo feminino, uma vez que estas dimensões têm relação com o género,
sendo a EE mais prevalente em mulheres e o Cn em homens (Houkes et al., 2011; ILO, 2016; Mar-
tins, 2017; Maslach et al., 2001; Silva et al., 2015).
Finalmente, ao analisarmos a distribuição da prevalência do burnout total relativamente à
idade e ao sexo, apesar de somente um estudo apresentar este indicador (Reis, 2019), verifica-
mos que a maior prevalência se situa nos participantes que têm idade igual ou inferior a 45 anos
(22.5%), e que são de sexo feminino (17.6%), enquanto no que concerne à distribuição das preva-
ncias nas dimensões do burnout em relação a estas duas variáveis, verificamos que as maiores
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Caracterização do Burnout em Profissionais deSaúdeemPortugal: Um Artigo de Revisão
prevalências para a elevada EE (42.6% em Mata et al., 2016) e para a EPR (68.1% em Reis, 2019) se
situam neste grupo etário, nos dois estudos que apresentam este indicador, embora para o baixo
Cn somente tal se verifique num destes estudos (52.9% em Reis, 2019).
Em relação ao sexo, nos três estudos que apresentam este indicador (Mata et al., 2016, Men-
des et al., 2017 e Reis, 2019), verificamos que a maioria apresenta maiores prevalências para o
sexo feminino, na elevada EE e na EPR (variando entre 30.8% em Mendes et al., 2017, e 67.8% em
Reis, 2019), e maiores prevalências no elevado Cn, para o sexo masculino em todos os estudos
considerados (variando entre 33.3% em Mendes et al., 2017, e 53.5% em Reis, 2019), o que vem ao
encontro da literatura consultada, nomeadamente no que respeita à associação de fatores socio-
demográficos como a idade, em que os indivíduos mais novos apresentam níveis mais elevados
de burnout, e do sexo, em que uma maior vulnerabilidade no sexo feminino à EE e dos homens
ao Cn (Houkes et al., 2011; ILO, 2016; Martins, 2017; Maslach et al., 2001; Silva et al., 2015).
Conclusões
Os resultados desta pesquisa estão de acordo com a literatura relativa à problemática do
burnout, seja no que concerne ao perfil socioprofissional como demográfico dos profissionais
de saúde a trabalhar no SNS, bem como no que respeita à prevalência desta problemática, seja
em termos globais como nas suas dimensões, ou seja, a maioria dos participantes não apresenta
burnout, embora cerca de 30% apresente esta ndrome, sendo os valores mais elevados para a
elevada EE e para os baixos Cn e EPR, o que não deixa contudo, de ser um valor preocupante
(Houkes et al., 2011; ILO, 2016; Marôco et al., 2016; Martins, 2017; Maslach et al., 2001; Reis, 2019;
Silva et al., 2015; Sousa-Ferreira et al., 2017), atendendo às suas consequências, seja a nível pes-
soal como organizacional (Faria et al., 2019; ILO, 2016; Marôco et al., 2016).
De qualquer forma, e considerando a relevância mediática do burnout, seja ao nível da comu-
nicação social como até político (ILO, 2016), sendo até considerado um problema epidémico
(Marôco et al., 2016), e atendendo à expressão da sua prevalência no grupo dos profissionais de
saúde, que es de acordo com literatura consultada, como als mencionamos (Houkes et al.,
2011; ILO, 2016; Marôco et al., 2016; Martins, 2017; Maslach et al., 2001; Reis, 2019; Silva et al.,
2015; Sousa-Ferreira et al., 2017), uma vez que a maioria dos participantes não apresenta bur-
nout, será de pensarmos da existência de outros problemas que interfiram também na saúde
mental dos profissionais de saúde, nomeadamente os transtornos mentais comuns (TMC), como
a depressão e a ansiedade, que sabemos terem uma prevalência elevada na população geral, e
como tal também poderem afetar estes profissionais, e a depressão laboral, que é um fator pouco
estudado, sendo que pode surgir como consequência da síndrome de burnout ou não.
Assim, concluímos que embora a maioria dos profissionais de saúde que participaram nestes
estudos não apresentem burnout, há uma prevalência significativa desta síndrome nestes profis-
sionais, o que é preocupante, sendo maior para EE e para a EPR.
Contudo, é importante ressalvarmos que o facto de todas as amostras serem de conveniência,
de terem uma dimensão relativamente pequena e de existir uma grande variação na seu tama-
nho e da diferença dos seus tamanhos, o que aliás também se verifica em estudos realizados
noutros países (Houkes et al., 2011), para além de poder haver a possibilidade de sobreposição de
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Nuno Álvaro Caneca Murcho, José Eusébio Palma Pacheco
participantes em diferentes estudos, ser uma limitação deste estudo que dificulta o só a com-
paração entre as diferentes prevalências, como a generalização dos seus resultados.
Desta forma, sugerimos, como uma implicação possível desta revisão, a necessidade da rea-
lização de estudos primários mais alargados e com a utilização de metodologias de amostragem
(probabilísticas) que permitam uma perspetiva mais consistente desta problemática em profis-
sionais de saúde.
Por outro lado, estes resultados levam-nos a induzir ser também importante conhecermos
melhor outros aspetos relativos à saúde mental destes profissionais, nomeadamente os transtor-
nos mentais comuns, e em particular, a ansiedade e a depressão, sugerindo assim o seu estudo,
quer pela relação que têm com o burnout, como pelo impacto que podem ter na qualidade de vida
das pessoas afetadas, seja ao nível individual e familiar, como no caso dos profissionais de saúde,
nas próprias organizações e na qualidade dos cuidados que prestam, facilitando dessa forma o
desenvolvimento e a implementação de programas e intervenções de promoção da saúde mental
ocupacional e de prevenção dos riscos psicossociais associados ao trabalho, que sejam mais ade-
quados à realidade existente e por essa via mais proficientes.
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24
VERSÃO PORTUGUESA DA IMPACT OF EVENT SCALE – REVISED IESR
PORTUGUESE VERSION OF THE IMPACT OF EVENT SCALE – REVISED IESR
Cristina Perestrelo Vieira1, Rui Paixão2, José Tomás da Silva3, Henrique Testa Vicente4
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XVI • ISSUE FASCÍCULO 1
1ST JANUARY JANEIRO  30TH JUNE JUNHO 2020 PP. 2443
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XVI.1.2
Submited on July, 2019
Submetido em julho, 2019
Resumo
O presente estudo tem como objetivo apresentar os resultados da tradução e adaptação da
escala Impact of Event Scale – Revised (IES-R), de Weiss e Marmar (1997), para a população portu-
guesa. Os resultados foram obtidos com uma amostra de 185 sujeitos divididos por três grupos: n1
= 130 populão geral; n2 = 46 doentes em seguimento psiquiátrico; n3 = 9 sujeitos em seguimento
num serviço de vioncia familiar.
A análise fatorial por componentes principais evidencia a existência de quatro fatores que
explicam 61.3% da varncia total: ativação fisiológica; intrusão, evitamento e anestesia emo-
cional. Esta estrutura apresenta-se congruente com o modelo teórico subjacente à IES-R. A con-
sistência interna é elevada para o total da escala e dos fatores, com exceção do fator anestesia
emocional que apresenta um alfa mais baixo. A validade convergente foi obtida com a versão
portuguesa da Intimate Justice Scale (IJS), revelando uma relação positiva estatisticamente signi-
ficativa entre as duas escalas.
Palavras-chave: Trauma, Stresse, Impact of Event Scale – Revised, Psicometria.
Abstract
This paper reports the results of the translation and adaptation of the Impact of Event Scale
Revised (IES-R), developed by Weiss and Marmar (1997), for the Portuguese population. Data was
obtained through a sample of 185 subjects, subdivided in three groups: n1 = 130 from the general pop-
ulation; n2 = 46 patients from a psychiatric service; and n3 = 9 subjects from a family violence service.
1 Psicóloga Clínica e Grupanalista. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Maternidade Bissaya Barreto. Sociedade
Portuguesa de Grupalise e Psicoterapia Analítica de Grupo. E-mail: cristinaperestrelovieira@gmail.com
2 Psicólogo Clínico. Universidade de Coimbra, Professor Associado da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação.
Centro de Estudos Sociais (Universidade de Coimbra). E-mail: rpaixao@fpce.uc.pt
3 Psicólogo Educacional. Universidade de Coimbra, Professor Associado da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação.
Centro de Estudos Sociais (Universidade de Coimbra). E-mail: jtsilva@fpce.uc.pt
4 Psicólogo Clínico e Psicoterapeuta. Instituto Superior Miguel Torga (Coimbra, Portugal), Professor Auxiliar Convidado. Cen-
tro de Estudos da População, Economia e Sociedade (Porto, Portugal). E-mail: henrique.t.vicente@gmail.com
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Cristina Perestrelo Vieira, Rui Paio, José Tomás da Silva, Henrique Testa Vicente
Principal component analysis reveals a four-factor structure, explaining 61.3% of the total
variance: hyperarousal, intrusion, avoidance, and emotional numbing. This factorial structure is
similar to the theoretical model underlying the IES-R. The Portuguese version of the IES-R shows
high internal consistency for the total scale and factors, with the exception of emotional numb-
ing, that shows a weaker alpha value. Convergent validity was assessed with the Intimate Justice
Scale. A positive and statistically significant correlation was found between these two measures.
Keywords: Trauma, Stress, Impact of Event Scale-Revised, Psychometry
Introdução
Com base na constatação de que a investigação da resposta humana ao stresse requer simul-
taneamente a identificação de acontecimentos significativos e a avaliação do seu efeito, subjeti-
vamente percecionado na vida dos indivíduos, Horowitz et al. (1979) salientaram a necessidade
de construir um instrumento capaz de medir o nível de impacto subjetivo de eventos específicos
stressantes e/ou traumáticos na vida das pessoas. A primeira versão da escala em análise no pre-
sente trabalho, apelidada Impact of Event Scale (IES) (Horowitz et al., 1979), responde a este obje-
tivo, tentando operacionalizar o impacto desses acontecimentos na vida de um indivíduo, mais
especificamente as suas respostas sintomáticas. Considerando que o desenvolvimento do instru-
mento decorreu antes da introdução da categoria diagstica Perturbação de Stress Pós-Traumá-
tico (PSPT) no DSM-III (American Psychiatric Association [APA], 1980), este assentava no modelo
de processamento emocional após um acontecimento traumático de Horowitz, que propunha
uma alternância entre pensamentos/sentimentos intrusivos e estratégias de evitamento durante
o processo de assimilação da experiência traumática (Matos et al., 2011). Esta escala de autorres-
posta é constituída por 15 itens, sete dedicados à avaliação da presença de sintomas intrusivos
(pensamentos intrusivos, pesadelos, emoções e fantasias intrusivas) e oito à existência de sinto-
mas de evitamento (embotamento afetivo, evitamento das emoções, situações e ideias relacio-
nadas com o acontecimento stressante), que correspondem aproximadamente aos critérios B e
C para PSPT no DSM-IV (APA, 1994). Todos os itens do instrumento são respondidos em função
de um acontecimento stressante específico (este evento e a data da sua ocorncia são registados
pelo sujeito no topo da página do instrumento) e os respondentes são instruídos a classificar os
itens de acordo com uma escala de quatro pontos, correspondentes à frequência com que esses
sintomas foram sentidos nos últimos sete dias. Desde a sua introdução, a IES foi uma das medidas
de auto-relato da resposta de stresse e sintomas de PSPT mais aplicadas, sendo que, em maio de
2001, a base de dados PILOTS reportava relativamente à sua utilização em 1.147estudos (Weiss,
2007). Foi traduzida para diversas nguas, aplicada em diversas populações, e utilizada para
avaliar respostas de stresse numa grande variedade de incidentes críticos e para aferir a efetivi-
dade de tratamentos (Matos et al., 2011). Em 2002, Sundin e Horowitz realizaram uma revisão da
literatura sobre a investigação focada nas qualidades psicométricas da IES original. Identifica-
ram boas propriedades ao nível estabilidade fatorial, consistência interna, validade convergente
e discriminante, que sustentam a sua utilidade como medida “low-cost” de rastreio de PSPT e da
avaliação da eficácia de tratamentos.
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Versão portuguesa da Impact of Event Scale – Revised (IES-R)
Apesar da grande utilidade da IES, Weiss e Marmar (1997), considerando que a completa
medição das respostas a eventos stressantes implicaria a inclusão de uma dimensão de ativação
fisiológica, decidiram acrescentar, numa versão revista, mais sete itens, designando esta nova
versão de IES-R. Destes sete novos itens, seis referem-se a essa nova dimensão (ativação fisioló-
gica) e um à intrusão, mais especificamente à vivência real de flashback. Estes sete novos itens
foram, também, a forma de Weiss e Marmar (1997) adequarem a IES aos critérios do DSM-IV
(APA, 1994) relativos à PSPT, nomeadamente aos três principais clusters de sintomas: reexperiên-
cia intrusiva do acontecimento traumático; evitamento dos estímulos associados com o trauma
e embotamento da reatividade geral; aumento da ativação fisiológica. A IES-R passa então a ser
constituída por 22 itens, distribuídos por três dimensões: intrusão (8 itens); evitamento (8 itens);
e ativação fisiológica (6 itens). Com a revisão do DSM e a publicação da sua quinta edição (APA,
2013), foram introduzidas diferenças nos critérios de diagnóstico da PSPT. A principal alteração
prende-se com a inclusão de um cluster adicional alterações negativas nas cognições e humor
(incluindo o embotamento/entorpecimento, dificuldades em recordar eventos, crenças ou expec-
tativas negativas, entre outros) que, segundo Hosey et al. (2019), não altera substancialmente o
fenótipo da PSPT. Assim, apesar da IES-R não ter sido desenvolvida com o objetivo de diagnosti-
car a PSPT (Weiss, 2004), continua atualmente a ser um instrumento útil para o triagem de sinto-
mas desta perturbação e para aferição da sua gravidade, relevante para a prática clínica e para
a investigação (Bienvenu, Needham, et al., 2013; Bienvenu, Williams, et al., 2013; Morina et al.,
2013). Será ainda de referenciar o desenvolvimento de uma versão reduzida (IES-6), com apenas
seis itens, mais indicada para estudos epidemiológicos, mas igualmente com utilidade clínica de
rastreio (Thoreson et al., 2010).
A IES-R acompanhou o sucesso da sua precursora, apresentando bons indicadores psicomé-
tricos nos sucessivos estudos de validação a que foi sujeita, e que se encontram sumariados na
Tabela 1.
Relativamente às populações avaliadas nos estudos de validação, é possível identificar uma
diversidade significativa, desde pessoas com diagnóstico clínico de PSPT confirmado, até sobre-
viventes de acidentes/crimes e ex-veteranos de guerra, passando por indivíduos sem historial de
experiências traumáticas. Alguns estudos incluem mais do que um grupo para efeitos de com-
paração.
Em termos de consistência interna, os estudos evidenciam valores Alfa de Cronbach entre
.72 e .95 para os fatores, e entre .85 e .96 para os totais. Em relação à estabilidade temporal, os
resultados têm sido igualmente consistentes, com valores oscilando entre .51 e .96 (Brunet et al.,
2003; Mystakidou et al., 2007; Weiss & Marmar, 1997; Wu & Chan, 2003) exceção feita ao estudo
de Báguena et al. (2001), que revelou valores mais modestos, tanto para a escala como para os
fatores, entre .10 e .80.
A validade convergente da IES-R foi avaliada por recurso a uma ampla gama de instrumen-
tos, incluindo entrevistas estruturadas e semiestruturadas (e.g. Clinician-Administered PTSD
Scale [CAPS] e Structured Clinical Interview for DSM [SCID]), escalas de auto-resposta de avalia-
ção de sintomatologia diversa (e.g. Beck Depression Inventory [BDI] e State Trait Anxiety Inven-
tory [STAI]) e outras focados especificamente em sintomas de PSPT (e.g. PTSD Symptom Scale
Self Report e PTSD Checklist), até instrumentos de avaliação da personalidade (e.g. Eysenck
Personality Questionnaire Revised). Em termos gerais, os estudos mostram correlações mode-
radas a elevadas com estas diversas medidas. Por exemplo, Creamer et al. (2003) reportam uma
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Cristina Perestrelo Vieira, Rui Paio, José Tomás da Silva, Henrique Testa Vicente
TABELA1
Revisão da Literatura Concernente à Validação e Avaliação das Propriedades Psicométricas da IES-R
Autor(es) Participantes Procedimentos
de análise da
validade de
construto
Estrutura
fatorial Correlação entre
subescalas Consistência
interna Estabilidade
temporal
Weiss & Marmar
(1997)
Prossionais de emergência
expostos a colapso
de rodovia (n = 429);
trabalhadores envolvidos
em sismo (n = 197)
ACP com rotação
varimax
1 fator (49% da
variância)
I – E = .74
I – AF = .87
E – AF = .74
I = entre .87 e .92
E = entre .84 e .85
AF = entre .79 e .90
I = entre .57 e .94
E = entre .51 e .89
AF = entre .59 e .92
Maercker &
Schützwohl
(1998)
Versão Alemã
Ex-presos políticos (n =
128) e vítimas de crime (n
= 30)
ACP com rotação
varimax
4 fatores (63.8%
da variância)
(Intrusão,
Evitamento,
Ativação
Fisiológica e
Entorpecimento/
Anestesia)
I – E = entre .19
e .59
I – AF = entre .77
e .83
E – AF = entre .39
e .64
I = .90
E = entre .71 e .79
AF = .90
I = .80
E = .66
AF = .79
Báguena et al.
(2001)
Versão Espanhola
Jovens adultos sem
experiências traumáticas (n
= 1078)
ACP com rotação
varimax
2 fatores (58.7%
da variância)
(Intrusão/Ativação
Fisiológica e
Evitamento)
I/AF – E = entre .62
e .70
IES-R total = entre
.91 e .95
I/AF = entre .89
e .95
E = entre .84 e .87
IES-R total = entre
.16 e .66
I/AF = entre .10
e .80
E = entre .24 e .33
Akusai et al.
(2002)
Versão Japonesa
(IES-R-J)
Trabalhadores com vivência
traumática (n = 487);
sobreviventes de crime de
envenenamento (n = 73);
sobreviventes de sismo (n
= 86); sobreviventes de
ataque terrorista (n = 658)
Procedimento
VARCLUS (SAS)
3 clusters (1.
Intrusão/Ativação
Fisiológica; 2.
Evitamento 3.
Sintomas de
stresse não
especícos)
Clusters 1 – 2 = .74
Clusters 1 – 3 = .73
Clusters 2 – 3
= .62
IES-R total = entre
.92 e .95
I = entre .88 e .91
E = entre .81 e .90
AF = entre .80 e .86
IES-R total = .86
Creamer et al.
(2003)
Duas amostras de
veteranos do Vietname:
clínica com diagnóstico
de PSPT (n = 120); da
comunidade (n = 154)
AFC (método
da máxima
verosimilhança)
ACP com rotação
varimax
1 ou 2 fatores
(Intrusão/Ativação
Fisiológica e
Evitamento)
(55.9% da
variância)
I – E = .82
I – AF = .93
E – AF = .83
IES-R total = .96
I = .94
E = .87
AF = .91
Wu & Chan (2003)
Versão Chinesa
(CIES-R)
Utentes do Accident and
Emergency Department of
the Caritas Medical Centre
(Hong Kong) (n = 116)
ACP com rotação
varimax
1 fator (45% da
variância)
I – E = .76
I – AF = .83
E – AF = .75
I = .89
E = .85
AF = .83
I = .74
E = .52
AF = .76
Brunet et al.
(2003)
Versão Francesa
Mulheres grávidas expostas
a intempérie (n = 223)
ACP com rotação
varimax
3 fatores (56% da
variância)
I – E = .62
I – AF = .69
E – AF = .56
Entre .81 e .93 IES-R total = .76
I = .73
E = .77
AF = .71
Olde et al. (2006)
Versão Holandesa
Puérperas holandesas (n
= 435)
AFC 3 fatores I – E = .56
I – AF = .58
E – AF = .56
Mystakidou et al.
(2007)
Versão Grega
(IES-R-Gr)
Pacientes adultos com
diagnóstico de cancro
incurável (n = 82)
ACP com rotação
varimax
3 fatores (57.3%
da variância)
I – E = .74
I – AF = .66
E – AF = .59
IES-R total = .85
I = .72
E = .77
AF = .85
I = .96
E = .96
AF = .94
Beck et al. (2008) Sujeitos em avaliação/
tratamento para problemas
de saúde mental após
acidente de viação (n =
182)
AFC (método
da máxima
verosimilhança)
3 fatores I – E = .74
I – AF = .86
E – AF = .71
IES-R total = .95
I = .90
E = .86
AF = .85
Lim et al. (2009)
Versão Coreana
(IES-R-K)
Pacientes com diagnóstico
de PSPT (n = 93), pacientes
psiquiátricos sem
perturbação psicótica (n
= 73), controlos saudáveis
(n = 88)
ACP com rotação
ortogonal
4 fatores (68.8%
da variância)
(Ativação
Fisiológica,
Evitamento,
Intrusão,
Anestesia/
Dissociação)
IES-R total = .93 IES-R total = .91
Matos et al. (2011)
Versão
Portuguesa
Estudantes universitários e
sujeitos da população geral
(n = 811 sujeitos)
ACP com rotação
varimax
1 fator (55.4% da
variância)
IES-R total = .96 IES-R total =.82
Cunha et al. (2017)
Versão
Portuguesa para
Adolescentes
Adolescentes com idades
compreendidas entre os 12
e os 18 anos (n = 383)
AFC (método
da máxima
verosimilhança)
3 fatores (com um
factor de segunda
ordem)
IES-R total = .94
I = .89
E = .84
AF = .86
IES-R total = .67
Nota. IES-R: Impact of Event Scale – Revised; I: Subescala Intrusão; E: Subescala Evitamento; AF: Ativação Fisiológica; ACP: Análise de Componentes
Principais; AFC: Análise Fatorial Confirmatória
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Versão portuguesa da Impact of Event Scale – Revised (IES-R)
correlação de .84 entre a IES-R e a PTSD Checklist; Wu e Chan (2003) obtiveram correlações de
.54 entre a versão chinesa da IES-R e o General Health Questionnaire 20 (GHQ-20) para o fator
intrusão .53 para o fator evitamento, e .64 para o fator ativação fisiológica; Lim et al. (2009) assi-
nalam correlações do total da escala com a CAPS de .91, com o BDI de .81, com o STAI-S de .30 e
com o STAI-T de .67.
Dados sobre a validade discriminante da IES-R são mais escassos, e foram reportados apenas
nos estudos de Akusai et al. (2002), Beck et al. (2008), e Lim et al. (2009). No trabalho de Akusai et
al. (2002), ao grupo de sobreviventes de um crime de envenenamento foi aplicado o módulo PSPT
da SCID. No grupo de sobreviventes de terramoto foi aplicado a entrevista CAPS. Foram criadas
três categorias de diagnóstico: PSPT, PSPT parcial, sem PSPT. As médias dos totais IES-R-J dife-
rem significativamente consoante a categoria (valores mais elevados em PSPT, seguido de PSPT
parcial) em ambos os grupos (F = 54.9, p = .0001; F = 9.1, p = .0003, respetivamente). No estudo de
Beck et al. (2008), foram comparados sujeitos com diagnóstico de PSPT (n = 98) e sem diagnóstico
de PSPT (n = 84). Os dois grupos reportaram pontuações significativamente diferentes nas três
subescalas da IES-R (intrusão, t(180) = 5.88, p < .0001; evitamento, t(180) = 4.18, p < .0001; ativa-
ção fisiológica, t(180) = 6.16, p < .0001). No estudo de Lim et al. (2009), os resultados da ANOVA
unidirecional sugerem que o IES-R-K diferencia os três grupos em análise (PSPT, pacientes psi-
quiátricos, controlos) (F = 139.1; p < .001), sendo que o teste post-hoc de Duncan sugere que as
pontuações dos pacientes com PSPT são significativamente mais elevadas quando comparadas
com os outros grupos.
Quando analisadas, as correlações entre fatores tendem a ser positivas e estatisticamente
significativas. Num estudo de validação cruzada da IES original, Zilberg et al. (1982) demonstra-
ram que as correlações entre as duas subescalas (intrusão e evitamento) variavam em função do
nível de sintomatologia e do tempo decorrido desde o evento traumático. A maioria dos estudos
referenciados na Tabela 1 não aborda as correlações entre subescalas desta forma diferenciada,
com exceção do trabalho de Creamer et al. (2003) com duas amostras (clínica e da comunidade).
Neste estudo, os autores referem que embora as correlações entre os fatores intrusão e ativação
fisiogica sejam elevadas para ambas as amostras (.94 e .93), as correlações entre intrusão e
evitamento foram maiores para a amostra da comunidade do que para a amostra clínica (.86 e
.62, respetivamente), assim como as correlações entre ativação fisiológica e evitamento (.93 e .65,
respetivamente).
No estudo da estrutura fatorial da escala, o procedimento estatístico mais frequentemente
utilizado é a Análise de Componentes Principais (ACP) com rotação varimax. Têm-se verificado
soluções de três fatores, consonantes com o modelo original, capazes de explicar entre 56%
e 57% da varncia total (Brunet et al., 2003; Mystakidou et al., 2007; Olde et al., 2006; Beck
et al., 2008; Cunha et al., 2017). O estudo de Akusai et al. (2002) também revelou um modelo
tri-fatorial, mas em que um dos fatores se reporta a sintomas de stresse não específicos (dis-
túrbios do sono, irritabilidade, problemas de concentração e sintomas de anestesia emocional).
Nos estudos de Weiss e Marmar (1997), Wu e Chan (2003), e Matos et al. (2011) emergem soluções
unifatoriais; nos trabalhos de Creamer et al. (2003) e Báguena et al. (2001) os dados evidenciam
que um modelo de dois fatores (intrusão/ativação fisiológica e evitamento) se adequa melhor
aos dados. Finalmente, os estudos de Maercker e Schützwohl (1998) e de Lim et al. (2009) apon-
tam para quatro fatores capazes de explicar 63.8% e 68.8% da variância total, respetivamente.
No estudo da versão aledo instrumento, os autores assinalam que este fator remete para
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o “entorpecimento/anestesia. No trabalho sobre a versão coreana, este fator foi apelidado de
anestesia/dissociação.
Weiss (2007) conclui a este propósito que, embora as propriedades psicométricas sicas
da IES-R (consistência interna, estabilidade e correlação entre subescalas) estejam bem docu-
mentadas, a variabilidade no número de fatores extraídos nos estudos de validão merece
reflexão. Para este autor, esta variabilidade pode dever-se a diferenças amostrais (tamanho,
homogeneidade e nível de sofrimento), assim como a diferenças na exposição ao trauma, tempo
decorrido desde o evento, e questões de comorbilidade. Ao discutir o mesmo assunto, Creamer
et al. (2003) subscrevem esta hipótese, assinalando que parece haver uma menor diferenciação
entre os construtos nucleares (intrusão, evitamento e ativação fisiológica) nos indivíduos com
níveis mais baixos de sintomatologia, que reflete, possivelmente, um “sofrimento traumático”
mais geral do que uma síndrome clínica claramente diferenciada, como a PSPT. Esta hipótese
encontra igualmente suporte nos dados das correlações entre subescalas, acima mencionados,
em que os valores foram inferiores na amostra clínica (quando comparados com a amostra da
comunidade).
A este propósito, importa salientar que a primeira validação da IES-R para a população Por-
tuguesa revelou uma solução unidimensional que, segundo os autores, poderia estar associada
ao facto de o estudo deter uma amostra não-clínica e ter focado, não um incidente crítico, poten-
cialmente traumático, com ameaça à integridade física, mas antes experiências de vergonha na
infância ou adolescência (Matos et al., 2011). Nesse sentido, foi sublinhada a relevância de con-
duzir estudos psicométricos adicionais com outros tipos de acontecimentos, pois o uso de uma
amostra não clínica ou não traumatizada pode ter condicionado a análise da independência das
subescalas do instrumento (Matos et al., 2011). a validação da versão Portuguesa adaptada para
adolescentes da IES-R (Cunha et al., 2017) revelou um modelo composto por três fatores (evita-
mento, intrusão e hiperativação) e um fator de segunda ordem designado impacto traumático”
(Cunha et al., 2017). Contudo, também neste estudo as instruções da versão original da IES-R
foram substancialmente modificadas de modo a avaliar uma experiência indutora de vergonha
e o seu impacto ao longo da vida. Assim, apesar do inegável contributo destes trabalhos em con-
texto nacional, permanece a necessidade de conduzir estudos adicionais de validação do instru-
mento, respeitando as instruções originais, que permitem cobrir um vasto leque de experiências
stressantes, potencialmente traumáticas.
Objetivos
O estudo que a seguir se reporta centra-se na tradução e adaptação para a população portu-
guesa da Impact of Event Scale Revised (IES-R) de Weiss e Marmar (1997), tendo como objetivo
principal a análise das suas qualidades psicométricas quando mantida a instrução original, de
solicitar aos respondentes a identificão de um acontecimento de vida significativo, que tenha
sido sentido como fonte de grande stresse. Como objetivos específicos foram definidos: i) anali-
sar o comportamento da escala na avaliação do impacto de eventos stressantes em três grupos
de sujeitos e a sua intercessão com variáveis sociodemográficas; ii) analisar a estrutura fatorial
da IES-R; iii) analisar a sua consistência interna e validade convergente.
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Versão portuguesa da Impact of Event Scale – Revised (IES-R)
Metodologia
Participantes
A amostra, não probabilística por conveniência, é constituída por 185 participantes capazes
de identificar, pelo menos, um acontecimento de vida sentido como intensamente stressante,
eventualmente traumático. Estes 185 sujeitos foram divididos em três grupos: n1 = 130, avaliados
em instituições de ensino superior da cidade de Coimbra (n = 92) e recolhidos da população em
geral na cidade do Funchal (n = 38); n2 = 46 sujeitos com perturbações psiquiátricas seguidos pelo
Serviço de Consultas Externas de um Hospital Psiquiátrico da Zona Centro de Portugal; n3= 9
sujeitos seguidos pelo Serviço de Violência Familiar da mesma instituição hospitalar. Este último
grupo (n3) é constituído por sujeitos com histórias de vida marcadas por diferentes tipos de maus-
-tratos.
Dos 130 sujeitos de n1, 96% são de nacionalidade portuguesa (n = 119) e 84% do género femi-
nino (n = 109). A média etária é de 26 anos (DP = 10.27), 77% (n = 100) são solteiros, 18.4% casados
ou vivendo em união de facto (n = 24), 3.1% divorciados (n = 4) e 1.5% viúvos (n = 2). Relativamente
às habilitações literárias, 89.2% (n = 116) tem o ensino secundário ou curso profissional, 6.1%
(n=8) o 3.º ciclo do ensino básico ou inferior, e 4.6% (n = 6) possui licenciatura ou bacharelato.
O grupo n2 é constituído por sujeitos diagnosticados com Perturbação Depressiva Não Espe-
cificada (n = 31), Perturbação de Ansiedade Não Especificada (n = 9), Perturbação Bipolar (n=4),
Perturbação de Ansiedade Social (n = 1) e Perturbação de Uso de Álcool (n = 1). Ainda relativa-
mente a este grupo, 98% (n = 45) são de nacionalidade portuguesa, maioritariamente do género
feminino (80%; n = 37) e com uma média de idade de 51 anos (DP = 15.47). As habilitações lite-
rárias, na sua maioria, são inferiores ou equivalentes ao ciclo do ensino básico (72%; n = 33).
Amaioria dos sujeitos é casada (48%; n = 22) sendo os restantes solteiros (26%; n = 12), divorciados
(13%; n = 6) ou viúvos (13%; n = 6).
O grupo n3 é composto, maioritariamente, por sujeitos de nacionalidade portuguesa (89%; n =
8), do género feminino (78%, n = 7) e com uma idade média de 38 anos (DP = 9.03). A maioria encon-
tra-se empregada (78%, n = 7), sendo as suas habilitações inferiores ou equivalentes ao 3º ciclo do
ensino básico. Quanto ao estado civil, 33% (n = 3) dos sujeitos são casados, 33% (n = 3) estão em
união de facto, 11% (n = 1) são solteiros e 22% (n = 2) divorciados. Para além da situação de violência
familiar que motivou o acompanhamento pelo serviço acima referenciado, todos os sujeitos deste
grupo apresentam diagnóstico de Perturbação Depressiva e de Ansiedade Não Especificadas.
Os acontecimentos identificados pelos sujeitos incluíram: agressão física ou outro tipo de vio-
ncia, doença grave, desastre, morte ou perda de alguém muito próximo, situação subjetiva ou
real de perigo (ameaça à integridade física), abuso/violência sexual, exposição à guerra ou outro
acontecimento. Os acontecimentos mais referenciados nos grupos n1 e n2o a morte ou perda de
alguém querido, e no grupo n3 a agressão/violência. Na Tabela 2 são reportadas as situações stres-
santes mais significativas identificadas pelos sujeitos, bem como o tempo entretanto decorrido.
Instrumentos
O protocolo envolveu a passagem do IES-R, da Intimate Justice Scale (IJS) e de um questioná-
rio sociodemográfico construído para o efeito. Este questionário focou-se nos dados de natureza
clínica e biográfica dos participantes. A IJS foi utilizada para analisar a validade convergente
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Cristina Perestrelo Vieira, Rui Paio, José Tomás da Silva, Henrique Testa Vicente
da IES-R. Trata-se de um instrumento de auto-relato com 15 itens (respondidos numa escala de
Likert de cinco pontos), desenvolvido para o rastreio de abuso psicológico e violênciasica. A IJS
não avalia atos específicos de abuso, mas antes a “dinâmica ética das relações do casal”, eviden-
ciada através de padrões atitudinais e comportamentais expressos no decurso da relação (Jory,
2004, p. 29). O estudo original sugere que a IJS permite a identificação de vítimas de violência
nas relações íntimas e a discriminão do grau de severidade do abuso (Jory, 2004). As qualida-
des psicométricas da versão portuguesa da IJS foram analisadas numa amostra de 115 sujeitos
(Canez, 2007). Os resultados obtidos revelaram uma boa consistência interna para o global da
escala (α=.88) e uma estrutura fatorial composta por quatro fatores que explicam 62.75% da
variância.
TABELA2
Tipo de Acontecimento Traumático e Tempo Decorrido
n1=130 n2=46 n3=9
% (n)% (n) % (n)
Tipo de acontecimento
Morte ou perda de alguém querido 42.2% (55) 43.4% (20) 22.2% (2)
Doença grave 29.2% (38) 15.2% (7) 22.2% (2)
Situação de perigo / ameaça 12.3% (16) 19.6% (9)
Agressão / violência 3.1% (4) 44.4% (4)
Desastre/acidente natural 0.8 (1)
Exposição à guerra 0.8 (1) 2.2% (1)
Abuso sexual 2.2% (1) 11.1% (1)
Outro acontecimento 10.6% (15) 17.4% (8)
Tempo decorrido entre
o acontecimento e o
momento da passagem
da IES-R
1 a 4 semanas inclusive 3.8% (5) 6.5% (3) 11.1% (1)
1 a 6 meses inclusive 13.8% (18) 10.9% (5)
6 meses a 1 ano inclusive 18.5% (24) 8.7 (4) 22.2% (2)
1 a 3 anos inclusive 26.9% (35) 17.4% (8) 33.3% (3)
Mais de 3 anos 36.9% (48) 56.5% (26) 33.3% (3)
Nota. n1 = grupo não-clínico; n2 = sujeitos seguidos no servo de Consultas Externas de Hospital Psiqutrico; n3 = sujeitos seguidos pelo Serviço de
Violência Familiar de um estabelecimento de sde.
Procedimentos
A aplicão do protocolo foi precedida por uma entrevista onde foram explicitados os pro-
cedimentos, os objetivos e o cater voluntário da participação dos sujeitos. Numa segunda
fase, a entrevista semiestruturada focou as experiências de vida mais stressantes (eventual-
mente traumáticas) dos sujeitos. Dada a natureza da escala, a não exisncia ou a incapacidade
dossujeitos em identificar um acontecimento desta natureza constituiu-se como critério de
exclusão.
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Versão portuguesa da Impact of Event Scale – Revised (IES-R)
Procedimentos de tradução e adaptação da versão portuguesa do IES-R
A primeira fase do processo de adaptação passou pela “tradução-retroversão da versão
inglesa da escala recorrendo a dois tradutores independentes: o primeiro traduzindo para portu-
guês a versão inglesa da escala e o segundo retrovertendo para inglês a versão portuguesa antes
obtida. Finalmente, a versão retrovertida foi comparada com o original inglês, não se tendo veri-
ficado diferenças significativas entre as versões.
Esta versão foi sujeita a um pré-teste (n = 25) como o intuito de verificar a adequação gráfica
da escala, a compreensão e a clareza das instruções e dos itens. Com base nestes resultados,
foram clarificadas algumas expressões bem como o enquadramento da situação stressante de
referência aos itens.
Resultados
Os valores descritivos das respostas obtidas pelos sujeitos da amostra encontram-se sinteti-
zados na Tabela 3.
Quanto à validade de conteúdo da IES-R, podemos observar que, para os três grupos da
amostra, a maioria dos itens tem uma média próxima e superior à resposta central, revelando
estes dados que os sujeitos, enquanto grupo, vivenciaram epidios stressantes intensos, even-
tualmente traumáticos para alguns deles.
Os itens com respostas médias mais altas, para o grupo n1, foram o 1 e o 5; para o grupo n2 o 5
e o 21; para o grupo n3 o 1 e o 22. Os itens com respostas médias mais baixas foram, para o grupo
n1, o 19 e o 14; para o grupo n2 o 13 e o 7 e para o grupo n3 o 13, o 7 e o 14. O grupo n2 foi aquele
que obteve maior pontuação média para o total da IES-R e o grupo n3 o que obteve valores mais
baixos.
o foram analisados os resultados da IES-R em função do tipo de acontecimento expe-
rienciado e do tempo decorrido entre este e o preenchimento do questionário devido ao
número reduzido de sujeitos em algumas das categorias. Quanto às diferenças nas respostas
considerando a variável género, é de salientar que esta foi significativa para o grupo n2,
nomeadamente no total da IES-R [t(44) = -3.06, p < .001] e no fator ativação fisiológica [t(44)
=-3.67 p<.001]. Nestes casos, os sujeitos do género feminino obtiveram valores mais elevados.
Quanto às correlações entre a idade e as respostas à IES-R nos ts grupos é de salientar a exis-
tência de uma única relação fraca mas estatisticamente significativa, no grupo n1 entre a idade
e o fator intrusão (r = .183,p<.05).
Com o objetivo de analisar a estrutura da escala procedeu-se a uma Alise de Componen-
tes Principais (Tabela 4) com rotação ortogonal e procedimento varimax sobre os dados dos 185
sujeitos da amostra. Esta opção teve por objetivo manter a compatibilidade metodológica do pre-
sente estudo com os procedimentos predominantemente usados nas investigações precedentes
e consequentemente contribuir para a continuidade de acumulão da evidência psicométrica
sobre o instrumento. Os indicadores de adequação do modelo evidenciam valores MSA superio-
res a .5, um teste de Bartlett significativo (X2 = 2163.426, p < .0001) e um valor de .91 para o teste
de Kaiser-Meyer-Olkin.
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TABELA3
Médias e Desvios Padrão nos Três Grupos da Amostra
Itens n1 = 130 n2 = 46 n3 = 9
M (DP) M (DP) M (DP)
1) Qualquer recordação relativa ao acontecimento suscita em mim
todas as emoções vividas nessa altura 3.30 (0.947) 3.56 (0.958) 3.33 (1.118)
2) Tive grandes problemas de sono 2.77 (1.163) 2.78 (1.190) 3.00 (1.322)
3) Outras situações continuavam a fazer-me pensar no
acontecimento 3.05 (1.021) 3.65 (0.848) 3.00 (1.000)
4) Senti-me irritadiço(a) e enraivecido(a) 2.87 (1.207) 3.04 (1.210) 2.55 (1.333)
5) Tentava não car perturbado(a) quando pensava no acontecimento
ou quando alguém me fazia recordá-lo 3.26 (1.025) 4.00 (1.154) 2.77 (1.201)
6) Surgiam-me pensamentos sobre o acontecimento mesmo quando
não queria 3.16 (1.004) 3.58 (1.066) 2.77 (0.833)
7) Senti como se nada tivesse acontecido ou como se tudo o que
aconteceu não fosse real 2.42 (1.112) 2.39 (1.324) 2.22 (1.092)
8) Evitei tudo o que me zesse recordar o acontecimento 2.59 (1.145) 3.52 (1.295) 3.00 (1.414)
9) Imagens sobre o acontecimento apareciam de repente na minha
cabeça 2.90 (1.216) 3.52 (0.809) 3.11 (1.166)
10) Estava com os nervos “à or da pele” 2.89 (1.136) 3.19 (1.147) 2.33 (0.707)
11) Tentei não pensar sobre o sucedido 2.99 (0.984) 3.84 (0.815) 3.11 (1.054)
12) Tive consciência que ainda tinha dentro de mim imensos
sentimentos relativos ao acontecimento, mas não lidei com eles 2.70 (1.097) 3.54 (0.689) 3.00 (0.866)
13) Sentia-me anestesiado em relação ao que aconteceu 2.50 (1.065) 1.60 (0.954) 2.00 (1.000)
14) Dei por mim a agir e/ou a sentir como se estivesse de volta ao
tempo em que tudo aconteceu 2.33 (1.102) 2.82 (1.017) 2.22 (0.833)
15) Tive diculdades em adormecer 2.72 (1.239) 2.93 (1.254) 2.66 (1.658)
16) Tive fases em que vivi sentimentos muito fortes relativos ao
acontecimento 3.20 (1.111) 3.30 (1.092) 2.88 (0.927)
17) Tentei apagar o acontecimento da minha memória 2.47 (1.195) 3.56 (1.344) 2.44 (1.130)
18) Tive problemas de concentração 2.78 (1.154) 2.82 (1.121) 2.55 (1.424)
19) Tudo o que me fazia recordar o acontecimento causava em
mim reações físicas como, por exemplo, transpirar, diculdades em
respirar, náuseas ou taquicardia
2.23 (1.139) 3.39 (0.930) 2.33 (1.224)
20) Sonhei muitas vezes com coisas relativas ao acontecimento 2.59 (1.185) 2.71 (1.067) 2.77 (1.092)
21) Senti-me atento e/ou cauteloso 2.87 (1.106) 3.93 (1.041) 3.11 (1.269)
22) Tentei não falar sobre o acontecimento 2.79 (1.172) 3.06 (1.496) 3.22 (1.201)
Total IES-R 61.49 (15.85) 70.82 (12.73) 60.44 (15.08)
Ativação Fisiológica 22.09 (7.32) 24.19 (6.95) 21.11 (7.32)
Intrusão 20.91 (5.48) 25.08 (4.27) 20.33 (5.29)
Evitamento 13.55 (4.16) 17.54 (3.87) 14.77 (4.18)
Anestesia Emocional 4.93 (1.81) 4.00 (1.92) 4.22 (1.48)
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Versão portuguesa da Impact of Event Scale – Revised (IES-R)
TABELA4
Estrutura Fatorial da Versão Portuguesa da IES-R
Itens Fatores
F1 F2 F3 F4 h2
18 .792 .214 .191 .103 .720
15 .779 .333 .099 .186 .761
2 .733 .357 .038 .214 .711
10 .726 .189 .292 -.025 .649
4 .668 .162 .298 .023 .562
16 .637 .467 .035 .196 .664
19 .579 .436 .207 -.208 .612
20 .492 .350 -.003 .357 .492
3 .293 .703 .156 .126 .620
9 .384 .656 .193 .204 .657
1 .269 .655 .105 .051 .515
6 .371 .643 .154 .182 .608
21 .240 .627 .229 -.315 .602
5 -.004 .539 .506 .118 .560
14 .430 .513 .210 .220 .540
11 .460 .180 .822 .080 .716
8 .108 .202 .802 .115 .709
17 .181 .153 .717 -.103 .581
22 .352 -.113 .569 .155 .484
12 .289 .328 .546 .138 .509
7 .097 .187 .185 .744 .632
13 .140 .017 .049 .739 .569
Eigenvalue 8.828 2.048 1.434 1.165
Variância Total 40,13% 9,31% 6,52% 5,29%
Nota. F1 – Ativão fisiológica; F2 – Intrusão; F3 – Evitamento; F4 – Anestesia emocional
Seguindo o critério de Kaiser e a análise da curva de inflexão no scree plot, a estrutura obtida
aponta para a existência de quatro fatores diferentes dos verificados por Weiss e Marmar (1997).
Forçando a rotação varimax a três fatores verifica-se que a estrutura obtida é, também, substan-
cialmente diferente da obtida pelos autores originais, embora semelhante à referenciada noutros
estudos (Maercker & Schützwohl, 1998). Comparando as duas soluções verifica-se que a estru-
tura de quatro fatores é a que melhor se adequa (detém maior grau de semelhança com a estru-
tura fatorial original, mesmo considerando o fator adicional, que tem vindo a ser reportado na
literatura), explicando 61.3% da varncia total (Tabela 4). Esta estrutura inclui um primeiro fator
constituído por oito itens, capazes de explicar 40.1% da variância comum. Este fator inclui os
itens que avaliam as sensações fisiológicas ativadas pelo reviver do acontecimento, razão pela
qual foi denominado de ativação fisiológica. O fator 2, composto por 7 itens, explica 9.3% da
variância total e foi denominado “intrusão, visto incluir os itens relativos às vivências intrusivas
consequentes da exposição ao acontecimento. O fator 3, constituído por 5 itens, explica 6.6%
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da variância total e foi denominado evitamento, pois caracteriza a resistência dos sujeitos ao
confronto com a situação stressante. O fator 4, constituído por apenas dois itens, explica 5.2%
da varncia total e foi denominado “anestesia emocional, segundo a denominação de Foa et al.
(1995). Caracteriza o desgaste afetivo e a consequente anestesia emocional associada ao acon-
tecimento. Contudo, verifica-se que muitos itens, particularmente aqueles incluídos nos Fatores
1, 2 e 3 obtêm saturações consideveis (próximas ou superiores a .3) em mais do que um fator
(exceção feita para os itens 1, 7, 8, 10, 17, 18 e 23). Nestes casos foram seguidos os seguintes cri-
rios para a atribuição dos itens aos fatores: magnitude da saturação factorial e consonância do
conteúdo e significado psicológico dos itens com a faceta do construto.
A análise das correlações entre fatores nos três grupos da amostra (Tabela 5) revela que estes
se correlacionam de modo diferente entre os grupos. No grupo n1 todos os fatores têm correlações
significativas e positivas entre si. No grupo n2 apenas o fator ativação fisiológica se correlaciona
de modo significativo com o fator intrusão e o fator evitamento. No grupo n3 existe apenas uma
correlação significativa entre o fator ativação fisiológica e intrusão. Contudo, considerando o
número reduzido de sujeitos neste grupo, importa sobretudo analisar a magnitude das correla-
ções, que acabam por ser bastante similares ao grupo n1, com exceção das correlações entre os
fatores ativação fisiogica e anestesia emocional, e entre este último e o fator evitamento, que
revelam magnitudes inferiores.
TABELA5
Valores de Correlação Entre os Fatores e Total da Escala nos Três Grupos da Amostra
Grupos da amostra fatores n1n2n3
AF – I .79* .62* .67*
AF – E .53* .32* .49
AF – AE .41* .26 .22
I – E .55* .26 .64
I – AE .46* .22 .50
E – AE .45* .02 .29
AF – Total .91* .89* .87*
I – Total .90* .78* .90*
E – Total .74* .60* .76*
AE – Total .57* .43 .46
Nota: AF – Ativação Fisiogica; I – Intrusão; E – Evitamento; AE – Anestesia Emocional. * Correlação significativa ao nível .05 (2 extremidades).
Para estudar a consistência interna da escala, além do Alfa de Cronbach para os fatores e
total da escala (Tabela 6), verificou-se a contribuição de cada fator e itens para o resultado total,
através das matrizes correlacionais (Tabela 4).
Considerando o valor crítico do Alfa=.70, proposto por Nunnally (1978), para se reterem esti-
mativas adequadas da representatividade dos itens em cada fator, verifica-se que a maioria dos
fatores apresenta um valor superior a esta referência. O fator mais consistente é o referente à
ativação fisiológica, seguido de intrusão e evitamento. Refira-se, ainda, que o fator com Alfa mais
baixo (anestesia emocional) é aquele que possui menos itens, pelo que se pode atribuir a sua
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menor homogeneidade a este facto. Neste sentido, partindo das recomendações de Pallant (2003),
considerámos como mais apropriada a análise da média de correlação inter-item (.354), que apre-
senta um valor aceitável. Os valores de Alfa de Cronbach obtidos permitem verificar que a maio-
ria dos fatores, assim como a escala no seu conjunto, são aceitáveis e admissíveis, demonstrando
uma consistência interna satisfaria.
TABELA6
Valores do Alfa de Cronbach para os Fatores e Total da IES-R
Fatores Itens Alfa
Ativação Fisiológica 2, 4, 10, 15, 16, 18, 19, 20 .904
Intrusão 1, 3, 6, 9, 14, 21 .849
Evitamento 5, 8, 11, 12, 17, 22 .812
Anestesia Emocional 7, 13 .523
Total .923
As correlações corrigidas (esta correção implicou a subtração do valor do item ao total a cor-
relacionar com esse item) entre os fatores e o total da escala nos três grupos são significativas
(p<.05), exceto para os grupos n2 e n3 onde o fator anestesia emocional não se correlaciona de
modo significativo com o total da escala. Para o grupo n1 e n2 o fator ativação fisiológica é o que
mais se correlaciona com o resultado total. No grupo n3 isto acontece com o fator intrusão. Para
os três grupos o fator anestesia emocional é aquele que menos se correlaciona com o total.
O valor total do Alfa de Cronbach varia pouco com a retirada de qualquer um dos itens do
inventário, revelando a homogeneidade dos itens na avaliação do construto geral que lhes sub-
jaz. A variação do Alfa, na maioria dos casos, corresponde a uma diminuição do mesmo, exce-
tuando com o item 7 e 22 que, se retirados, fariam aumentar muito ligeiramente o valor global da
consisncia interna. As correlações entre os itens e o total da IES-R são, na sua maioria, modera-
das, significando que cada item explica algo específico, apesar de ter uma parte comum com os
restantes. As correlações entre itens e total variam entre .244 para o item 13, e .369 para o item 7.
Apesar de não se ter realizado o cruzamento da IES-R com outras escalas que meçam espe-
cificamente o mesmo construto, muito em consequência da ausência deste tipo de instrumentos
devidamente adaptados para a população portuguesa, foi utilizada a IJS para verificar a conver-
gência entre as vivências de violência nas relações afetivas e o impacto potencialmente traumá-
tico que estas possam ter. Estas duas escalas (IES-R e a IJS) foram administradas aos 92 sujeitos
avaliados em instituições de ensino superior da cidade de Coimbra. Os resultados revelam corre-
lações positivas e estatisticamente significativas (r = .37, p < .01).
Discussão
A versão portuguesa da IES-R revela uma elevada consistência interna para o total da escala,
bem como para os fatores que a comem (exceção feita ao fator anestesia emocional), aproxi-
mando-se dos resultados verificados no estudo original de Weiss e Marmar (1997) e dos estudos
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de Maercker e Schützwohl (1998), Mystakidou et al. (2007) e de Wu e Chan (2003), relativos às
versões alemã, grega e chinesa respetivamente.
Apesar da validade convergente não ter sido efetuada com instrumentos que meçam cons-
trutos semelhantes, a correlação positiva e estatisticamente significativa com a IJS revela a exis-
tência de relação entre o impacto stressante, eventualmente traumático, e as vivências de vio-
ncia na relação afetiva. Tal resultado é consistente com a dimensão traumática subjacente às
situações de violência doméstica (Serra, 2003).
A estrutura fatorial da versão portuguesa da IES-R revela que esta é constituída por quatro
fatores que explicam 61.3% da variância total, embora inclua itens que saturam em mais do que
um fator. Estes fatores coincidem, em parte, com os obtidos nos estudos de Weiss e Marmar (1997)
e de Maercker e Schützwohl (1998), particularmente no que se refere ao quarto fator. Como foi
referenciado na introdução, a literatura reporta uma dificuldade em encontrar uma estrutura
clara para os fatores que compõem a escala, facto este também evidenciado em estudos relativos
à alise fatorial dos sintomas de PSPT, tal como eram definidos pelo DSM-IV, e que sustentaram
a crião da IES-R (Creamer et al., 2003; King et al., 1998; Taylor et al., 1998). Contudo, a emergên-
cia deste quarto fator, referente à anestesia emocional, é parcialmente consonante com o quarto
cluster de sintomas adicionado aos critérios de PSPT no DSM-5: alterações negativas na cognão
e no humor. Tal sustenta a importância de uma linha de investigação futura que aborde a possibi-
lidade da IES-R ser utilizada como ferramenta de rastreio da PSPT, segundo a mais recente formu-
lação do DSM-5 (Morina et al., 2013), um trabalho que deverá ser complementado por uma explo-
ração e refinamento dos modelos teóricos subjacentes à definão da perturbação. Efetivamente,
Creamer et al. (2003) reconhecem que uma das principais desvantagens da IES-R é a ausência de
uma conexão directa entre os itens e os critérios de diagnóstico do DSM, mas questionam se não
será vantajoso trabalhar com uma escala mais focada em avaliar construtos nucleares, do que em
aderir a critérios volúveis e instáveis.
Um dos estudos portugueses precedentes (Matos et al., 2011), que utilizou procedimentos
estatísticos similares na análise da dimensionalidade da IES-R, encontrou uma solução unifato-
rial, que os autores hipotetizam poder estar associada ao facto de ter sido estudada uma amostra
não clínica e de se ter focado uma experiência de vergonha (ao invés de um incidente traumá-
tico). Osresultados do presente estudo, nomeadamente a estrutura de quatro fatores que emer-
giu numa amostra inquirida a propósito de acontecimentos geradores de grande stresse (com
diagnóstico de psicopatologia em dois dos grupos que a compõem), corroboram essa hipótese,
sublinhando a importância de considerar a natureza da amostra (principalmente no que respeita
ao tipo de acontecimento experienciado e à extensão e cronicidade da psicopatologia subjacente)
quando estudadas as características psicométricas das subescalas que compõem a IES-R (Crea-
mer et al., 2003).
Quanto à distribuição dos itens pelos fatores, e como foi referido, alguns itens saturaram
em fatores distintos daquilo que se verificou no estudo original de Weiss e Marmar (1997). Neste
caso, encontram-se três itens do fator ativação fisiológica (itens 2, 16 e 20), incluídos original-
mente no fator intrusão; dois itens do fator intrusão, que no estudo original pertenciam ao fator
ativação fisiológica (item 21) e ao fator evitamento (item 5). A questão associada ao item 2 foi
igualmente detetada no estudo de Weiss e Marmar (1997), onde o item em causa apresentava
saturações próximas nos fatores intrusão e ativação fisiogica. Também na versão francesa e
alemã da IES-R este item teve maior saturação no fator ativação fisiogica (Brunet et al., 2003;
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Maercker & Schützwohl, 1998). A saturação do item 5 no fator intrusão foi igualmente detetada
na versão francesa da IES-R (Brunet et al., 2003). Também no estudo de Weiss e Marmar (1997)
este mesmo item evidenciou-se como problemático, obtendo saturações altas no fator evita-
mento. Neste sentido, ainda, este problema com o item 5 poderá estar relacionado com a sua
deficiente constrão, particularmente com o facto de poder ser interpretado de dois modos dis-
tintos: a primeira parte remetendo para sintomas de evitamento (tentava não ficar perturbado)
e a segunda para sintomas intrusivos (quando pensava no acontecimento ou quando alguém me
fazia recordá-lo). A elevada saturação do item 16 no fator ativação fisiológica poderá relacionar-
-se com o facto de o seu conteúdo apelar à dimensão mais emocional das vivências. A saturação
do item 20 no mesmo fator poderá estar relacionada com o facto dos outros itens relativos à quali-
dade do sono fazerem parte deste fator. Por fim, o item 21, ao remeter para a necessidade de estar
em constante alerta relativamente ao meio, pode ser interpretado como uma vivência ligada aos
sintomas de ativação fisiológica. Ainda neste contexto, os itens do fator ativação fisiológica são,
também, aqueles que mais saturam no fator intrusão. Também da alise das correlações entre
os fatores, nos três grupos da amostra, se verifica que as maiores correlações são entre o fator
ativação fisiológica e o fator intrusão. Estes resultados, já verificados noutros estudos (Brunet et
al., 2003; Olde et al., 2006; Wu & Chan, 2003), evidenciam uma parte comum importante entre os
fatores, particularmente entre os pensamentos intrusivos e as reações fisiológicas, uma vez que,
por hipótese, ambos podem ser sentidos como vivências involuntárias e incontroláveis, sepa-
veis apenas pela mediação do pensamento e do corpo numa e noutra destas dimensões. De
acrescentar, ainda, que a ativação fisiológica além de se correlacionar de modo elevado com
a intrusão, é o único fator que apresenta correlações significativas com outros fatores, nos três
grupos da amostra. Este facto indica que a ativação fisiológica inclui uma dimensão geral comum
aos restantes fatores, ou seja, à intrusão, evitamento e anestesia emocional. Este dado pode ainda
ser interpretado como indiciador de uma certa fraqueza e falta de consistência deste fator, sendo
mais viável o seu uso como indicador geral do nível de intensidade e sofrimento com que o acon-
tecimento foi experienciado. Esta posição é também sustentada por Olde et al. (2006), quando
sugerem que a IES é mais consistente como instrumento de medida do impacto traumático dos
acontecimentos do que a IES-R. Em ntese, a proeminência da ativação fisiológica poderá estar
relacionada com o facto de a escala ser mais sensível a um construto geral de stresse (Creamer et
al., 2003; Zilberg et al., 1982).
No mesmo sentido, o facto de, neste estudo, o fator ativação fisiológica ser aquele que maior
explicação da variância obtém (40.13%) remete diretamente para a ideia de que o impacto dos
acontecimentos selecionados pelos sujeitos do estudo foi, no geral, mais stressante do que pro-
priamente traumático. Apesar disso, pode verificar-se a existência de diferenças estatistica-
mente significativas nas respostas à IES-R nos três grupos da amostra. No grupo n1, por exemplo,
os fatores encontram-se significativamente correlacionados entre si, sugerindo que neste caso
a escala foi mais sensível ao construto geral de stresse antes referido. No grupo n2, no entanto,
apenas o fator ativação fisiológica apresenta uma correlação positiva e estatisticamente signifi-
cativa com o fator intrusão e com o evitamento. No grupo n3, e comparativamente com o grupo
n1, verificou-se que a magnitude das correlações entre o fator anestesia emocional e os fatores
ativação fisiológica e evitamento era inferior. Estes dados sugerem que, nestes sujeitos, o impacto
do acontecimento, apesar de ter evocado intenso stresse, permanece numa dimensão pouco inte-
grada, típica dos processos traumáticos, tal como descrito por Horowitz (1979) nos processos de
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completion tendency. Os resultados das correlações entre subescalas sustentam ainda a hipótese
avançada por Weiss (2007) e Creamer et al. (2003) de que os construtos nucleares subjacentes à
IES-R se encontram menos diferenciados nos grupos que apresentam menores níveis de sintoma-
tologia ou que não revelam uma síndrome clínica delimitada, como a PSPT.
O fator intrusão é o segundo fator, depois da ativação fisiológica, com maiores pontuações
nos três grupos. Este resultado, na sequência do anterior, poderá estar relacionado com dificulda-
des específicas na elaboração do acontecimento, onde a sua evocação não é um simples produto
de uma recordação, mas antes a reprodução do acontecimento em “estado bruto, acompanhado
pela intensa ativação fisiológica e emocional a ele ancoradas (Joseph & Linley, 2005). Estes resul-
tados, no entanto, poderão estar igualmente relacionados com o facto da população do grupo n2
e n3 estar diagnosticada, na sua maioria, com Depressão e Perturbação de Ansiedade, patologias
onde os sintomas de intrusão são característicos (Taylor et al., 1998).
O surgimento de um quarto fator na estrutura da versão portuguesa da IES-R, anestesia emo-
cional, é salientado em diversos estudos relativos à PSPT (Foa et al., 1995; Litz et al., 2000; Kinzie,
1989; Taylor et al., 1998). Apesar deste fator ser estatisticamente pouco significativo, a sua exis-
tência como fator independente sai reforçada, evidenciando a necessidade de ser pensado como
um aspeto do construto.
Efetivamente, na IES-R o conceito de evitamento proposto por Horowitz (1979) parece reunir
diferentes tipos de mecanismos destinados a eliminar o desprazer. O mecanismo de evitamento,
por outras palavras, contém aspetos referentes ao mecanismo de repressão, tal como foi conce-
bido por Freud (1926/1959), ou de anestesia emocional, proposto por Foa et al. (1995). Torna-se,
assim, relevante a proposta destes últimos autores quando equacionam a possibilidade de sepa-
rar o mecanismo de evitamento em dois fatores distintos, considerando a sua dimensão mais
psicológica e mais automática.
A análise do comportamento deste fator no presente estudo, nomeadamente a análise das
correlações entre os fatores do grupo n1 (visto ser neste grupo que estes se correlacionam de
modo significativo) evidencia uma maior correlação entre o fator evitamento e a intrusão e uma
semelhante correlação entre o fator anestesia emocional e os fatores ativação fisiológica e evi-
tamento. Mais uma vez, estes resultados vão no sentido dos obtidos por Foa et al. (1995), onde
o mecanismo de anestesia emocional é ativado quando o sujeito vivencia uma intensa ativa-
ção fisiológica, evidenciando-se como um mecanismo mediado por processos mais automáticos,
enquanto o evitamento parece ser mediado por estratégias psicológicas persistentes, organiza-
das com o intuito de diminuir a intrusão. No estudo de Olde et al. (2006), foi detetada uma corre-
lação significativa entre o fator evitamento da Post-Traumatic Stress Symptom Scale – Self-Report
com o fator ativação fisiológica da IES-R. Assim, e ainda segundo os mesmos autores, o evita-
mento parece ser uma estratégia ligada aos sintomas de ativação fisiológica. A elevada correla-
ção obtida entre o fator evitamento e a ativação fisiológica, neste estudo, poderá relacionar-se
com o facto de, nesta versão, os itens pertencentes ao fator anestesia emocional se encontrarem
integrados no fator evitamento.
A fraca consistência deste fator, no presente estudo, poderá estar mais relacionada com o
facto da população em causa, na sua grande maioria, não sofrer de PSPT, nem ter vivenciado
traumas severos, pois, quando tal acontece, é suposto a ativação deste mecanismo ser mais proe-
minente (Kinzie, 1989; Foa et al., 1995). No entanto, note-se que é no grupo n1 que este fator apa-
rece com maior pontuação, seguindo-se o grupo n3. Este facto leva-nos a colocar como hipótese a
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presença deste mecanismo não só na vivência de grandes traumas como, igualmente, em vivên-
cias “microtraumáticas continuadas, como parece acontecer no grupo n3. Este resultado poderá
estar, também, relacionado com o facto de vários sujeitos destes grupos (n1 e n3) terem selecio-
nado acontecimentos que ocorreram entre um a três anos, enquanto a maioria dos sujeitos do
grupo n2 o acontecimento selecionado ocorreu mais de três anos. Isto é, a menor distância
temporal poderá tornar este mecanismo mais proeminente.
Finalmente, importa referenciar as intercessões entre resultados da escala e variáveis socio-
demográficas. Relativamente às diferenças entre o género e as respostas à IES-R, verificou-se no
grupo n2 uma pontuação mais elevada para os sujeitos do género feminino, tanto para o total da
IES-R, como para o fator ativação fisiológica. Este facto foi igualmente detetado noutros estudos,
como o de Zilberg et al. (1982). Quanto à idade, a única correlação estatisticamente significativa
encontrada verificou-se entre o fator intrusão e a idade dos sujeitos do grupo n1, facto também
detetado no estudo de Wu e Chan (2003).
Conclusões
A versão portuguesa da IES-R, am de revelar uma boa consistência interna para o total
e fatores, apresentou uma estrutura fatorial semelhante aos pressupostos teóricos dos autores
originais, indicando um instrumento adequado para fins de investigação e avaliação clínica.
Aemerncia de um quarto fator, associado à anestesia emocional, apesar de representar um
desvio relativamente à estrutura original, é consonante com outros estudos sobre a escala (Maer-
cker & Schützwohl, 1998; Akusai et al., 2002; Lim et al., 2009) e com diferentes propostas teóricas
sobre a PSPT (Foa et al., 1995; Litz et al., 2000; Kinzie, 1989; Taylor et al., 1998), contribuindo assim
para fomentar a discussão sobre esta perturbação.
Os resultados evidenciam, também, que o conteúdo das experiências consequentes à vivên-
cia de um acontecimento stressante é similar para todos os sujeitos, independentemente do tipo
de acontecimento ou da população em causa, corroborando a hipótese de Horowitz (1979), assim
como a de Zilberg et al. (1982).
No entanto, o estudo aqui reportado comporta um conjunto de limitações que devem ser
clarificadas, nomeadamente na composição da amostra, com alguns grupos a apresentarem um
reduzido número de sujeitos, o que não permitiu, por exemplo, a análise dos resultados da IES-R
em fuão do tipo de acontecimento e do tempo decorrido entre este e o preenchimento do ques-
tionário. De destacar a necessidade de aprofundar os estudos psicométricos de adaptação e afe-
rição do inventário para a população portuguesa, ampliando as amostras e introduzindo grupos
devidamente diagnosticados com PSPT. Esta sugestão conecta-se ainda com a possibilidade de
analisar a intercessão entre a IES-R e os critérios de diagnóstico de PSPT do DSM-5. Por outro
lado, seria proveitoso que futuros estudos realizassem Análises Fatoriais Confirmatórias sobre a
estrutura fatorial que emergiu no presente estudo.
Outra limitação significativa deste trabalho prende-se com o facto de não terem sido obti-
dos dados relativos à estabilidade temporal da escala. A validade convergente mereceria, tam-
bém, uma análise mais específica com a utilização de instrumentos capazes de medir o mesmo
c o n s t r u t o .
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EXPRESSÕES DE MICROAGRESSÕES DIRIGIDAS A MULHERES
NOCONTEXTO DO SISTEMA DE SAÚDE: UMA ABORDAGEM
BASEADA EM INCIDENTES CRÍTICOS1
EXPRESSIONS OF MICROAGGRESSIONS AGAINST WOMEN
INTHEHEALTHCARE CONTEXT: A CRITICAL INCIDENT APPROACH
Elena Piccinelli2, Sara Martinho3, Christin-Melanie Vauclair4
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XVI • ISSUE FASCÍCULO 1
1ST JANUARY JANEIRO  30TH JUNE JUNHO 2020 PP. 4464
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XVI.1.3
Submited on April, 2020
Submetido em abril, 2020
Resumo
Objetivo. Os pacientes pertencentes a minorias sociais podem ser expostos a várias formas
de discriminação no contexto de cuidados de saúde. A investigação prévia nesta área não tem
dado especial atenção às manifestações de microagressões dirigidas às mulheres e ao papel das
identidades interseccionais. O presente estudo tem como objetivo realçar os temas subjacentes às
manifestações de microagressões vividas por diversas mulheres em Portugal.
Método. Recorrendo ao modelo de entrevista baseado na Técnica de Incidentes Críticos (Fla-
nagan, 1954), entrevistaram-se 17 mulheres a propósito das microagressões vividas no contexto
de cuidados de saúde. Entre as identidades interseccionais, algumas mulheres pertenciam a gru-
pos minoritários baseados na etnicidade, LGB e diversidade funcional.
Resultados. Foram identificados 17 temas relativos às microagreses, cinco dos quais diri-
gidos às mulheres no geral, e sete dirigidos às mulheres com identidades interseccionais específi-
cas. Outros quatro temas refletiram atitudes microagressivas dos profissionais de saúde dirigidas
a pacientes no geral, sem relação com o género ou à pertença a outras minorias sociais, e um tema
foi criado para descrever microagressões sistémicas.
Conclusões. Alguns dos temas encontrados foram relacionados com microagressões que as
mulheres vivem no dia-a-dia, sendo agravados pela disparidade de poder entre profissionais de
saúde e pacientes. Outros temas pareceram ser específicos do contexto de saúde e relacionados
com a falta de abordagens centradas no/a paciente.
Palavras-chave: Microagreses, Cuidados de Saúde, Mulheres, Interseccionalidade, Incidentes Críticos
1 Este trabalho foi apoiado pelas subvenções atribuídas aos segundo e terceiro autores pela Fundação Portuguesa para a Ciên-
cia e Tecnologia (PD/BD/135343/2017 e IF/00346/2014)2014). This work was supported by the grants awarded to the second
and third authors by the Portuguese Foundation for Science and Technology (PD/BD/135343/2017 and IF/00346/2014)
2 Instituto Universitário de Lisboa, ISCTE-IUL, Lisboa, Portugal. elena_piccinelli@iscte-iul.pt
3 Instituto Universitário de Lisboa, ISCTE-IUL, CIS-IUL, Lisboa, Portugal. soqmo@iscte-iul.pt
4 Instituto Universitário de Lisboa, ISCTE-IUL, CIS-IUL, Lisboa, Portugal. Melanie.Vauclair@iscte-iul.pt
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Elena Piccinelli, Sara Martinho, Christin-Melanie Vauclair
Abstract
Purpose Patients belonging to social minorities can be exposed to various forms of
discrimination in the healthcare context. Previous research in this domain has overlooked
expressions of microaggressions against women and the role of intersectional identities. This
study aims to uncover the themes that underly the experience of microaggressions by diverse
women in Portugal.
Methods Using an interview model based on the Critical Incident Technique (Flanagan,
1954) 17 women were interviewed about their microaggression experiences in the healthcare
setting. Among those with an intersectional identity, social minority membership was also based
on ethnicity, LGB sexual orientation and functional diversity.
Results A total of 17 microaggressive themes were retrieved, five of which were found to
be related to microaggressions towards women in general and a total of seven were unique for
women with specific intersectional identities. Another four themes reflected providers’ general
attitudes towards patients without being related to gender or any intersectional minority group,
and one theme described systemic microaggressions.
Conclusion Some of the retrieved themes reflect microaggressions that women seem to
experience in their everyday life but that are exacerbated by the health provider-patient power
disparity. Some themes appear to be specific to the healthcare context and related to providers
lack of patient-centeredness.
Keywords: Microaggressions, Healthcare, Women, Intersectionality, Critical Incidents
Discrimination in the form of racism, sexism, heterosexism or ableism have taken new forms
of expressions over the past decades. While blatant manifestations seem to be almost disap-
pearing, subtle forms of discrimination have been emerging and becoming more prominent in
many Western societies (Dovidio & Gaertner, 2000). To date, a large share of social psychologi-
cal research on subtle discrimination focuses on perpetrators to better understand their biases,
stimulated by the insight that anti-prejudice norms in Western societies changed the expression
of prejudice from overt to covert, especially in regard to race relations in the United States. This
modern form of race prejudice has been labelled in various ways such as symbolic racism (Sears,
1988), aversive racism (Dovidio & Gaertner, 2004), racial ambivalence (Katz, Wackenhut, & Hass,
1986), or modern racism (McConahay, 1983; Pettigrew, 1989). Similar conceptual developments
occurred in the area of sexism such as ambivalent sexism (Glick & Fiske, 2001), modern sexism
(Swim, Aikin, Hall, & Hunter, 1995), and neosexism (Tougas, Brown, Beaton, & Joly, 1995).
More recently, a new research paradigm within the area of counselling and clinical psychol-
ogy has emerged, focusing on the targets and examining how they experience subtle forms of
discrimination (Sue et al., 2007). Within this paradigm, subtle discrimination has been framed
under the label of microaggressions, which are defined as the slights, insults, invalidations or
indignities that are directed at minority, marginalized and discriminated groups and which com-
municate derogatory and hostile messages (Sue, 2010). They are often delivered by well-inten-
tioned individuals who are not aware of the discriminatory implicit message they are sending.
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Expressões de Microagressões Dirigidas a Mulheres no Contexto do Sistema de Saúde:
Uma Abordagem Baseada em Incidentes Críticos
Within this framework, many authors (Capodilupo et al., 2010; Nadal et al., 2015; Sue, 2010) have
conducted seminal qualitative research and showed that there are different microaggressive
themes reflecting the experience of various social minority groups. Some of these themes tap
into stereotypes and prejudices as already identified in the social psychological literature that
focuses on the perpetrators´ perspective (e.g., benevolent sexism, Glick & Fiske, 2001). Yet, other
microaggressive themes seem to tap into basic social categorization and identification processes
(e.g., the theme ´alien in own country´ referring to the ethnic majority´s belief that visible racial/
ethnic minority citizens are foreigners). Hence, microaggressions are multifaceted and there are
still many unknowns, such as how microaggressions are expressed in different societies. More-
over, the issue of intersectionality has recently attracted increased attention in the literature but
rarely been examined in regard to microaggressions. There is an urgent need for more studies to
be conducted outside the United States (US) in order to better understand what kinds of micro-
aggressions particular social minorities experience in a specific socio-cultural context and life
domain. This study aims to address these research gaps by examining the type of microaggres-
sions that women belonging to multiple social minorities experience in the healthcare context
in Portugal.
Microaggressions in the Healthcare Context
Microaggressions have been studied in various domains to date (e.g., counselling, work-
place) with the healthcare context being a highly relevant one because health providers
occupy a position of social power and authority and patients find themselves in a situation of
heightened vulnerability (Cruz et al., 2019; Saha et al., 2008). This power disparity is exacer-
bated when patients belong to socially disadvantaged minority groups (Vissandjée et al., 2001)
creating ideal conditions for the expression of well-intentioned but microaggressive messages.
Previous research has already shown that microaggressions can have harmful consequences
on targetshealth and psychological wellbeing (Nadal et al., 2014; Nadal et al., 2016). More-
over, the experience of microaggressions in the healthcare context can also be regarded as
lacking patient-centeredness which has shown to be harmful regarding treatment adherence,
patients trust and satisfaction and general medical outcomes (Taylor, 2009). Hence, experienc-
ing microaggressions in the healthcare domain may also jeopardize minority members´ health
outcomes rendering it a topic of utmost relevance.
Previous qualitative research on microaggressions in the healthcare context mainly focused
on uncovering the microaggressive themes as experienced by minorities belonging to one par-
ticular socially disadvantaged group (Almond, 2017; Cruz et al., 2019; Feagin & Bennefield, 2014;
Frankset al., 2005; Hobson, 2001). Only very few studies focused on microaggressions experi-
enced by women in the healthcare domain. Among the most relevant studies is the one con-
ducted by Smith-Oka (2015). She conducted ethnographic fieldwork to study interactions between
health providers and obstetric patients in Mexico and found that microaggressions in clinical
encounters were related to the following overarching themes: 1) perceptions of suitability for
good motherhood; 2) moralized versions of modern motherhood inscribed on patient bodies; 2)
a priori assumptions about the hypersexuality of low-incomewomen; and 4) clinician frustra-
tion exacerbated by overwork resulting in corporeal violence. Even though this study provides
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Elena Piccinelli, Sara Martinho, Christin-Melanie Vauclair
insights into microaggressions experienced by women in medical encounters, it is embedded in
the very specific healthcare context of obstetrics in Mexico.
There is also one recent qualitative study on microaggressions experienced by LGBTQI +
minority members in the medical healthcare context which identified the following themes:
Endorsement of Heteronormative or Gender Normative Culture and Behaviours, Discomfort With
or Disapproval of LGB or Transgender Experience, Environmental Microaggressions and Systemic
Microaggressions (Dean et al., 2016). This study focused generally on sexual orientation, without
specifically considering the experiences of self-identified women. Nevertheless, it provides a
first glimpse into the microaggressive themes that may underly the experiences of LGBTQI+
populations in the healthcare context. Particularly interesting is the theme Systemic Microag-
gressions which manifest in institutional organization and policy (both de jure and de facto),
including educational programming and curricula, and are closely linked to the lack of diver-
sity trainings for health professionals (Dean et al., 2016). These type of microaggressions go well
beyond interpersonal expressions of biases and point to the larger systemic and structural prob-
lems of discrimination that are engrained in society.
Finally, Snyder et al. (2018) conducted a study in the U.S. on multiracial male and female
patients. They found that microaggressions were driven by health providers making mistaken
assumptions about patientsethnic identity, family kinship and income class or degree of edu-
cation based on their physical attributes. They also found that intersectionality was an impor-
tant reason for attributing microaggressions or feelings of awkward encounters in health care
because participants could not attribute them just to race. This is an important finding because
it suggests that intersectionality may be an important issue for the experience of microaggres-
sions. Yet, Snyder et al. (2018) did not further examine how intersectionality may play a role for
the type of microaggressions that their intersectional patients experienced.
Intersectionality has recently become a buzzword in psychology and is well integrated into
feminist writings in the social sciences (Else-Quest & Hyde, 2016). Intersectionality evolved from
Black Feminism and Critical Race Theory and is a theoretical and analytical approach emphasiz-
ing that social experiences are shaped by multiple categories of identity, difference, and inequal-
ity (e.g., gender, race, sexual orientation, disability and others) (Cole, 2009). It can be defined as
the interconnected nature of social categorizations as they apply to a given individual or group,
which create overlapping and interdependent systems of discrimination or disadvantage (Oxford
University Press, 2019). In other words, people with different minoritarian identities may not
simply experience discrimination based on the separate social groups they belong to (e.g., rac-
ism or sexism) but they are subjected to specific forms of prejudice related to the intersection of
their identities as is the case of the phenomenon of gendered racism (Lewis & Neville, 2015). This
may expose individuals to microaggressions of a somewhat different nature (Nadal, etal., 2015;
Sue, 2010). For example, Nadal et al. (2015) recently demonstrated that microaggressions towards
people with intersectional identities contain themes that are different to those that have been
established for non-intersectional minorities: women of color described experiences related to
exotization, or ambiguous compliments about their appearance, while lesbian women appeared
to be exposed to gender-based stereotypes related to masculinity.
In this study, we aim to examine microaggressions experienced by women in the health care
context in Portugal by taking into account that intersectional identities can give rise to differ-
ent experiences. We consider that social identities are multifaceted and can include different
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Expressões de Microagressões Dirigidas a Mulheres no Contexto do Sistema de Saúde:
Uma Abordagem Baseada em Incidentes Críticos
minoritarian and intersectional identities. Hence, our overall research question is: What type
of microaggressions do women and those with intersectional identities experience in the health
care domain in Portugal? To the best of our knowledge, this is the first study that aims to answer
this question in the Portuguese socio-cultural context.
Methods
Participants
Female participants were recruited through personal contacts and via snowball sampling
within the activist community. Participants were deemed eligible if they were activists or highly
committed to social minority causes which was established as an eligibility criterium because
the ability to recognize subtle discriminatory acts, such as microaggressive incidents, should be
greater when women have developed an actively committed identity (Capodilupo et al., 2010;
Downing & Roush, 1985). This approach made it more likely to reach a point of saturation with a
relatively small number of interviews.
The sample was composed of 17 women belonging to different social minorities with 6
self-identifying just as Portuguese women and 11 indicating intersectional identities, i.e. identi-
fying themselves also with a LGB minority group (n=5), or with a specific ethnic minority (n=4),
or as a functionally diverse woman (n=2). Participantsage ranged from 23 to 59 years (M = 38).
Sixteen of them self-identified with the feminine gender, one participant self-identified with
non-binary gender. All participants had Portuguese nationality, three of them also had a sec-
ond nationality. All participants self-identified as activists and/or feminists. Fourteen of them
defined themselves as ´formal activists´ (meaning that they usually engage in activities with
associations, organizations and other entities that openly work with activism), while three of
them defined themselves as ´informal activists´ (intending activism as an every-day contribu-
tion through interpersonal relations, work activities, research activities, etc.). As activists, partic-
ipants expressed their interest in different forms of activism, such as feminism, ethnic activism,
activism for LGBTQI+ peoples rights, activism for functionally diverse people’s rights, and inter-
sectional forms of activism.
Procedure
Instruments
The development of the semi-structured interview guide relied on previous literature about
microaggressions (e.g., Capodilupo et al., 2010) and discrimination in the health care, as well
as on Flanagans Critical Incident Technique (1954). The latter aims to identify the observation
of human behavior that has critical significance for the target person. Critical incidents refer
to situations which are remembered because they are perceived as problematic, upsetting or
confusing. This makes it a highly suitable method for the identification of microaggressions by
individuals who are highly committed to social minority causes because they are more likely
to appraise and remember situations as critical and as reflecting a subtle form of discrimina-
tion (Capodilupo et al., 2010; Downing & Roush, 1985). The use of this technique can provide the
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Elena Piccinelli, Sara Martinho, Christin-Melanie Vauclair
researcher with a rich description of the microaggressive incident, according to the perspective
and to the subjective reality of the interviewee. The subjectivity of the experience and apprais-
als of microaggressive incidents is a key element of the microaggressions framework (Sue, 2010).
This technique also offers the opportunity to construct short vignettes that can be used for train-
ing purposes to sensitize enactors of microaggressions and illustrate how they are experienced
by the targets. Critical incidents have been used in a wide range of disciplines, such as Nursing,
Medicine, and Psychology. In particular Intercultural Psychology has made use of critical inci-
dents for training purposes to sensitize individuals about specific issues, and to trigger empathy,
raise awareness and stimulate critical thinking (Herfst et al., 2008). Yet, to the best of our knowl-
edge this technique has not been used to extract and illustrate microaggressive themes in the
healthcare context.
The interview guide started with a definition of microaggressions and some very general
examples. At the end of the introduction, the interviewer used the critical incident technique
(Flanagan, 1954) to elicit concrete accounts of experiences with microaggressions directed at the
interviewee or other people that had occurred in the healthcare context. Open-ended questions
followed in order to probe into the details of the incident and to facilitate the remembrance of
the situation of microaggression (Gremler, 2004) (e.g., the actors involved, the emotions felt, the
perceived cause of the incident, the psychological and practical consequences, etc.). The memory
of one incident often triggers the memory of similar incidents (Edvardsson & Roos, 2001). Hence,
the same set of questions was repeated for each incident described. At the end of the interview,
questions about personal details (age, gender, identification with social minorities, details about
their engagement as activists) were asked.
A pilot study was conducted in order to test the interview guide. Four women participated in
the pilot and were given instructions to recall microaggressive incidents either before or during
the interview took place. Participants who had received the instructions before the interview
remembered about twice as many incidents of microaggressions and were able to provide more
details in their description than those who received the instruction during the interview. For this
reason, it was decided to provide all participants of the main study with the instruction prior to
the interview.
Data collection
Interviews were conducted in Portugal, between March and May 2019 and followed the ethi-
cal principles and code of conduct for psychologists as stipulated by the American Psychological
Association (APA). The informed consent ensured that participation was voluntary, anonymous
and confidential. The principle of saturation (Saunders et al., 2018) was reached after interview-
ing 17 participants. Out of 17 interviews, 12 were conducted face-to-face, three were conducted
on video-call and two via telephone. The interviewsduration lasted on average 27 minutes. All
interviews were conducted by the same interviewer, in Portuguese, were audio-recorded, and
transcribed verbatim. Quotes reported in the results section were translated from Portuguese to
English.
Data Analysis
A thematic analysis was conducted with NVivo to identify specific themes within the data to
help understand the meanings of the microaggressive incidents (Braun et al., 2018). The chosen
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Uma Abordagem Baseada em Incidentes Críticos
unit of coding consisted of segments of conversation that represented a single message or a dis-
tinguishable feature relevant for each created node. The length of these units differed and was
determined by the coder, a valid approach when the analysis is conducted on semi-structure
interviews containing open-ended questions with free-flowing text data (Kurasaki, 2000). For
our analysis, we first inductively identified and labelled categories of microaggressive incidents
based on specific underlying themes. The coded segments were first categorized deductively,
i.e. based on themes that had already been established in the literature about microaggressions.
When this was not possible, we created new themes considering the social psychological litera-
ture about stereotyping and discrimination. A total of 17 microaggressive themes were identified
with this approach which can be seen in Table 1.
Peer debriefing was repeatedly done during the different phases of the study. Codes and
coding procedures were reviewed and discussed within the research team to mitigate biases due
to the researcher´s subjective judgments (Coutinho, 2008). Moreover, a third researcher reviewed
the coding of two interviews, which were randomly selected (20% of all collected data) and stated
whether they agreed or disagreed with each code.
TABLE1
Microaggressive Themes
Microaggressive themes Frequencies Denition
Women in general
1. Ascription of inferiority 8 Related to the belief that women are too emotional and hypochondriac, and not
able to decide for their health neither to understand their own health issues.
2. Assumption of traditional
gender roles
1 Related to the belief that women should follow the gender roles prescribed by
society, especially in the context of family care.
3. Moralization 4 Microaggressions related to this theme were found to be triggered when
women were believed to be breaking moral norms related to feminine sexuality
and pregnancy.
4. Female objectication 6 Includes any attitude that treats women like objects, depriving them of their
value as human beings.
5. Pain endurance 4 Related to the belief that women have a lower pain endurance, are more
sensitive to pain and more willing to report it.
LGB women
6. Assumption of abnormality 3 Related to the belief that LGB women are socially deviant or sick, and that
homosexuality, bisexuality, transsexuality and intersexuality are something
unnatural and abnormal
7. Endorsement of
heteronormativity
5 Refers to providers’ assumptions a priori that their patients are heterosexual.
Ethnic minority women
8. Second-class citizenship 5 Refers to the treatment of women belonging to ethnic minorities as inferior or
as “lesser persons”
9. Exotization 2 Related to the sexualization and objectication of black women and their
bodies and to assumptions on hyper-fertility, sexual promiscuity and lack of
family planning
10. Invisibility 2 Refers to the invisibilization of women belonging to ethnic minorities
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Microaggressive themes Frequencies Denition
Functionally diverse women
11. Desexualization 1 Refers to the belief that functionally diverse women are asexual beings
12. Insensitivity 4 Includes any attitude of insensitivity and lack of empathy towards people with
functional diversity and their condition
Patients as a disadvantaged group
13. Attitude of superciality 3 Refers to providers’ attitudes of superciality during consultations.
14. Lack of sensitivity-empathy 3 Refers to providers’ lack of sensitivity or empathy for patients’ health condition,
illness or emotional status.
15. Reduction to body parts 2 It refers to the treatment of patients as objects, as mere bodies with illnesses,
without their own feelings, willingness, personality and history.
16. Paternalization 2 Health providers often assume a position of authority towards their patients,
lacking in eective communication and invalidating their experiences.
17. Systemic Microaggressions
16 Occurs at the systemic level, being embedded both in formal and informal
practices, explicit or subtle norms of organizational structures.
Results
Microaggressions against Women in General
Ascription of Inferiority
Many women mentioned situations in which health providers treated them as unable to
understand their clinical conditions and that health providers claimed them to be highly anxious
or hypochondriac underscoring their perceived weakness and inferiority.
And he always has those phrases that cost me a little to listen to because he says, ´Marta*
is very anxious, Marta is always very anxious´” [IP 2, 34 years; *Name was changed]
Prescription of Traditional Gender Roles
Interviewees recalled situations of interaction with health providers in which their social
roles as women, mothers and caregivers were taken for granted.
“During the period of hospitalization [of my recent-born daughter] I rarely received
information about my baby. Information was always given to the father, [] And there
was this issue, that the mother, clearly, the mother is a caregiver and the father is the
decider. [].” [IP 11, 33 years]
Moralization
Participants reported that health providers assumed microaggressive attitudes in situations
in which patients were perceived to break moral norms related to feminine sexuality and preg-
nancy.
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Uma Abordagem Baseada em Incidentes Críticos
“Once, when I was a kid; I was 12 years old, [], and I suddenly started having a hip pain,
and at the time I didn’t know what it was. []. So, I was in a lot of pain [] and had to go
to the doctor and the nurse... [] The nurse was so, she was mean to me. I didn’t know
what it was, I was still a virgin at the time, and she said to me: ´Ah, this is what you get
from the men you sleep with.´” [IP 10, 49 years]
Female Objectification
Participants expressed feeling treated like objects, being deprived of their value as human
beings. For example, many women described the feeling of being treated as reproduction
machines during maternity and childbirth, particularly in medical specialties as gynecology
and obstetrics.
“I think I was under 13, like 12 and 13 years old, and whenever I was wearing a bra, I had
a lot of pain. [] And I remember asking that question [to the gynecologist]. [] And the
answer I got was... [] ´wear a sports bra on ordinary days and wear a prettier bra when
you go out for parties which can be seen” [IP 6, 23 years]
Pain endurance
Many women described situations in which health providers treated them as if they were
destined to suffer and endure pain, physically and psychologically, during their whole life.
And when you say youre in pain [during childbirth], all they do is to say, and repeat it
over and over again: ´Hang in there. Being a mother is like this. That’s our cross. What
did you think it would be like?” [IP 9, 45 years]
Microaggressions against Women with Intersectional Identities
Ethnic Minority Women
Second-Class Citizenship. Ethnic minority women reported situations in which they were
treated as less worthy and less deserving which made them feel inferior and discriminated
against.
“I’m Indian, and I have a complicated name. The first name, Lisa*, is simple, but the others
are quite complicated. [] when I arrived in the office of the doctor or the provider, there
would always be a… how to say… condescending comment in relation to my name.[IP
8, 35 years; *Name was changed]
Exotization. Women of color recalled incidents in which health providers made assumptions
about their style, attractiveness and standards of beauty. Other participants described situations
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which expressed the belief that women coming from developing countries are hyper-fertile, sex-
ually unbridled and suffer from lack of family planning.
“[] He made a comment that... [] It must have been about my eyes, the color of my
eyes... Something like that. As if it was surprising because Cape Verdeans aren’t usually
so beautiful. ´The eyes are so beautiful; the skin color is so beautiful´.” [IP 2, 34 years]
“Being pregnant, she experienced many situations, and being Brazilian... many situa-
tions related to be judgment of the reproductive capacity of Brazilian women. There was
a doctor who told her ‹You Brazilians can’t stay still; youre always having kids. ›” [IP 10,
49 years]
Invisibility. Ethnic minority women described the feeling of being invisible, unworthy of
recognition powerless and overlooked.
“First, we spent hours in the hallway of the emergency, she [the grandmother] was com-
pletely delirious from fever... And in this situation, yes, I felt invisible []. I believe that
if I was a man [] I would have had another type of attention. And, also, because were
Indian.” [IP 8, 35 years]
This happens many times, regardless of being or not in health situations. [...] But I remem-
ber being at the emergency department, at the hospital, and I remember being a at the
entrance, to check in, (maybe it was the day of childbirth, I don’t remember), there was
a couple and they were being attended, and there was no one else to be attended, only
me. [] And they were attended, and when I advanced, the nurse decided at that time
to staple all the papers she had and go to the doctor or whoever was in the other room.
I think it was on the day of childbirth... I was feeling some pain and it was exacerbating
the situation even more... [] And I actually felt invisible and I had to do something, I had
to be angry at her and to say that not even in situations of emergency people are careful
enough to understand and to be, once more, sensitive. ” [IP 2, 34 years]
LGB Minority Women
Assumptions of Abnormality. LGB women reported being treated as socially deviant, as if
homo-, bi-, trans-, and intersexuality were something unnatural and abnormal.
“I know this lesbian girl that went to a gynecological consultation. And the doctor, it was
a woman, suggested her to use some contraceptives, and she [the girl] said she didnt
need to. The doctor was shocked. And the girl said ´No, it is because I like women, I am
lesbian, I dont need contraceptives´. The doctor advised her to go see a psychologist [].
[IP 6, 23 years]
Endorsement of Heteronormativity. Many LGB women recalled incidents in which health
providers assumed a priori that their patients were heteronormative.
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The doctor’s great concern was – it was a female doctor – […] which contraceptive meth-
ods I used. When I said I didn’t use any, [] she gave me almost a sermon saying: ´you
will get pregnant…´.” [IP 3, 59 years]
Functionally Diverse Women
Desexualization. Women with functional diversity reported situations in which their sexu-
ality and sexual identity were ignored, and they were treated as asexual beings, devoid of sexual
needs and desires.
“[] it happened to me in a gynecology consultation, when I had a complicated problem...
the problem had a simple solution, but their assumption was like ´Ah, it doesn’t matter,
as you don’t need to have it [internal reproductive organs], we take everything out. Since
you won’t have to [] reproduce...´ []. They wanted to take it all out, do a general hys-
terectomy and remove all the organs to solve the problem.” [IP 12, 52 years]
Insensitivity Towards Functionally Diverse People. Interviewees described health pro-
viders’ attitudes of insensitivity towards people with functional diversity and their condition.
[Microaggression experienced by a woman on a wheelchair] “The other day I went to
do an echocardiogram. And there was a big stretcher, something that you can’t just put
the chair underneath it to let me get on it, and I asked the lady how I was going to get on
the stretcher. And she put a footstool next to me, for me to get on the stretcher.” [IP 12, 52
years,]
Microaggressions against Patients as a Disadvantaged Group
Unexpectedly, participants reported some microaggressive incidents as not being related
to their gender or to their intersectional identities, but to providers’ attitudes of superficiality,
insensitivity, objectification, and paternalization towards patients in general. These microag-
gressions are described below.
Attitude of Superficiality
Participants referred to attitudes of superficiality during the consultations.
“[] A few years ago, I went to a dermatologist []; we had a scheduled appointment
and she arrived half an hour late, the consultation lasted ten minutes and I paid – at the
moment – 80. And she wasn’t looking at the problem I had on my skin, she just passed
the prescription.” [IP 2, 34 years]
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Lack of Sensitivity/Empathy
Participants reported incidents in which they, or the patient in the situation, did not feel
understood, or being treated without any sensitivity or empathy for their health condition, illness
or emotional status.
“I also have a family member who had an ectopic pregnancy, so the baby got stuck in the
fallopian tube and did not grow up. And it was a baby she wanted very much, it was the
second child, but she really wanted to have a second child. And the doctor just said to
her: ´now you probably won’t have children anymore´.” [IP 1, 27 years]
Reduction to Body Parts
Participants described the feeling of being reduced to the body parts to be treated, without
consideration of their own feelings, willingness, personality and history (Bernard et al., 2015). 
“[] she [the doctor] started to do a pap-test, but in a way... I felt very mistreated and did
not show any reaction [] She talked a lot with the intern and little with me, so even
when the intern wasn’t there, she spoke less to me and looked more at the computer. []
And then, when she was doing the pap-test, she told me to undress from the waist down
and she didn’t put a towel on top of me, or anything else. [..]. And I had no ability to react,
I felt very exposed, because I was there, naked, the intern was a man, and she had no
consideration at all.” [IP 10, 49 years]
Paternalization of Patients
Many participants described situations in which health providers assumed an authoritarian
position failing in facilitating a shared decision-making process and invalidating their experi-
ences.
“I felt I had an infection of the urinary tract. It was not the first time, and, as women, I
think we know when we have a urinary infection, we recognize the symptoms, etc. And
I got there and said I have a urinary infection, and the doctor had that reaction that was
like ´I’m going to tell you whether you have one, lets see´. [IP 15, 31 years]
Systemic Microaggressions
During the data analysis, we also retrieved microaggressions that reflect discriminatory
processes systematically built into organizational structures. Systemic discrimination is perpe-
trated through established practices and procedures, including both specific formal rules and
informal practices embedded in organizational norms, which have become “part of the system
(Beck et al., 2002).
“I had a postpartum complication and had to be hospitalized in the intensive care. And
meanwhile the two babies they were twins had to go to neonatology because it was
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the only place where they could stay. [...] In this context, Sofia* [the partner] experienced
some unpleasant situations, for example they referred to her as ´father´ [] The mother
was me who had the babies, and there can only be one mother and one father, so she
was the father. Or in the sense that initially only the parents can entermother and
father, into the neonatology ward, so they tried to ban her access because she was nei-
ther mother nor father.” [IP 7, 38 years; *Name was changed]
A specific example is represented by physical barriers that impede people with functional
diversity (e.g., in a wheelchair) to access specific areas.
“The medical offices, in this case within the gynecology services, are all structured for
women who have a normal mobility. I can’t get on a stretcher in a gynecological consul-
tation in a public hospital or any hospital.” [IP 12, 52 years]
Discussion
Microaggressions in the healthcare context are a subtle, but potentially harmful phenome-
non by being unconsciously perpetrated by health providers towards patients. The main purpose
of this study was to conduct a qualitative analysis in order to identify, analyze and understand
microaggressive incidents towards women in the healthcare context by taking into account that
women may belong to various minority groups and experience specific microaggression related
to their intersectional identities. This study identified five themes based on microaggressive
attitudes towards women in general and seven themes reflecting intersectional microaggres-
sive incidents (for ethnic minority women, LGB women or functionally diverse women). Unex-
pectedly, we also found four microaggressive themes specifically related to providersattitudes
towards patients without being related to other forms of discrimination. Moreover, there was
one theme that reflected the disadvantages and inequalities expressed in microaggressions of
systemic nature. In the light of these results, there are four key contributions of our study to the
literature.
First, most of the themes presented in this study match the already existing literature about
sexist, racist, heterosexist, ableist and intersectional microaggressions, which validates the
themes identified here, but also shows that the social relations in the healthcare context are
subjected to the same discriminatory mechanisms as in other contexts. This is of great relevance
because the experience of microaggressions has been linked to impaired mental health and psy-
chological wellbeing (Nadal et al., 2014; Nadal, et al., 2016), and health care professionals may
unconsciously add to the targets´ cumulative experience of subtle discrimination which is par-
ticularly damaging for patients because they find themselves in a context of heightened vulner-
ability. In this context, the themes assumption of inferiority and traditional gender roles which can
be found in the literature about gender microaggressions, are also conceptually similar to the con-
cept of benevolent sexism proposed by Glick and Fiske. Their conceptualization of hostile sexism
fits well with our microaggressive theme moralization which refers to the belief that womens
sexuality is dangerous to men and to the current social hierarchy (Glick & Fiske, 2001). The theme
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moralization, as well as female objectification, reflect the themes uncovered in Smith-Oka´s (2015)
study, yet are somewhat different to what she has found (Smith-Oka, 2015). This may be because
the focus on obstetrics in her study narrows the perspective only to the experiences of pregnant
women, which can be considered an especially vulnerable group. Interestingly, we found that
these same contents were present in microaggressions experienced by non-pregnant women,
being still particularly related to sexual and reproductive health. In particular, Smith-Oka (2015)
found that providers attitudes of moralization were mainly related to providersperception of
their patients capacity of being good mothers; we found these same attitudes to be related to
the breaking of moral norms about female sexuality. She also found the theme of female objecti-
fication to manifest in the form of corporal microaggressions, which translate in physical forms
of obstetric violence; in our study, we included in this theme those incidents, non-physically
violent, in which women reported to be treated like reproductive machines. Finally, Smith-Oka
(2015) found some microaggressions to be related to providersassumptions regarding patients
unbridled sexuality: we found this theme to be recurrent in ethnic minority women as a form of
exotization.
Second, this study suggests that there are some microaggressive themes that are character-
ized by stereotypes specific to the healthcare context, and that are not present in other con-
texts. The theme pain endurance, which has already been identified in studies about Gender Role
Expectations of Pain (GREP) according to which women are commonly considered less able to
endure pain and more willing to report it (Robinson et al., 2001; Wandner et al., 2012), was never
considered in the literature about microaggressions in healthcare before. Similarly, issues of
desexualization and insensitivity towards functionally diverse women have already been flagged
before, but never in the framework of microaggressions (Keller & Galgay, 2010; Scullion, 1999).
Third, the focus of this study on intersectionality has allowed us to analyze the experience
of women belonging to multiple minoritarian groups. On the one side, participants with intersec-
tional identities were able to identify microaggressions directed to the specific intersections of
their identities. In other words, women belonging to an ethnic minority were found to experience
certain forms of microaggressions, different from those experienced by LGB women and func-
tionally diverse women, which in turn described microaggressive experiences unique to their
groups. Previous research has already pointed to the issue of gendered racism (Lewis & Neville,
2015) and ethnic minority women experiences of invisibilization, exclusion and isolation, biased
compliments on appearance, and assumption of inferior status (Nadal et al., 2015; Sue, 2010). This
has also emerged in the themes of this study (see second-class citizenship, invisibility and exoti-
zation). Furthermore, past studies found that LGBTQI+ women experience microaggressions in
the healthcare setting in the form of health providersheteronormative assumptions (Dean et
al., 2016). Previous research focusing on patient-centeredness have also emphasized that among
clinicians, there is lack of knowledge of LGBTQI+ health needs (Lee & Kanji, 2017; Smith & Tur-
ell, 2017). Lesbian mothers can be considered a particularly vulnerable category, being likely to
experience forms of heterosexist invalidation and exclusion (Dahl et al., 2013; Gregg, 2018). All of
these issues have also been identified in the themes of this study (see assumptions of abnormality,
endorsement of heteronormativity). On the other hand, participants with intersectional identi-
ties were also found to experience microaggressions uniquely related to their gender identity
as women (themes described under microaggressions towards women in general in the results).
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These results are relevant because they highlight that some themes transversally characterize
the experience of all women, while others are specific to the intersection of particular identities.
Fourth, we found that some of the microaggressions did not rely on sexist, heterosexist, racist
or ableist beliefs, but on patients as a disadvantaged group. Power disparities between patients
and providers allow us to define patients as a social minority due to differences in status, power,
rank and privileges (Tajfel, 1982). By considering microaggressions towards patients in general,
we propose that microaggressions may be related not only to social stereotypes, but also to other
types of mistreatment related to power disparities. The themes of attitudes of superficiality and
lack of sensitivity/empathy can also be regarded as lacking patient-centeredness (Taylor, 2009)
which may jeopardize treatment adherence and trust in the health care provider, and, therefore,
ultimately patients´ health outcomes. On the other hand, the issue of reducing to body parts and
patronizing patients may be exacerbated by sexist beliefs that objectify and patronize females
in particular. Hence, while some themes might also occur with male patients, others imply an
exacerbation of subtle discrimination for female patients due to their overlap with sexist themes
while yet other themes reflect uniquely female issues (e.g., moralization) or issues related to
women with intersectional identities (e.g., exotization).
A last group of microaggressive themes was related to systemic microaggressions. In this con-
text, an approach focused on the macro level may allow to identify and understand the systems
of privilege and power, social hierarchies, symbolic systems and cultural imageries on which
microaggressive incidents rely (Embrick et al., 2017). Systemic microaggressions have already
been identified in previous studies and linked to deficits in institutional policies as well as in pro-
viders’ education (Dean et al., 2016). In addition, we regarded systemic microaggressions as those
incidents related to organizational norms and practices, formally or informally defined, which
systemically discriminate a certain minority group (e.g., the non-recognition of lesbian co-moth-
ersrole, the presence of architectural barriers impeding the acess of functionally diverse peo-
ple, etc.).
The microaggressive themes presented in this study are the result of social stereotypes,
discriminatory mechanisms, power disparities and lack of patient-centeredness. This could be
tackled by training health care professionals with the use of short vignettes that illustrate the
targets´ experience. Appendix A shows a selection of critical incident vignettes based on the
microaggressive themes retrieved in this research through the Critical Incident Technique. They
would make an insightful training tool to render the subtleties of discrimination more visible
showing how scientific results can be used for multiple practical purposes, such as in the sensi-
tization of health providers.
Limitations and future research
The present study focused on the experience of women who self-identified as feminists and/
or activists. The choice to focus on this population was based on studies showing that individuals
actively committed to social causes are usually more sensitive about discrimination, and thus
may be more able to identify microaggressions which are defined as subtle forms of discrim-
ination (Capodilupo et al., 2010; Downing & Roush, 1985). However, the focus on this specific
population and the use of snowball sampling may have restricted our perspective, overlooking
the perception of those who have different backgrounds and levels of sensitivity. Future research
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should take into consideration a more diverse sample, including participants that are not activ-
ists and possibly using random sampling.
The use of semi-structured interviews is highly useful, but also bears limitations. This type of
interviews creates some difficulties in terms of coding and coding comparisons, because it does
not allow to select a standard unit of coding. Furthermore, as critical incidents take the shape of
remembrances, scholars should pay a special attention to the relationship between human mem-
ory and time: many factors may influence the way interviewees will remember the incident, such
as its valence (positive and negative incidents require different types of cognitive appraisals, and
therefore are diversely stored in memory) and easiness of retrieval since the incident occurred
(Edvardsson & Roos, 2001). We suggest further research using the Critical Incident Technique to
carefully consider these issues.
The present study confirms the existence of microaggressions towards women in the health-
care context but leaves some questions open. Future research should understand the degree to
which men with different intersectional identities are exposed to microaggressions in the health-
care context. This would primarily allow to understand the role of gender identities in the sub-
jective experience of different microaggressions. For example, Dean and colleagues (2016) report
that HIV/AIDS prevention campaigns are often exclusively directed at gay men and almost never
involve lesbian women, representing an environmental microaggression for both homosexual
men and women. Studies aimed at comparing the different experiences of men and women with
intersectional identities should be also conducted in the Portuguese healthcare context. Further-
more, it would be important to identify possible gender differences on the side of the enactors:
do male and female health providers enact microaggressions in the same way? Do they have the
same training needs? Does the gender matching of health providers and patients mitigate the
phenomenon of microaggressions?
Future research should develop a scale to assess the experience of microaggressions in the
healthcare context by individuals with intersectional identities. This would provide a more quan-
tifiable insight into social minority´s experience and how it relates to other outcome variables,
such as treatment adherence and outcomes. In this context, other minoritarian identities (e.g.,
age, weight, social class, educational level) could also be taken in consideration and potentially
confounding variable, such as mental health status, could also be controlled for. Even though it
is unlikely that all our participants suffered from mental health issues, other researchers have
already pointed out the possibility that those who perceive microaggressions might be suffering
from negative affect which makes them more susceptible to perceive ambiguous messages as
microaggressive (e.g., Lilienfeld, 2017). More quantitative research is needed to establish cause
and effect relations and to control for such confounding variables.
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PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVI • Issue Fascículo 1 • 1st january janeiro-30th june junho 2020 pp. 44-64
Elena Piccinelli, Sara Martinho, Christin-Melanie Vauclair
Annex A
Critical Incidents
1. Exemplary microaggressive incident towards women in general: Pain Endurance
Maria is a 32-years-old Portuguese woman. She lives in a medium-sized Portuguese town
with her husband, Luís. She is at the beginning of the last week of her pregnancy, expecting her
first child.
After two hours the contractions become more regular and intense and Maria starts to be in
great pain. She and Luis call a doctor who tells them to enter a room and starts examining Maria.
At the end of the examination, the doctor tells Maria that everything is fine with the baby but
that she is not enough dilated yet. She needs to wait more. Noticing the expression of tiredness
and discomfort on Marias face, he continues: “I know it hurts, but you are a mother now. What
did you expect? This is only the beginning. This is a mother’s life. You will have to endure a lot of
pain from now on. Maria feels scared and confused, but she does not know what to answer. She
goes back to the corridor and continues to walk. Once in a while, a health provider checks the
baby heartbeats. Six hours later, she is finally ready to give birth.
2. Exemplary microaggressive incident towards LGB women: Endorsement of heter-
onormativity
Diana is a Portuguese 25-years-old woman who is living and studying in a big Portuguese
city. She moved there recently from a small Portuguese village with her partner Júlia.
One day, Diana decides to go to a gynecologist for a routine check. On the day of the appoint-
ment, Julia accompanies Diana to the clinic. Once arrived, they head to the check-in desk. The
attendant nicely asks for Dianas documents and types something on a computer. Then she looks
at Julia and asks her if she has an appointment, too. Julia answers that she is only accompa-
nying Diana. When the attendant asks what their parental degree is, Julia replies that she is
Dianas girlfriend. The attendant rises an eyebrow, stares at them for some seconds and then
coldly answers: “Well, I am sorry, but you will have to stay in the waiting room. We only allow
family members to enter.Perplexed, Julia and Diana look at each other, then they silently nod
and go to the waiting room.
3. Exemplary microaggressive incident towards ethnic minority women: Exotization
Carol is a 30-years old woman, who immigrated together with her husband from Brazil to
Portugal 10 years ago and now lives in a big Portuguese city. When Carol discovers to be preg-
nant of her first child, she searches for a doctor to do a first examination.
The doctor kindly welcomes her, and after a few general questions about her medical his-
tory, invites her to lie down on the stretcher for the echography. Before he starts, he looks at her
and says: “You Brazilian people! You are always having kids, aren’t you? You are tireless. Carol
feels very uncomfortable: this is her first pregnancy and she and her husband waited to have a
stable life before deciding to have a child. Lying on the stretcher while the doctor visits her, she
feels vulnerable and powerless. She decides to ignore the doctorscomment and to focus on the
image on the display of the ultrasound machine.
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PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVI • Issue Fascículo 1 • 1st january janeiro-30th june junho 2020 pp. 44-64
Expressões de Microagressões Dirigidas a Mulheres no Contexto do Sistema de Saúde:
Uma Abordagem Baseada em Incidentes Críticos
4. Exemplary microaggressive incident towards functionally diverse women: Insensitivity
Irene is a 45-years-old Portuguese woman living in a medium-sized town with her family.
She has been on a wheelchair for five years, because of a car accident that left her paraplegic.
Despite the difficulties to adapt to her condition, Irene has been able to attain a regular and
happy life. Yet, she has experienced some breathing complications recently and her treating phy-
sician refers her to a specialist.
When she enters the doctors’ office, a young doctor welcomes her. He seems surprised about
her condition. He asks her to describe her symptoms and then to lay down on an examination
table. Irene looks at the table and feels confused. It is too high, and it is impossible for her to get
on it on her own. She asks the doctor how she is supposed to get on it. For some seconds, the
doctor seems confused too, then he takes a footstool and places it next to the examination table.
Irene feels angry. She replies: As I already told you, I am paraplegic. I cannot move my legs.
Ineed help.The doctor seems to understand. He apologizes and calls a technician to lift her. She
knows that there is no other way, but she hates to feel moved like an object.
5. Exemplary microaggressive incident towards patients: Paternalization and lack of sen-
sitivity/ empathy
Joana is a 38-years-old Portuguese woman. For a few weeks now, she is having a rash on
both her arms and legs. She decides to schedule an appointment with a dermatologist to check
the issue.
When Joana enters the dermatologists’ office, he invites her to sit and asks what her problem
is. While Joana answers the question, he keeps typing on his computer. He seems to be more
focused on what he is writing than on what she is saying. Joana lifts a sleeve of her shirt to show
him the rash. Without going any closer to her, he looks at her harm and quickly says: “Yes, I see.
Joana is feeling confused now. Is he paying attention to her? Did he really understand from a
simple, distanced look, what she has? She explains that she has had it for a few weeks now. She
tried to use some moisturizing creams, also went to the pharmacy and asked for a pomade, but it
did not work. The doctor nods while he is typing on his computer. After some minutes, he prints
a prescription and hands it to her. “This is nothing serious. You should pass this pomade twice a
day on the rash and take these pills once a day for two weeks. Do you understand?” Joana feels
that she wants to ask more details about the instructions he gave her, but she feels very uncom-
fortable. “Yes, I think I understood. Can you tell me what is it? What do I have?she asks. The
dermatologist’s answer sounds very cold: “Nothing to worry about. Just take the medicines and
it will pass.
65
RELAÇÃO ENTRE INICIATIVA DE CRESCIMENTO PESSOAL E
SINTOMATOLOGIA DEPRESSIVA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO
RELATIONSHIP BETWEEN PERSONAL GROWTH INITIATIVE AND
DEPRESSIVE SYMPTOMATOLOGY: AN EXPLORATORY STUDY
Aline Barros Brutti1, Manuel Joaquim Loureiro2, Henrique Pereira3,
Samuel Monteiro4, Rosa Marina Afonso5, Graça Esgalhado6
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XVI • ISSUE FASCÍCULO 1
1ST JANUARY JANEIRO  30TH JUNE JUNHO 2020 PP. 6575
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XVI.1.1
Submited on July, 2019
Submetido em julho, 2019
Resumo
O presente estudo teve como principais objetivos investigar a relação entre a iniciativa
de crescimento pessoal e a sintomatologia depressiva, qual o tipo de correlação entre as duas
variáveis e o efeito preditivo. Foi disseminado um inquérito online, constituído por um questio-
rio sociode
mográfico, o Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI 18) e a Escala de Inicia-
tiva de Crescimento Pessoal. A análise dos resultados permitiu constatar, com base no Coeficiente
de Pearson
(r), que uma relação entre as variáveis estatisticamente significativa, sendo a
correlação e o efeito preditivo negativos.
Palavras-chave: Iniciativa de crescimento pessoal; Sintomatologia depressiva; Saúde mental.
Abstract
The main objective of this article was to investigate the relationship between a personal
growth initiative and a depressive symptomatology, the type of change between the variables
and the predictive effect. It was an online questionnaire, consisting of a sociodemographic
1 Departamento de Psicologia e Educação da Universidade da Beira Interior. alinebarrosbrutti@gmail.com
2 Departamento de Psicologia e Educação da Universidade da Beira Interior. Centro de Investigação em Deporto Saúde e Ati-
vidade Física (CIDESD). loureiro@ubi.pt
3 Departamento de Psicologia e Educação da Universidade da Beira Interior. Centro de investigação em Ciências da Saúde
(CICS). hpereira@ubi.pt
4 Departamento de Psicologia e Educação da Universidade da Beira Interior. smonteiro@ubi.pt
5 Departamento de Psicologia e Educação da Universidade da Beira Interior. rmafonso@ubi.pt
6 Departamento de Psicologia e Educação da Universidade da Beira Interior. mgpe@ubi.pt
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PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVI • Issue Fascículo 1 • 1st january janeiro-30th june junho 2020 pp. 65-75
Aline Barros Brutti, Manuel Joaquim Loureiro, Henrique Pereira, Samuel Monteiro, Rosa Marina Afonso, Gra Esgalhado
questionnaire, the Inventory of Psychopathological Variants (BSI 18) and a Personal Growth
Initiative Scale.
An analysis of the results showed that there is no Pearsons Coefficient (r), that there is a
statistically significant relationship between variables, with correlation and negative predic-
tive effect
Keywords: Personal growth initiative. Depressive symptomatology. Mental Health.
1. INTRODUÇÃO
Durante o decorrer da vida, diversas situações exigem que os indivíduos realizem mudan-
ças a fim de lidar melhor com as necessidades de cada momento. Há mudanças que são inten-
cionais
e conscientes para alcaar determinados resultados. Esse processo intencional é denomi-
nado como Iniciativa de Crescimento Pessoal (ICP) (Robitschek, 1998) e é compreendido como um
pro
cesso ativo e intencional que o indivíduo realiza a fim de atingir o seu crescimento pessoal.
As alterações provenientes desse processo podem ocorrer em diferentes domínios da vida do
sujeito, como dimensões afetivas, cognitivas e comportamentais (Robitschek, 2003).
Segundo Robitschek (1998), a capacidade de o sujeito identificar e fazer mudanças pessoais
que possibilitem um desenvolvimento positivo, mesmo quando as suas condições de vida mudam,
é uma das definões de iniciativa de crescimento pessoal (ICP). Além disso, o crescimento
pessoal, na sua essência, é relevante a todos os indivíduos, pois a capacidade de mudar e de
se adaptar é uma característica de uma personalidade saudável e uma habilidade necesria
noutras esferas da vida, como a constrão de uma carreira, relacionamentos íntimos saudá-
veis e novos desafios ao longo da vida (Robitschek et al., 2012).
Salienta-se que a ICP envolve uma atitude mais ativa e participante em direção ao cres-
cimento pessoal, e pode ou não estar ligada a um evento importante da vida do indivíduo
(Bhatta
charya & Mehrotra, 2013). A diferenciação desses processos de mudança faz-se necessária,
pois
a ICP está associada a um aumento dos níveis de bem-estar e desenvolvimento positivo
dos indi
víduos, enquanto os outros processos não estão diretamente correlacionados (Robitschek,
1999).
Em conseqncia, fez-se necessário o desenvolvimento de uma escala para investigar a ICP
que
abrangesse as dimensões de todo o processo de forma multidimensional. Então, foi criada
por Robitschek et al. (2012) a Escala de Iniciativa de Crescimento Pessoal II (Personal Growth
Initiative Scale II – PGIS-II). Salienta-se que, anteriormente, tinha sido desenvolvido um ins-
trumento similiar e até com o mesmo nome, a Escala de Iniciativa de Crescimento Pessoal
( Personal
Growth Initiative Scale PGIS), mas esta não foi desenvolvida a partir da teoria de
iniciativa de cres
cimento pessoal, portanto, não compreendia a complexidade do processo de
mudança que exige
a ICP (Robitschek et al, 2012).
A escala de ICP compreende os seguintes aspetos: 1) o aspeto
intencional dos processos cog-
nitivos e comportamentais que são diretamente ligados com a ICP;
2) a qualidade geral das habili-
dades de crescimento pessoal (Robitschek et al., 2012).
A escala PGIS-II é composta por 16 itens, distribuídos por 4 fatores, os quais são a prontidão
para a mudaa; o planeamento; o comportamento intencional; e a utilização de recursos (Freitas et
al., 2013
; Robitschek et al., 2012). A dimensão cognitiva é avaliada pelos fatores “Prontidão para
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Relação entre iniciativa de crescimento pessoal e sintomatologia depressiva: um estudo exploratório
a mudançae “Planeamento”. Esses dois fatores referem-se à habilidade do sujeito em criar
ou identificar situações que permitam o seu crescimento pessoal e à habilidade de organizar
estratégias que facilitem o desenvolvimento do crescimento pessoal, respetivamente. Quanto à
dimensão comportamental, são analisados o “Comportamento intencionale a “Utilização de
recursos, e referem-se, respetivamente, à avaliação da disposição e motivação do indivíduo
para alcançar objetivos estabelecidos e o uso de recursos pessoais e externos para ajudar no
processo de mudança (Robitschek et al., 2012).
Na literatura pode-se analisar alguns estudos sobre a ICP e a sua relação com outras var-
veis. Um estudo feito por Robitschek (1999) evidenciou que níveis altos de ICP associam-se a
níveis superiores de bem-estar, e que o indivíduo apresenta maior propensão a
experimentar
bem-estar subjetivo quando consegue delimitar e alcançar os objetivos propostos
pela ICP.
Noutra investigação os resultados mostram que universirios que apresentam maiores
níveis de ICP são consequentemente mais determinados em termos de autoaperfeiçoamento, do
que aqueles com baixos valores de ICP. Ainda na mesma investigação foi constatada uma cor-
relação negativa entre o sofrimento psíquico e a ICP. Assim, a ICP reduz o risco de sofrimento
psicológico, uma vez que a amostra de adolescentes participantes do estudo que apresenta um
nível mais elevado de ICP experimenta um nível mais baixo de stresse e depressão (Ayub &
Iqbal, 2012).
Ainda noutra pesquisa realizada com estudantes verificou-se uma relão muito significa-
tiva entre a ICP, a autoeficácia emocional e o bem-estar. Estes resultados sugerem que o bem-
-estar é preditor e está forte e positivamente associado com a ICP (Beri & Jain, 2016).
Valorizando este resultado, merece-nos especial interesse a posvel relação entre a ICP e
estados emocionais negativos, como é o caso da depressão.
Sabe-se que hoje a depressão é vista como a principal causa de incapacitação e afeta indi-
duos em todo o mundo. Além disso, es posicionada como a quarta das 10 principais pato-
logias a nível mundial. Foi estimado a nível mundial, em 2015, que mais de 300 milhões de
pessoas sofressem de depressão (World Health Organization [WHO], 2017).
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-V (American Psychiatric
Association [APA], 2014, p.155) caracteriza a perturbação depressiva como “Presença de humor
triste, vazio, ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam sig-
nificativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo. Ainda segundo o DSM-V (APA,
2014), a perturbação depressiva major é associada a uma alta taxa de mortalidade, na maior
parte dos casos através do suicídio.
De acordo com Rubio (2002), entende-se que as possíveis causas da depressão podem estar
associadas a diversos fatores, isolados ou combinados, e assume-se que a sintomatologia pode
ocorrer mesmo quando, a priori, tudo corre bem na vida do sujeito. A autora aponta algumas cau-
sas possíveis, entre as quais o histórico familiar, outras doenças não psiquiátricas (por exemplo:
doenças crónicas, SIDA, cancro, alterações hormonais); uso de medicamentos; uso de substâncias
alcoólicas ou drogas; e situações de vida com intensa carga de stresse.
Segundo a Direção Geral da Saúde [DGS] (2017), em Portugal a taxa de risco para a depressão
aumenta com a pobreza, desemprego, acontecimentos de vida (como o luto ou rompimento de
relações), doenças físicas e problemas causados pelo abuso de álcool e outras substâncias. Entre-
tanto,
também é referido que a depressão afeta pessoas de todas as idades e em diferentes
extratos sociais.
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Foi evidenciado noutro estudo, realizado entre alunos universirios portugueses, uma
relação significativa entre a depressão, a qualidade de sono e o consumo de álcool. Perce-
be-se
que esta população jovem adulta também é suscetível a sintomatologia depressiva e muitas
vezes não possui compencias suficientes para lidar com os fatores stressores (Galvão et al., 2017
).
Num estudo realizado numa unidade de saúde familiar no norte de Portugal verificou-se que
também há níveis mais elevados de depressão na população idosa. Esse resultado indica que,
além do declínio cognitivo normal deste grupo, a depressão também é um elemento que requer
atenção (Chyczij et al., 2020).
A depressão afeta de forma prejudicial a qualidade de vida dos sujeitos. Existe uma relação
inversa entre a qualidade de vida e a sintomatologia depressiva, fazendo com que se verifique
que um baixo nível de perceção de qualidade de vida seja expressa por altos níveis da sinto-
matologia depressiva (Ay-Woan et al., 2006).
Como fica evidente nesta introdução, a ICP é um recurso positivo para o indivíduo, enquanto
a depressão tem um forte impacto negativo na vida e no funcionamento adaptativo saudável.
Desta forma, procuramos com a presente investigação averiguar até que ponto os níveis de ICP
e os indicadores de depressão estão correlacionados, observar os scores de ICP e de depressão
e, por fim, verificar um possível efeito preditivo entre as duas variáveis.
2. MÉTODO
2.1 Participantes
Na presente investigação participaram 1.895 indivíduos, entretanto, para fins de
signifi-
ncia estatística, foram suprimidos alguns participantes menores de 18 anos e maiores do
que 62
anos. Assim, a amostra é formada por 1.095 participantes, entre 18 anos a 62 anos, 332 do sexo
masculino (30.3%) e
756 do sexo feminino (69.0%) (7 participantes não identificaram o sexo). Sobre
a orientação sexual, 89.3% considera-se heterossexual, 6.2% bissexual e 4.3% é homossexual (0.3%
não respondeu a esta questão). Conforme as respostas, 45% dos participantes são solteiros, 27.2%
estão num compromisso afetivo, 15.3% são casados, 4.4% são divorciados, 7.0%
vivem em união de
fato e 0.6% são viúvos
(0.5% não respondeu a esta questão)
. Sobre a região geográfica, 45.1% afir-
mam que moram numa pequena cidade, 21.6% num pequeno meio rural, outros 21.6% moram
numa grande cidade e 11.2% em grande meio rural
(0.5% não respondeu a esta questão)
. Em
relação ao nível de escolaridade, 40.5% dos participantes responderam que têm licenciatura/
bacharelato, 40.3% afirmam que possuem até 12 anos de
escolaridade, 12.1% afirmam ter mes-
trado/doutoramento, 5.1% possuem escolaridade até ao
9.º ano, 1.2% até ao 4.º ano e 0.8% afir-
mam ter “outra.
No que diz respeito à situação profissional, 44.9% afirmam ser estudantes, 33.7% traba-
lham por contra de outrem, 7.8% são desempregados, 7.1% são trabalhadores-estudan
tes, 4.5% são
trabalhadores por conta própria e 1% são reformados
(0.9% não respondeu a esta questão)
. Con-
forme perguntado sobre
o estatuto socioeconómico, 58.3% assumem auferir um rendimento médio,
26.9% um rendimento médio-
baixo, 7.9% um rendimento baixo, 6.4% um rendimentodio-alto
e 0.3% um rendimento alto
(0.2% não respondeu a esta questão)
.
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Relação entre iniciativa de crescimento pessoal e sintomatologia depressiva: um estudo exploratório
Além disso, sabe-se que 87.6% são de nacionalidade portuguesa enquanto 10.8% são de
nacionalidade brasileira e 0.8% responderam outro (0.8% não respondeu a esta questão). Por fim,
89.0% responderam que residem em Portugal, 7.6% residem no Brasil e 3% respondeu outro (0.4%
não respondeu a esta questão), conforme podemos observar na Tabela 1.
TABELA1
Caracterização dos Participantes (N=1095)
n (%)
Género Amostra Feminino 756 (69%)
Masculino 332 (30.3%)
Não responderam 6 (0.6%)
Orientação Sexual Amostra Heterossexual 978 (89.3%)
Bissexual 67 (6.2%)
Homossexual 47 (4.3%)
Não responderam 3 (0.3%)
Estado Marital Amostra Solteiro(a) 493 (45%)
Compromisso afetivo 298 (27.2%)
Casado(a) 168 (15.3%)
União de fato 77 (7%)
Divorciado(a) 48 (4.4%)
Viúvo 7 (0.6%)
Escolaridade Amostra Até os 4 anos 13 (1.2%)
Até os 9 anos 56 (5.1%)
Até os 12 anos 441 (40.3%)
Licenciatura/Bacharelado 443 (40.5%)
Mestrado/Doutorado 133 (12.1%)
Outra 9 (0.8%)
Região Geográca Amostra Uma pequena cidade 494 (45.1%)
Uma grande cidade 236 (21.6%)
Um pequeno meio rural 237 (21.6%)
Um grande meio rural 123 (11.2%)
Situação Prossional Amostra Estudantes 492 (44.9%)
Trabalhador conta outrem 369 (33.7%)
Desempregado 85 (7.8%)
Trabalhadores-estudantes 78 (7.1%)
Trabalhador conta própria 49 (4.5)
Reformado 11 (1%)
Outro 7 (0.6%)
Nacionalidade Amostra Portuguesa 959 (87.6%)
Brasileira 118 (10.8%)
Outra 9 (0.8%)
País que reside Amostra Portugal 975 (89%)
Brasil 83 (7.6%)
Outro 33 (3%)
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2.2 Instrumentos
Os dados da investigação foram recolhidos com recurso a um Questionário Sóciodemo-
gráfico, para as variáveis sociodemográficas, O indicador de depressão foi obtido com recurso
ao fator
depressão do Inventário de Saúde Mental (BSI 18) (Derogatis, 2000; Canavarro et al., 2017
).
Este inventário tem por objetivo avaliar a psicossintomatologia experienciada pelo indiví
duo
na última semana, com foco na investigação das dimensões depressão, ansiedade e somati
zação.
Por sua vez a ICP foi avaliada com recurso à Escala de Iniciativa de Crescimento Pessoal (PGIS-
-II) (Robitschek et. al.,2012, Freitas et al., 2016; Loureiro et al., 2020).
A consistência interna do BSI 18 para o domínio da depressão revelou ser forte (α = .884). Os
valores da consistência interna referentes à Escala de Iniciativa de Crescimento Pessoal reve-
laram ser fortes (α = .942), e para seus quatro domínios resultaram: prontidão para mudança
(α=.854), planejamento (α = .902), utilização de recursos (α = .792) e comportamento intencio-
nal (α = .861).
2.3 Procedimentos
O presente trabalho foi aprovado pela Comissão de Ética da Universidade da Beira Interior.
Posteriormente a esse processo de aprovação, foi disseminado um inquérito online, através de
um link criado para tal. A aplicação respeitou todos os critérios éticos aplicáveis, nomeada-
mente a
apresentação dos objetivos da pesquisa, o tempo estimado para responder e a garantia de
anoni
mato nas respostas.
Os dados obtidos através desse procedimento foram utilizados exclusivamente para os fins
da pesquisa. Como critérios para inclusão na recolha de dados foram considerados: ter idade
igual ou superior a 18 anos e saber ler e escrever português. Dessa forma, obteve-se a partici-
pação de 1.895 respondentes, embora o valor final da amostra tenha contado apenas com 1.095
respondentes, uma vez que foram excluídos aqueles queo preenchiam os critérios expostos.
Os dados obtidos através do inquérito online foram introduzidos no programa Statistical
Package for the Social Sciences (IBM SPSS Statistics®, v. 24.0), para a elaboração da base de dados
a fim de desenvolver a análise estatística.
Inicialmente, foram realizadas análises estatísticas com o objetivo de explorar os dados demo-
gráficos para elaborar um perfil dos participantes. Para isso realizou-se uma análise descritiva
e
o cálculo das estatísticas descritivas de tendência central (média), de dispersão (desvio-padrão),
e
valores extremos (valores mínimo e máximo).
Considerando a dimensão do grupo de participantes (N = 1.095), foi invocado o Teorema
do Limite Central (TLC) para assumir a distribuição normal dos dados, e o uso de testes para-
métricos, uma vez que se entende que à medida que o N aumenta, aumenta a aproximação da
distribuão dos dados à curva normal, dispensando-se a verificação do tipo de distribuição
em amostra com um N igual ou maior do que 30 (Hall et al., 2011).
Posteriormente, verificou-se o indicador de consistência interna Alfa de Cronbach, com
o objetivo de analisar a confiabilidade dos constructos teóricos. Ainda, com a finalidade de
estabelecer a relação entre a sintomatologia depressiva e a ICP utilizou-se o Coeficiente de
Correlação de Pearson que indica a força de associação entre duas variáveis (Hair et al., 2005),
permitindo explorar a associação e o seu significado, direção (positiva ou negativa) e o grau de
intensidade (variações entre +1 e -1) das variáveis em questão (Martins, 2011).
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Relação entre iniciativa de crescimento pessoal e sintomatologia depressiva: um estudo exploratório
Por fim, recorreu-se à Regressão Linear Simples com o objetivo de observar o modelo pre-
ditivo entre o comportamento da ICP a partir dos valores de sintomatologia depressiva.
3. RESULTADOS
Análise da relação da Iniciativa de Crescimento Pessoal e sintomatologia depressiva
Os resultados apresentados para o score total da PGIS-II e a escala de sintomatologia depres-
siva, expostos na Tabela 2, mostram que o coeficiente de relação é estatisticamente significativo
(p < .001) e uma correlação negativa (r = -.272). Desse modo, o resultado indica que indivíduos
com maiores níveis de sintomatologia depressiva tendem a apresentar menores níveis de ICP.
Os resultados entre a sintomatologia depressiva e os quatro fatores da PGIS-II
, propostos
por Robistchek (2003a) Prontidão para mudança,
planeamento, utilização de recursos e com-
portamento intencional também foram similares ao score total da ICP, conforme exposto na
Tabela 2.
TABELA2
Análise da Relação entre Iniciativa de Crescimento Pessoal e Sintomatologia Depressiva
BSI
depressão
EICP
Prontidão
EICP
Planejamento
EICP
Recursos EICP
Comportamento
EICP Total
Score
BSI depressão 1
EICP Prontidão -.202** 1
EICP Planejamento -.279** .845** 1
EICP Recursos -.152** .581** .590** 1
EICP Comportamento -.264** .725** .739** .598** 1
EICP Total Score -.272** .896** .903** .808** .874** 1
**p <.01
Dessa forma, percebe-se que os resultados possuem uma relação estatisticamente significa
tiva,
uma vez que o valor da probabilidade é inferior a .01. Consequentemente, conclui-se que
associação entre os níveis de ICP e a sintomatologia depressiva, com uma correlação negativa
Baixa. Portanto, entende-se que conforme os níveis de sintomatologia depressiva se elevam
uma diminuição dos níveis de ICP, e vice-versa.
Com a finalidade de analisar de que forma as variáveis se relacionam num modelo predi-
tivo, foi realizada a regressão linear simples. Os resultados obtidos entre a associão entre a
sintomatologia depressiva e a ICP demonstraram um coeficiente de regressão com significân-
cia estatística (b = -. 261, p < .001), sugerindo uma relação negativa moderada. Am disso, o
coeficiente de determinação (R2) foi de .068, o que significa que a ICP tem um efeito preditor
em relação à sintomatologia depressiva.
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TABELA3
Análise da Regressão Linear Simples para as Variáveis Iniciativa de Crescimento Pessoal
eSintomatologiaDepressiva
Iniciativa de Crescimento
Pessoal
Resumo do modelo Coecientesa
R2R2 ajustado B
b
p
.068 .067 -.224 -.261 .000
a. Variável dependente: sintomatologia depressiva
4. DISCUSSÃO
O presente estudo teve como objetivo a análise da relação entre a ICP e a sintomatologia
depressiva, bem como verificar um possível efeito preditivo entre as duas variáveis.
Na literatura estudos que relacionam a ICP com o bem-estar e a saúde mental. No que diz
respeito à ICP, sabe-se que é relevante para todos os indivíduos, pois a capacidade de mudaa
e adaptação é uma forte
característica de uma personalidade com funcionamento saudável e uma
habilidade necessária
nas diversas esferas da vida (Robitschek et al., 2012).
A ICP compreende quatro fatores: prontidão para a mudaa, planeamento, utilizão de
recursos e comportamento intencional. Esses fatores, os quais detêm uma forte correlação
entre si, implicam a parte cognitiva e comportamental do sujeito, tornando-se estritamente
ativos no seu processo de mudança (Robitschek, 1999).
Adicionalmente, sabe-se que o processo de mudaa, o qual objetiva a ICP, também pode
estar relacionado aos níveis de bem-estar e desenvolvimento positivo do indivíduo (Robits-
chek,
1999). Os níveis mais elevados desse construto demonstram bons valores de bem-estar sub-
je
tivo e entende-se que o sujeito é capaz de delimitar e alcançar os seus objetivos (Robitschek
& Keyes, 2009).
Conforme os resultados encontrados no presente estudo, a ICP
apresenta uma correlão
negativa com a sintomatologia depressiva. Observa-se que quanto
mais elevado for um valor,
menor será o outro, e dessa forma, corrobora com o que também foi encontrado na literatura,
onde os níveis de depressão e sofrimento psíquico eram menores comparativamente aos altos
índices de ICP (Ayub & Iqbal, 2012; Sultan, 2011).
Os resultados deste estudo permitiram verificar que a ICP
possui um
efeito preditivo nega-
tivo da sintomatologia depressiva, explicando 6.7% da sua variância. Entende-se que o baixo
valor pode ser expresso devido ao fato da sintomatologia
depressiva ser uma perturbação com
várias manifestações e diferentes fatores biopsicossociais. Entretanto, a imporncia desse resul-
tado não deve ser ignorada, uma vez que investigações pré
vias indicam que os altos níveis de
ICP são associados a satisfação pessoal e felicidade e
menores níveis de depressão, sofrimento
psíquico e perceção de estigma. Supõe-se, ainda, que a
ICP seja capaz de reduzir o risco de sofri-
mento psicogico (Ayub & Iqbal, 2012; Negovan, 2010; Sultan, 2011).
Em 2017, o relatório Programa Nacional para a Saúde Mental 2017”, publi
cado pela DGS,
apontava que 17% da população portuguesa sofria de depressão (DGS, 2017a). Este
problema
afeta indivíduos das mais diversas idades. Estima-se que 10 a
20% dos adolescentes vivenciam
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Relação entre iniciativa de crescimento pessoal e sintomatologia depressiva: um estudo exploratório
problemas de saúde mental, essencialmente as perturbações
depressivas (WHO, 2018). A litera-
tura enfatiza que a depressão afeta de forma prejudicial a qualidade de vida dos sujeitos. Existe
uma relão inversa entre a qualidade de vida e a sintomatologia depressiva, fazendo com que
se verifique que um baixo nível de perceção de qualidade de vida seja expressa por altos níveis
da sintomatologia depressiva (Ay-Woan et al., 2006; Rubio, 2002).
A amostra do presente trabalho é normativa, o que pode ter levado a que os resultados das
correlações tenham sido expressos por valores baixos. Sugere-se assim que, a fim de uma melhor
caracterização da relação estudada, se possa efetuar uma réplica deste estudo com uma amostra
clínica, apontando, nesse caso, a possibilidade de correlações mais elevadas. Outro fator que
influenciou muito no decorrer da presente pesquisa foi a escassez de materiais referentes à ICP,
uma vez que o construto tem um caráter novo no campo das pesquisas em Psicologia.
No entanto, evidencia-se a imporncia de observar o impacto das duas variáveis e a rele-
vância desse tema para a Psicologia. Tal como já evidenciado, a depressão afeta diretamente o
funcionamento saudável dos indivíduos, o que acaba por interferir no seu processo de mudança
conforme os pressupostos da ICP e constitui um fator de risco para a saúde mental, remetendo
para a promoção da ICP como um recurso preventivo.
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indicators of plagiarism, and can comment on these indicators before the rejection of the manuscript.
2. Copyright of the publication is vested in Psique, while the copyright of texts rests with the individual
author(s); in case of later republication elsewhere, reference to the Psique publication should be indicated. The
journal does not carry out any embargo on the articles. The author(s) may disclose the article in auto archive
systems or in institutional repositories.
3. Submitted papers may be sent as an attached le to the Editorial Coordination of the journal Psique: João
Hipólito (jhipolito@autonoma.pt; psique@autonoma.pt).
4. The rst page of the paper must contain the author(s)’ identication, institution, city and country, as well as
a contact e-mail address of all the authors of the paper.
5. Texts may be presented in Portuguese, Castilian, French or English.
6. Proposed papers will be subjected to blind peer review carried out by at least two specialists (PhD in
Psychology) from the journal’s Editorial Council, the majority of whom are external referees to Universidade
Autónoma de Lisboa.
7. These are the steps involved in the process of manuscript submission and acceptance:
Manuscripts are received by the journal’s editor and sent to reviewers, specialists in Psychology. Our
is a double-blind peer-review system: both reviewers’ and author’s anonymity is preserved;
Reviewers will assess manuscripts and express their opinion on their quality and pertinence for
the journal’s aim and scope and may should suggest specic improvements. In case both reviewers
disagree on their assessment, the editor may assess the manuscript and decide about its publication
or request the opinion of a third reviewer;
Authors will be informed of the editorial decision, which may be:
a) Accepted (the manuscript is accepted for publication as it is);
b) Conditionally accepted (requires minor revisions), in this case the paper may be accepted by
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the editor once the author introduces minor revisions;
c) Invited to re-submit aer major revisions (the theme is of interest, yet the manuscript needs
major revisions). In this case, authors are advised to rewrite the manuscript in accordance to
reviewers’ suggestions and re-submit it. Re-submitted manuscripts are sent to reviewers for re-
assessment;
d) Rejected (when the manuscript does not meet the criteria for publication).
8. The common indicator for sending the original les is “.doc”.
9. There is a 30 pages limit to the size of papers, excluding the reference list, tables and illustrations.
10. The images, (diagrams, maps, tables and graphs) should be indicated and identied in accordance with the
last edition of the Publication Manual of America Psychological Association (APA).
11. The structure of the paper should follow the guidelines set forth in the last edition of the Publication
Manual of APA. The title, the summary, and the keywords, should be presented in the original language of the
paper and in English. The summary should not exceed 200 words and the keywords should not be more than
ve.
12. Text quotations and bibliography references shall be in accordance with the guidelines of the last edition
of the Publication Manual of APA, for example:
A. Scientic Journal Papers: Herbst-Damm, K. L., & Kulik, J. A. (2005). Volunteer support, marital
status, and the survival times of terminally ill patients. Health Psychology, 24, 225-229. https://doi.
org/10.1037/0278-6133.24.2.225
B. Books: Mitchell, T. R., & Larson, J. R., Jr. (1987). People in organizations: An introduction to
organizational behavior (3rd ed.). McGraw-Hill.
C. Book Chapters: Bjork, R. A. (1989). Retrieval inhibition as an adaptive mechanism in human
memory. In H. L. Roediger III & F. I. M. Craik (Eds.), Varieties of memory & consciousness (pp. 309–
330). Erlbaum.
13. Whenever necessary, and without any interference to its inclusion in the“.doc” document, the original les
of tables and gures may be sent separately, in JPEG, TIFF or XLS format.
14. Footnotes should be in accordance with the guidelines of the last edition of the Publication Manual of APA.
15. Psique publishes ve types of papers:
A) Empirical papers that present reports of original research.
B) Literature reviews papers that develop research synthesis, meta-analyses, and critical evaluations
of material that has already been published.
C) Theoretical papers in which the author develops advances in theory based on previous published
literature.
D) Methodological papers that present new methodological approaches, modications of existing
methods or discussions of quantitative and qualitative data analytic approaches to scientic research.
E) Case studies, reports of case material obtained while working with an individual, a group, a
community or an organization.
16. The journal Psique has a limit of one paper by the same author in each issue.
17. The editorial board of Psique, responsible for the evaluation of the manuscripts to be published, is
constituted by, at least, 75% members from academic institutions outside the hosting institution of Psique.
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18. The publication of Psique is semi-annual, from the year of 2018, with publication date from January 1st to
June 30th and from July 1st to December 31st.
19. Psyche subscribes to the codes of ethics and good editorial practices, namely:
The Code of Conduct and Best-Practice Guidelines for Journal Editors, from the Committee on
Publication Ethics: Committee on Publication Ethics (2011). Code of Conduct and Best-Practice
Guidelines for Journal Editors. Retrieved from http://publicationethics.org/les/Code_of_conduct_
for_journal_editors_Mar11.pdf
The White Paper on Promoting Integrity in Scientic Journal Publications, Council of Science
Editors Scott-Lichter, D. & Editorial Policy Committee, Council of Science Editors (2012). CSE’s
White Paper on Promoting Integrity in Scientic Journal Publications. Retrieved from https://www.
councilscienceeditors.org/wp-content/uploads/entire_whitepaper.pdf
In case of publication they permit the use of their work under a CC-BY license [http://creativecommons.org/
licenses/by/3.0/], which allows others to copy, distribute and transmit the work as well as to adapt the work
and to make commercial use of it.
For more details on the ethical obligations of authors, reviewers and editorial coordination, consult the
Publication Ethics and Best- Practice Guidelines tab.
21. The editorial process is totally free of costs for the authors. Psyche is a non-prot scientic publication.
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APPENDIX 1
Lisbon, xx xx 20xx
Dear authors
The editorial coordination of Psique asks the authors of the manuscript titled “xxx”, to be published in
volume xxx, to sign below in agreement to granting Psique the Copyright for the publication of the paper
in printed and online forms. The granting of the copyright to Psique is only legitimate if all authors sign
this
agreement.
By signing this document, the authors guarantee that the article submitted for publication is original,
exclusively of their authorship and that it respected the international ethical and methodological
standards in the scientic eld of Psychology, namely the ones proposed by the American Psychological
Association (APA) and the European Science Foundation (European Code of Conduct for Integrity of
Research). Authors are fully responsible for what is written in the articles and ensure that they do not
submit the work simultaneously to another journal for publication.
Psyche holds the copyright of the entire publication. However, each author has the copyright of his
own text. If authors decide to later republish it elsewhere, they are asked to refer to the publication in
Psique. The journal publishes in open access, does not carry out any embargo on the articles and authors
can share the article in auto le systems or in institutional repositories.
Below are the full names of the authors for signature:
Xxxxxxxxxxxxxxxxxx
_______________________________________________________________
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
_______________________________________________________________
João Hipólito
Editor in Chief of Psique
80
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INSTRUÇÕES AOS AUTORES
Elaboração e submissão de artigos
A elaboração e submissão de artigos para a revista Psique subordina-se aos padrões cientícos internacionais,
de acordo com as seguintes condições:
1. Os artigos submetidos para publicação têm de ser originais e inéditos. Os autores assinam uma declaração
(Anexo 1) onde garantem:
A) Que realizaram o trabalho que apresentam e que são integralmente responsáveis pelo que está
escrito nos artigos;
B) Que respeitaram os padrões éticos e metodológicos internacionais vigentes na área cientíca
da Psicologia, propostos pela American Psychological Association (APA) e pela European Science
Foundation (European Code of Conduct for Integrity of Research);
C) E que não submeteram o trabalho simultaneamente a outra revista para publicação;
D) A revista usará de todos os meios para garantir os anteriores critérios, designadamente, podendo
pedir prova de documentos e através do uso de um soware de plágio (Urkund). Os autores
serão informados no caso de existirem indicadores de plágio, podendo pronunciar-se sobre esses
indicadores antes da rejeição do artigo.
2. A Psique detém os direitos de autor sobre a publicação, no entanto, cada autor tem o copyright do seu
próprio texto; no caso de o republicar mais tarde noutro local, pede-se a referência à publicação na Psique. A
revista não procede a qualquer embargo dos artigos. O(s) autor(s) pode divulgar o artigo em sistemas de auto
arquivo ou em repositórios institucionais.
3. Os artigos enviados para submissão devem ser remetidos em suporte eletrónico à Coordenação Editorial:
João Hipólito (jhipolito@autonoma.pt;psique@autonoma.pt).
4. Na primeira página do artigo deve constar a nome completo do(s) autor(es), sem siglas, a respetiva liação,
local e país, bem como o(s) e-mail(s) de contacto de todos os autores do artigo.
5. Os textos podem ser apresentados em português, castelhano, francês e inglês.
6. Os artigos propostos são submetidos a um processo de arbitragem cientíca, de revisão cega por pares (blind
peer review) feita por, pelo menos, dois especialistas (Doutorados em Psicologia) que fazem parte do Conselho
Editorial da revista, e cuja maioria é externa à Universidade Autónoma de Lisboa.
7. O processo de submissão e avaliação dos manuscritos submetidos seguirá os seguintes passos:
Os artigos são recebidos pelo Editor da revista e enviados para dois revisores. Os artigos serão
enviados sem o nome dos autores para os revisores. Todo o processo de avaliação dos artigos é feito
sob o anonimato dos autores para garantir uma “revisão cega por pares”. No processo de avaliação,
os revisores também serão mantidos anónimos para os autores;
Os revisores avaliarão os artigos e expressarão a sua opinião sobre a qualidade do artigo, sobre a
pertinência da sua publicação na revista e poderão indicar sugestões de melhoria tão especícas
quanto possível para a reformulação do artigo. No caso das opiniões dos revisores serem discordantes,
o Editor poderá decidir sobre a publicação, após a sua própria análise ao artigo, ou pode pedir um
outro parecer a um terceiro revisor;
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Os autores serão informados da decisão editorial, num período médio de três meses, que pode
consistir em:
A) Aceite (o manuscrito foi aceite para publicação na sua forma atual);
B) Aceite condicionalmente, mediante pequenas reformulações, neste caso, após as alterações
introduzidas, o artigo reformulado pode ser aceite pelo editor;
C) Convidado a re-submeter após reformulações substanciais (o tema interessa à revista, porém,
o artigo necessita de uma reformulação profunda). Nestes casos, os autores são convidados a
reformular o artigo de acordo com as sugestões dos revisores e a re-submeter à revista. Após
a reformulação dos artigos, estes serão enviados novamente aos revisores para uma segunda
avaliação;
D) Rejeitado (quando foi considerado que o manuscrito não cumpriu os critérios para
publicação na revista).
8. A linguagem de base para o envio dos cheiros originais é “.doc”.
9. A dimensão dos artigos tem um limite de 30 páginas, excluindo a lista de referências bibliográcas, tabelas
e guras.
10. As imagens (esquemas, mapas, tabelas e grácos) deverão ser referidos e identicados em obediência à
última edição do Publication Manual of the American Psychological Association (APA).
11. A estrutura dos artigos deve obedecer às regras da última edição do Manual de Publicações da APA. O
título e o resumo devem ser escritos na língua original do artigo e em inglês, bem como as palavras-chave do
artigo. O resumo tem uma dimensão limite até 200 palavras e seguem-se-lhe as palavras-chave, no máximo
de cinco.
12. As citações e referências bibliográcas são feitas de acordo com as normas da última edição do Manual de
Publicações da APA, por exemplo:
A) Artigos de Revista Cientíca: Herbst-Damm, K. L., & Kulik, J. A. (2005). Volunteer support,
marital status, and the survival times of terminally ill patients. Health Psychology, 24, 225-229.
https://doi.org/10.1037/0278-6133.24.2.225
B) Livros de Autor: Mitchell, T. R., & Larson, J. R., Jr. (1987). People in organizations: An introduction to
organizational behavior (3rd ed.). McGraw-Hill;
C) Capítulos de Livros: Bjork, R. A. (1989). Retrieval inhibition as an adaptive mechanism in
humanmemory. In H. L. Roediger III & F. I. M. Craik (Eds.), Varieties of memory & consciousness
(pp.309 -330). Erlbaum.
13. Sempre que se justique, sem prejuízo da sua inclusão no documento em “.doc”, os cheiros originais dos
quadros e guras podem ser enviados em separado, em formato JPEG, TIFF ou XLS.
14. As notas de rodapé são feitas de acordo com as normas da última edição do Manual de Publicações da APA.
15. A Psique publica cinco tipos de artigos:
A) Artigos empíricos que apresentam relatórios de investigações cientícas originais.
B) Artigos de revisão de literatura que desenvolvem análises críticas de material anteriormente
publicado.
C) Artigos teóricos em que o autor desenvolve avanços sobre teorias inovadoras ou anteriormente
publicadas.
D) Artigos metodológicos que apresentam novas abordagens metodológicas, modicação de
métodos existentes ou discussões sobre as abordagens quantitativas ou qualitativas na investigação
cientíca.
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E) Estudos de caso que reportam material de casos obtidos ao longo do trabalho com indivíduos,
grupos, uma comunidade ou uma organização.
16. A revista Psique tem um limite máximo de publicação de um artigo de um mesmo autor em cada volume.
17. O conselho editorial da Psique, responsável pela avaliação dos artigos publicados, é constituído em, pelo
menos, 75% por membros de instituições académicas externas à instituição de acolhimento da Psique.
18. A publicação é semestral, com data de publicação de 1 de janeiro a 31 de junho e de 1 de julho a 31 de
dezembro.
19. A Psique subescreve os códigos de ética e boas práticas editoriais, designadamente:
O Code of Conduct and Best-Practice Guidelines for Journal Editors, do Committee on Publication
Ethics Committee on Publication Ethics (2011). Code of Conduct and Best-Practice Guidelines for
Journal Editors. Retrieved from http://publicationethics.org/les/Code_of_conduct_for_journal_
editors_Mar11.pdf
O White Paper on Promoting Integrity in Scientic Journal Publications, da Council of Science
Editors Scott-Lichter, D. & Editorial Policy Committee, Council of Science Editors (2012). CSE’s
White Paper on Promoting Integrity in Scientic Journal Publications. Retrieved from https://www.
councilscienceeditors.org/wp-content/uploads/entire_whitepaper.pdf
Para mais detalhes sobre obrigações éticas dos autores, revisores e coordenação editorial, consultar
o separador Ética Editorial e Boas Práticas.
20. Em nenhuma etapa do processo editorial se estabelecem custos para os autores. A Psique é uma publicação
cientíca sem ns lucrativos.
21. Em caso de publicação, os autores permitem o uso do seu trabalho através da utilização da licença
creative commons, CC-BY [https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/], que permite a cópia, distribuição
e transmissão do conteúdo, assim como a sua adaptação para uso comercial.
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APÊNDICE 1
Lisboa, x de x de 20xx
A Revista Psique solicita que os autores do manuscrito intitulado “xxx”, a ser publicado no volume xxx,
concedam os direitos autorais do manuscrito para publicação na forma impressa e eletrónica. Informa-
mos que a concessão dos direitos autorais só será legítima, se todos os autores assinarem a presente carta.
Ao assinar o presente documento os autores garantem que o artigo submetido para publicação é ori-
ginal, é exclusivamente da sua autoria e que respeitou os padrões éticos e metodológicos internacionais
vigentes na área cientíca da Psicologia, propostos pela American Psychological Association (APA) e pela
European Science Foundation (European Code of Conduct for Integrity of Research). Os autores são in-
tegralmente responsáveis pelo que está escrito nos artigos e garantem que não submeteram o trabalho
simultaneamente a outra revista para publicação.
A Psique detém os direitos de autor sobre o conjunto da publicação, no entanto, cada autor tem os direi-
tos de autor do copyright do seu próprio texto. No caso de o republicar mais tarde, noutro local, pede-se
a referência à publicação na Psique. A revista publica em acesso aberto, não procede a qualquer embargo
dos artigos e os autores podem divulgar o artigo em sistemas de auto arquivo ou em repositórios institu-
cionais.
Seguem abaixo os nomes completos dos autores por extenso para assinatura:
Xxxxxxxxxxxxxxxxxx
_______________________________________________________________
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
_______________________________________________________________
João Hipólito
Editor Diretor Psique
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REVIEWERS INSTRUCTIONS
Article Review
The articles submitted to be published in Psique will be evaluated by two experts in the scientic domain of
the paper, Ph.D in Psychology.
These are the steps involved in the process of manuscript submission and acceptance/rejection:
1. Manuscripts are received by the journal’s editor in chief and aer a preliminary analysis will be
sent to two reviewers, in a double-blind peer-review system. Both reviewers’ and author’s anonymity
is preserved;
2. Reviewers will assess the manuscripts and express their opinion on the quality and pertinence for
the journal’s aims and scope and should suggest specic reformulations to improve the quality of the
manuscript.
3. In case both reviewers disagree on their assessment, the editor in chief may assess the manuscript
and decide about its publication or request the opinion of a third reviewer.
Each reviewer should carefully read the manuscript and issue a justied and reasoned report on the
appropriateness of manuscript for publication in Psique. The dimensions to consider in the evaluation process
are the following:
1. Relevance and up to date of the theme of the manuscript for the scientic eld of Psychology;
2. Coverage, adequacy and up to date of the analyzed scientic literature;
3. Appropriateness of the methodological procedures in relation to the objectives of the study;
4. Clarity of writing and correction of the article structure, according to the APA structure criteria;
5. Validity of the results obtained in relation to the objectives and the methodological procedures
developed;
6. Scope, articulation and in depth of the discussion of the results obtained;
7. Formal correction of bibliographical references, formulas and tables; according to the APA formal
criteria.
For guidelines on the ethical criteria in the editorial process please read the Publication Ethics and Best-
Practice Guidelines.
Authors will be informed of the editorial decision, usually during the period of three months, which may be:
a) Accepted (the manuscript is accepted for publication as it is);
b) Conditionally accepted (requires minor reformulations), in this case the paper may be accepted by
the editor once the author introduces the minor reformulations;
c) Invited to re-submit aer major revisions (the theme is of interest, yet the manuscript needs major
revisions). In this case, authors are advised to rewrite the manuscript in accordance to reviewers’
suggestions and re-submit it. Re-submitted manuscripts are sent to reviewers for re-assessment;
d) Rejected (when the manuscript does not meet the criteria for publication).
On the link below you will nd the evaluation format for the evaluation of manuscripts submitted to Psique
Manuscript Evaluation Sheet.
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INSTRUÇÕES AOS REVISORES
Revisão de artigos
Os artigos submetidos para serem publicados em Psique serão avaliados por dois especialistas no domínio
cientíco do estudo, doutorados em Psicologia.
As etapas envolvidas no processo de submissão e aceitação / rejeição dos manuscritos são as seguintes:
1. Os manuscritos são recebidos pelo editor da revista e, após uma análise preliminar, serão enviados
para o parecer de dois revisores, sob um sistema de revisão de pares anónimo duplo. É preservado o
anonimato tanto dos autores, como dos revisores.
2. Os revisores avaliarão os manuscritos e emitirão o seu parecer sobre a qualidade e pertinência dos
manuscritos, face aos objetivos e âmbito da revista e devem sugerir reformulações especícas para
melhorar a qualidade dos manuscritos.
3. Caso os dois revisores não estejam de acordo sobre a avaliação de um manuscrito, o editor pode
avaliar o manuscrito e decidir sobre sua publicação ou solicitar a opinião de um terceiro revisor.
Cada revisor deve ler cuidadosamente o manuscrito e emitir um relatório justicado e fundamentado sobre
a adequação do manuscrito para publicação na Psique. As dimensões a considerar no processo de avaliação
são as seguintes:
1. Pertinência e atualidade do tema para o campo cientíco da Psicologia;
2. Cobertura, adequação e atualidade da literatura cientíca analisada;
3. Adequação dos procedimentos metodológicos face aos objetivos do estudo;
4. Clareza da escrita e correção da estrutura do artigo, de acordo com os critérios APA;
5. Validade dos resultados obtidos face aos objetivos e aos procedimentos metodológicos
desenvolvidos;
6. Abrangência, articulação e profundidade na discussão dos resultados obtidos;
7. Correção formal das referências bibliográcas, fórmulas e tabelas, de acordo com os critérios
formais APA.
Para instruções sobre os critérios éticos no processo editorial, por favor, leia o separador Ética Editorial e Boas
Práticas de Publicação.
Os autores serão informados da decisão editorial, geralmente durante o período de três meses, que pode ser:
a) Aceite (o manuscrito foi aceite para publicação na sua forma atual);
b) Aceite condicionalmente, mediante pequenas reformulações. Neste caso, após as alterações
introduzidas, o artigo reformulado pode ser aceite pelo editor;
c) Convidado a re-submeter após reformulações substanciais (o tema interessa à revista, porém, o
artigo necessita de uma reformulação profunda). Nestes casos, os autores são convidados a reformular
o artigo de acordo com as sugestões dos revisores e a re-submeter à revista. Após a reformulação dos
artigos, estes serão enviados novamente aos revisores para uma segunda avaliação;
d) Rejeitado (quando foi considerado que o manuscrito não cumpriu os critérios para publicação na
revista).
Em seguida para download, encontra a cha de avaliação de manuscritos para publicação na Psique
Ficha de Avaliação de Manuscritos